Custódia Gallego fala sobre a morte do filho
«Agora sei o que é que é saudade»

Nacional

Custódia Gallego perdeu o filho há cinco meses… Num turbilhão de emoções, é a primeira vez que a atriz fala sobre a tragédia. Baltazar tinha apenas 32 anos.

Seg, 07/01/2019 - 14:32

Ainda está a superar. O discurso é corrente, mas as fragilidades estão lá… Afinal, passaram apenas cinco meses desde que se viu obrigada a enfrentar a maior das dores: a perda de um filho.

Custódia Gallego é umas das primeiras convidadas d’ O Programa da Cristina, que estreou nesta segunda-feira, dia 7 de janeiro. Para o arranque, Cristina Ferreira seleccionou trunfos poderosos e um deles foi presença da atriz que, há pouco tempo, se deparou com a morte do filho. Na estreia, o que se pretendia era histórias poderosas, pessoas marcantes, discursos emotivos… Custódia, nesta fase, reúne todas estas condições, infelizmente, pelo pior dos motivos.

 

«Ele gostava de viver…»

25 de Agosto de 2018 é uma data a reter… Baltazar, o filho de Custódia Gallego, aos 32 anos, partia, vítima de cancro. Mas só agora a atriz se sente preparada para falar sobre o momento mais difícil da sua vida. «Eu acho que, qualquer ser humano que tem um objetivo na vida para além de viver, ou seja, de viver a tua vida da melhor maneira possível… Isso já é a força diária. Com as dificuldades todas que farão parte da experiência da tua vida, é como se tivesse um tsunami na tua vida que não sabes bem o que é. É como se fosses envolvida por terra e para encontrares outra vez a tua vida tens de fazer algum esforço», começa por tentar explicar, Custódia Gallego, com um discurso que se vai atropelando…

De recordar que a atriz estudou Medicina. Contudo, a ciência parece não ser suficiente para a ajudar a ultrapassar a perda de Baltazar. «Isto não tem nada a ver com a ciência. O que custa é o que não é científico. Não é pela perda, é pela frustração de não poder viver mais. Ele gostava de viver, ele era um ser humano positivo e com muita coisa para fazer», lamenta, certa de que o filho partiu cedo demais.

A atriz prossegue e, através das palavras, tenta dar forma à dor. É neste instante que Cristina dispara a pergunta pertinente: «O tempo cura?» Custódia não se identifica com o termo. «O ‘cura’ não gosto. Vai amenizando as coisas. Eventualmente, a incapacidade de não sentires que a realidade é esta. Se calhar, todos os dias é mais um dia sem ele. Todos os dias tenho cada vez mais razões para ter saudades…», esclarece, procurando a aprovação da apresentadora.

«Eu constatei que finalmente sei o que é que é ‘saudade’. Eu sempre gozei um bocadinho com o fado, porque temos aquelas coisas desgraçadas. Agora sei o que é que é saudade», sublinha, pouco depois.

 

«A ficção é muito mais leve do que a minha realidade»

Mas a vida continua… e a atriz não voltou costas à ficção, que funcionou, como menciona, como uma escapatória à tragédia. «O trabalho foi muito bom. Foi bom ter começado a trabalhar logo a seguir. A ficção é muito mais leve do que a minha realidade. Eu estava a fazer o contrário da técnica, eu concentrava-me na ficção daquela ação daquela personagem e não na minha realidade.»

De referir que esta foi a primeira vez que Custódia Gallego abriu este capítulo da sua vida ao grande público e em direto. Escolheu, obviamente, a antena da SIC para o fazer e, na primeira pessoa, falou de uma dor que sabe não ser só sua. «Tive medo de não respeitar, como até agora respeito, a identidade dos meus mais próximos», confidenciou, justificando por que demorou tanto tempo a pronunciar-se sobre o assunto.

Texto: Tânia Cabral; Arquivo Impala, DR e Instagram

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