Ruy De Carvalho
«A minha mãe queria suicidar-se, o meu pai deu-lhe um murro»

Nacional

Ruy de Carvalho abre o coração a Fátima Lopes para falar sobre a infância, sobre a morte do irmão e sobre a história de amor com a mulher.

Sáb, 08/02/2020 - 14:25

Ruy de Carvalho tem 92 anos, mas a idade não o faz abrandar o ritmo de trabalho. «Nós devemos ter toda a vida um jovem dentro de nós», confessa. O ator esteve à conversa com Fátima Lopes em Conta-me Como És e recordou os seus 77 anos de carreira, de como recebeu a notícia por telegrama que o irmão tinha morrido, do que sentiu quando viu o pai dar um murro à mãe.

Ruy de Carvalho tinha quatro anos quando o irmão morreu e vivia em África com os pais. «Morreu com uma apendicite aguda. Ele estava em palco quando ela rebentou. Morreu 15 dias depois. A minha mãe morreu com ele. Ela quis-se suicidar quando recebeu o telegrama com a morte do meu irmão e o meu pai deu-lhe um murro. Foi a primeira vez que concordei com a violência doméstica. Ela queria suicidar-se. Foi a primeira e única vez», recorda, explicando que veio de seguida para Portugal onde ficou até hoje.

O ator começou ainda adolescente a fazer o que mais gosta, representar, e até hoje não parou. «A minha qualidade de cidadão obriga-me a isso. Fui presidente do Conselho Nacional para a Política da Terceira Idade (CNAPTI), em 2007. Vi coisas horríveis, mas também vi coisas boas. Eu era já o mais velho quando ia a um hospital ou uma misericórdia ou a lares. Nunca lhes tirei a juventude. Cheguei à conclusão que o espírito não tem rugas. Se não pensarmos nos anos que passaram na nossa vida somos sempre jovens. Enquanto estivermos quentes vale a pena viver», afirma o ator.

«A minha mulher deu-me liberdade e por isso prendeu-me»

Ruy de Carvalho perdeu a mulher, Ruth, há 12 anos, por quem era profundamente apaixonado. O ator revela agora qual foi o segredo para este amor. «A minha mulher deu-me liberdade e por isso prendeu-me. Nunca me foi à carteira, nem nunca me cheirou… nada», afirma.

O ator conta ainda que o amor é o mais importante numa relação. «O interesse sexual, físico pode acabar… mas pode continuar o amor para o filhos não sofrerem. Preocupo-me muito com a violência doméstica que se pratica hoje em dia», diz.

Ruy de Carvalho vive sozinho e garante que não se sente como tal. Cozinha e faz a sua lida da casa, mas uma coisa que não gosta de fazer: a cama.

Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: Redes Sociais

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