Sabe a diferença entre fantasias e fetiches sexuais? Quer saber mais sobre a vida sexual? O psicólogo clínico e sexólogo Fernando Mesquita dá-nos explicação para este tema e deixa algumas dicas de como abordar este assunto com o parceiro.
“Revelar os desejos sexuais mais íntimos é um território sensível para muitos casais, mas desempenha um papel crucial no fortalecimento da confiança e intimidade. Ao partilharem os desejos mais profundos, os parceiros têm a oportunidade de aprofundar as suas preferências sexuais e enriquecer a vida íntima.
Quando essa comunicação é recebida com compreensão e aceitação, o vínculo entre parceiros é reforçado, criando um ambiente seguro para explorar fantasias e fetiches sem receio de serem julgados. Para que isso suceda, a confiança mútua e o respeito pela individualidade são essenciais.
Acontece que essa partilha muitas vezes gera alguma confusão, pois ainda prevalece um certo desconhecimento quanto às nuances entre fantasias sexuais e fetiches. Por isso, é importante compreender conceitos para evitar mal-entendidos.”
O que são fantasias sexuais?
“As fantasias sexuais são construções mentais, desejos e sonhos de viver situações especiais, independentemente de se tornarem realidade ou não, sem causar desconforto significativo caso não se concretizem. São como combustível para o desejo que permite uma fuga para cenários emocionantes. Não é por acaso que as pessoas com Desejo Sexual Hipoativo (ou baixa líbido) geralmente têm poucas ou nenhumas fantasias sexuais, sendo que a terapia sexual para estes casos muitas vezes passa por enriquecer o seu imaginário erótico.
Exemplos de fantasias sexuais? Desejar uma noite romântica à luz das velas; ter encontros sexuais com desconhecidos ou fantasiar sobre relações sexuais em locais públicos ou proibidos.
Embora as fantasias sexuais sejam bastante comuns nem todas as pessoas as concretizam. Umas por falta de oportunidade, outras por sentirem vergonha ou acharem que vão contra os seus princípios. Há ainda quem pense que as fantasias devem permanecer no mundo da imaginação, perdendo o seu encantamento se se tornarem realidade.”
O que são fetiches sexuais?
“O termo “fetiche” (em francês) ou “fetish” (em inglês) tem origem na palavra portuguesa “feitiço”, associado à adoração ou a atribuição de um poder mágico a algo. Assim, os fetiches transcendem as mera fantasias sexuais. São aquela “peça” essencial e exclusiva que intensifica o prazer.
Embora ter um fetiche não signifique necessariamente ter uma Perturbação Mental, no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-5), da American Psychiatric Association, os Fetiches pertencem ao grupo das Perturbações Parafílicas. Neste grupo, incluem-se também o Voyeurismo (em geral, a obtenção de excitação sexual de forma recorrente e intensa pela observação, isuspeitadamente, de uma pessoa nua, que se está a despir ou envolvida em atividade sexual), o Exibicionismo (em geral, a obtenção de excitação sexual recorrente e intensa pela exibição dos próprios genitais a um estranho de forma inesperada), o Frotteurismo (em geral, a obtenção de excitação sexual recorrente e intensa por tocar ou roçar numa pessoa que não o permite), o Masochismo Sexual (em geral, a obtenção de excitação sexual recorrente e intensa pelo ato de ser submetido a humilhação, agredido, amarrado ou submetido a qualquer outro sofrimento) e o Sadismo Sexual (em geral, a obtenção de excitação sexual recorrente e intensa a partir do sofrimento físico ou psicológico de outras pessoas).
No caso da Perturbação Parafílica fetichista, a excitação sexual depende exclusivamente de um estímulo específico, por um período mínimo de seis meses, causando mal-estar clinicamente significativo em várias áreas da vida do individuo.
Apesar disso, muitas pessoas podem ter fetiches sem que se enquadrem na Perturbação Parafílica fetichista, pois aceitam esses fetiches como parte saudável da sua sexualidade, sem problemas ou desconforto significativo.
Exemplos de fetiches? Quando a excitação sexual depende do uso de objetos inanimados (como meias, sapatos, roupa de cabedal ou latex), de dinâmicas sexuais (como jogos de dominação ou submissão), ou de uma fixação altamente específica em parte(s) do corpo que não os genitais (como pés, cabelos).
Assim, é comum as pessoas referirem que têm um fetiche quando, na verdade, têm apenas uma fantasia sexual ou preferência, sem que isso constitua necessariamente um fetiche e muito menos uma Perturbação Parafílica Fetichista.”
Como falar dos fetiches/fantasias ao seu parceiro?
“Apesar dos potenciais benefícios, o estigma social em torno de certos fetiches pode gerar vergonha ou desconforto, dificultando uma discussão aberta sobre estes temas.
Quando explorados com respeito, comunicação sincera e consentimento mútuo, os fetiches sexuais podem enriquecer a vida sexual conjugal. São uma oportunidade para o casal aprofundar a intimidade e descoberta mútua. Porém, é importante lembrar que a aceitação e a compreensão devem ser prioridades, e a decisão de explorar fetiches deve ser consensual e respeitar os limites de ambos os parceiros.
Se reconhecerem ter algum fetiche e desejarem partilhá-lo com a vossa “cara metade”, aqui estão algumas indicações que poderão facilitar esse processo.
1) Criem um ambiente de confiança: comecem a conversa num momento íntimo, garantindo que ambos se sentem seguros para falar sobre o tema.
2) Iniciem a conversa de forma gradual: abordem primeiro termas mais gerais, como fantasias sexuais, antes de detalharem os vossos fetiches.
3) Sejam honestos e recetivos: incentivem a honestidade mútua e demonstrem abertura aos fetiches de cada um, mesmo que sejam diferentes dos vossos.
4) Estabeleçam e respeitem limites: nem todos os fetiches serão partilhados por ambos os parceiros. Respeitem os limites e entendam que a aceitação é fundamental, mesmo que havendo participação ativa.
5) Experimentem gradualmente: se ambos estiverem confortáveis, experimentem gradualmente os fetiches partilhados, mas sempre com consentimento mútuo.
6) Se necessário, procurem ajuda profissional: se a discussão sobre fetiches gerar desconforto ou conflito, considerem falar com um terapeuta sexual.
Por fim, tenham em mente que embora esta partilha possa ser bastante valiosa, é crucial considerar que nem todos as pessoas se sentem confortáveis em participar nos fetiches dos parceiros. Respeitar os limites individuais é fundamental para a harmonia na relação amorosa. Resumindo, partilhar fetiches pode ajudar a criar um espaço seguro para uma expressão sexual autêntica, contribuindo para uma relação mais íntima e satisfatória.”
Fotos: Freepik
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