Ana Guiomar
“Às vezes gostava de passar despercebida”

Famosos

A atriz, a Sónia de Dancin’ Days, admite que de vez em quando preferia não ser famosa

Qui, 28/03/2013 - 0:00

Está em cena até ao fim do mês com a peça Há Muitas Razões para Uma Pessoa Querer Ser Bonita, no Teatro Aberto, e está a adorar a experiência. No entanto, Ana Guiomar, de 24 anos, também pode ser vista na novela Dancin’ Days, da SIC, onde interpreta Sónia, uma personagem que não tem nada a ver com ela e que, por isso mesmo, foi um grande desafio na sua carreira.
A atriz vai parar uns meses para descansar e viajar com o namorado, o ator Diogo Valsassina. A VIP esteve à conversa com ela no espaço Massage, onde a jovem trata de si.

VIP – Sentiu necessidade de fazer massagens por causa do stress da profissão?
Ana Guiomar – Sim, sobretudo agora. Faz mesmo diferença na minha vida. Com o teatro e com os nervos fico muito mais tensa. Por isso, essencialmente, faço massagens de relaxamento.

O teatro deixa-a mais nervosa do que a TV?
Sem dúvida. Nesta peça – que está em cena até 31 de março no Teatro Aberto –, eu faço a primeira cena. Os nervos e as minhas tensões vão todas para as costas e chego a ficar cheia de dores.

Conciliou esta peça com as gravações da novela Dancin’ Days, da Sic. Foi fácil?
Foi mais cansativo nos ensaios, porque nós ensaiávamos de sábado a domingo, das 15h à 01h da manhã. A semana toda a trabalhar e depois ir ensaiar… custa e é cansativo, mas dá-me um gozo enorme chegar a casa com a missão cumprida.

Agora já consegue dizer de que género gosta mais: televisão ou teatro?
São géneros completamente diferentes, não dá para fazer comparações. Ainda por cima, eu fiz o caminho inverso: comecei em televisão e nunca tive aquele espírito do teatro, mas gosto das duas, porque são áreas de representação completamente diferentes.

Suponho que o teatro, por causa da reação imediata do público, seja mais emocionante?
Sim, apesar de o público ao fim de algum tempo nos habituar às mesmas reações. Para mim, permite conhecer-me melhor, porque há alturas em que as coisas falham e temos de as contornar.

Já lhe aconteceu alguma situação mais constrangedora em palco? Esquecer a fala, cair…?
Neste espetáculo aconteceu esquecer o texto. E fiquei muito tempo parada, mas entretanto o Jorge [Corrula] apercebeu-se que eu não estava a chegar lá e ajudou-me. Nesta peça acontece uma coisa curiosa, que é as pessoas falarem muito connosco, quererem participar. Depois, confundem a personagem da peça com a personagem da novela. Talvez por a Sónia ser uma personagem cómica, entro em palco e as pessoas já estão a rir.

Acontece-lhe isso também na rua?
Rirem-se quando se cruzam comigo? Sim. É frequente dizerem-me: “Você vem aí e eu já me estou a rir.” É bom, porque acho que esta personagem é engraçada, não por ser cómica, mas porque não tem cabeça, não tem noções. Ela de cómica não tem nada. Acredito que ninguém quer uma pessoa daquelas por perto.

É desligada da realidade? Isso não torna o trabalho mais desafiante para si?
Eu adorei fazer esta Sónia precisamente por isso, porque ela é muito diferente de mim. Até o Diogo [Valsassina], lá em casa, quando passa o texto comigo, diz: “Guiomar, isto não tem nada a ver contigo. Como é que as pessoas acham que tu és assim?” Mas a verdade é que há muitas pessoas que julgam que aquela sou eu. No outro dia, o João Lourenço, o encenador da peça, contou que teve de me defender porque as pessoas acreditam que eu sou mesmo como a Sónia. Eu acho graça à situação, porque quer dizer que estou a fazer bem o meu papel, que estou a ser credível como atriz.

O que a surpreendeu mais neste trabalho?
O facto de ela ser tão diferente de mim e a loucura dela por sexo e em pôr silicone. Ela tem as prioridades todas trocadas e isso fascinou-me.

Imagina-se a fazer alguma plástica?
Não. Eu nunca faria, com esta idade, qualquer tipo de operação. Só se houvesse uma operação para deixar de roer as unhas (risos).

Acha que foi importante abordar o tema das plásticas na novela?
Sim, abordaram a questão de uma maneira descontraída. No caso da Sónia, aquilo faz-lhe bem ao ego, porque na cabeça dela só assim é que as pessoas vão reparar nela.

E a Ana Guiomar como reage à fama e ao reconhecimento na rua?
Às vezes é muito chato e gostava de passar despercebida. Mas, regra geral, as pessoas não me chateiam e já nem reparo que olham para mim.

Por ser uma personagem tão marcante tem medo de ficar com algum rótulo, tal como aconteceu quando fez Morangos com Açúcar?
Não, já fiz a Maria da Luz, no Perfeito Coração (SIC), que era uma personagem que eu sentia ser muito querida do público e durante uns tempos fui a Maria da Luz, mas quando estreou esta novela, as pessoas esqueceram-se.

Ser atriz surgiu um bocadinho por acaso na sua vida. Se não tivesse feito o casting para os Morangos, o que seria hoje profissionalmente?
Não faço a mínima ideia. Se calhar, ainda estava na faculdade. Comecei com 14 anos e nunca tinha pensado o que queria ser quando fosse grande.

Hoje, quando olha para trás, sente-se privilegiada por ter seguido este caminho?
Sem dúvida. Descobri uma vocação que gosto e fiquei com uma orientação muito cedo. Acho que as crianças, hoje em dia, não sabem o que querem fazer. Eu vejo pelos meus irmãos – um tem 18 anos e outro 19 –, que não sabem o querem fazer. E isso é uma angústia muito grande.

É uma irmã mais velha galinha?
Não, porque eles têm muita cabeça e são muito decididos. E o que é que eu posso dizer-lhes? Descubram tal como eu estou a descobrir o que é ser adulto. Mas é difícil, porque na escola, os professores não exploram as capacidades das crianças.

Acabadas as gravações, que balanço faz do projeto que foi líder de audiências da SIC?
Foi um ano muito positivo, cheio de alegria, diverti-me como já não me divertia há muito tempo.

E agora vai de férias?
Vou descansar. Tirar umas férias e parar um tempo, uns três, quatro meses. Ainda não sei para onde vamos, mas vamos sair de Portugal.

Já tem uma relação de longa data com o Diogo. Casar e ter filhos está nos planos?
Nunca pensei em casar ou ter filhos, nem com o Diogo nem com ninguém.

Como se vê daqui a dez anos?
Vejo-me com mais projetos interessantes, atriz na mesma, sem filhos – porque aos 35 ainda se pode ter –, viajada, com a família toda comigo.

Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Romão Correia; Cabelos e maquilhagem: Ana Coelho com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel  

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