Com a saúde não se brinca e é bem verdade que o tabaco tem efeitos negativos em diferentes sistemas do corpo. Além de contribuir para problemas respiratórios, como o agravamento de crises de asma e doença pulmonar obstrutiva crónica, além de estar associado à aterosclerose, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares (como doença coronária, acidente vascular cerebral, doença arterial periférica) e diversas condições oncológicas, incluindo cancro do pulmão, laringe, boca, esófago e bexiga.
O Dr. Daniel Bertoluci Brito, especialista em Medicina Geral e Familiar da Clínica Espregueira recorda-nos os benefícios de deixar de fumar e fala-nos da cessação tabágica.
“Em 2020, cerca de 22% da população mundial consumia tabaco. No entanto, as repercussões do tabaco são sentidas pelos fumadores ativos e passivos, sendo responsável pela morte de mais de 8 milhões de pessoas cada ano, incluindo cerca de 1,3 milhões de não fumadores que estão expostos a tabagismo passivo. Nesse sentido, o tabagismo é reconhecido como uma das maiores ameaças à saúde pública, sendo considerado pela Organização Mundial de Saúde como a principal causa de morte evitável do mundo. Algumas das repercussões do tabaco na saúde não são imediatas, existindo um intervalo de tempo longo, cerca de 20 a 40 anos, entre o início do consumo de tabaco e o aparecimento de efeitos negativos a nível da saúde, verificando-se um aumento de mortalidade nas 3 a 4 décadas posteriores.
Devido a este longo tempo de latência, a maioria das doenças relacionadas com o tabaco só são diagnosticadas em fases já avançadas. Deixar de fumar é a melhor decisão que uma pessoa fumadora pode tomar para melhorar a sua saúde e a saúde dos que o rodeiam. Os benefícios da cessação tabágica começam a ser sentidos logo 20 minutos após o último cigarro (com a descida da frequência cardíaca e pressão arterial) e cerca de dez anos depois, o risco de cancro do pulmão é aproximadamente metade daquele que um fumador apresenta. Quanto mais cedo for feita a cessação tabágica, maior será o impacto da cessação tabágica a longo prazo, aumentando a esperança de vida quanto mais cedo iniciar. O tabagismo é uma adição complexa que pode ser muito difícil de abandonar.”
Quero deixar de fumar. E agora?
“Por isso, para iniciar a cessação tabágica, deve consultar o médico, para ajudar neste processo e ponderar a terapêutica (não farmacológica e/ou farmacológica) mais indicados para cada pessoa. Contudo, o fator mais importante nesta decisão parte do próprio doente, sendo fulcral que esteja verdadeiramente motivado para deixar de fumar. Não se deve também desprezar a importância do apoio dos familiares e pessoas próximas e até podem ser incentivados a realizar a cessação tabágica em conjunto.”
Fotos: D.R.
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