Tânia Ribas De Oliveira
Revela medo e lágrimas devido à covid-19: “Chorei muito. Muito muito”

Nacional

Tânia Ribas de Oliveira está infetada com covid-19 há cerca de uma semana e revela que a maior dor é o medo do desconhecido: “Vou ter febre? Falta de ar? Vou ficar com sequelas?”.

Qua, 30/12/2020 - 10:00

Tânia Ribas de Oliveira confessou todos os medos por que tem passado desde que foi diagnosticada com covid-19. A apresentadora da RTP escreveu um texto emotivo, com o relato na primeira pessoa daquilo que tem vivido – física e psicológicamente – desde que soube estar doente. 

“A caminho do oitavo dia em casa e já me sinto com vontade de escrever. Apesar de os meus sintomas físicos terem sido ligeiros (cansaço e falta de olfacto e paladar), acho que se fala muito pouco sobre o peso emocional que o covid cria nas pessoas infectadas”, começou por dizer.

“É certo que o meu teste positivo chegou no dia 23 às 21h30 e o facto de a véspera de Natal estar à porta foi muitíssimo duro. Toca o telefone, é do laboratório ‘boa noite, as notícias não são boas’. Passei várias horas ao telefone, a avisar a RTP, os amigos e também conhecidos, porque o Natal era no dia seguinte e algumas famílias iriam juntar-se. Eu tenho contacto diário com muitas pessoas. Eu não sabia sequer se os meus filhos e marido estavam infectados (no dia seguinte percebemos que não, felizmente) e uma série de dúvidas começaram a surgir”, disse.

“Não sabemos como vamos acordar”

Para Tânia, o pior foi mesmo o medo do desconhecido: “O que dói verdadeiramente? É o medo. Ele existe. Não sabemos como vamos acordar no dia seguinte e, no silêncio das noites infinitas, somos nós e as nossas angústias. ‘Vou ter febre? Tosse? Falta de ar? Ficarei com sequelas? E se pioro de um momento para o outro?’ Fingimos que os fantasmas não têm voz e tentamos dormir”.

“Os primeiros dias são muito duros. Passa um, dois, três, quatro e ao quinto dia começa a esperança a ganhar lugar. ‘Se não piorei até aqui, pode ser que seja das sortudas por quem o covid passa sem magoar muito'”, escreveu, revelando que foi ‘vítima’ das lágrimas várias vezes: “Chorei muito durante dois ou três dias. Muito, muito. Sem esforço. As lágrimas escorriam e eu cansada, nem as limpava”.

A época em que apanhou covid-19 também lhe tocou profundamente, bem como o receio de ter contagiado outras pessoas. “Veio o Natal e com ele outros fantasmas. Tive amigos que o passaram verdadeiramente sozinhos. Sem mais ninguém. Porque trabalho com uma grande equipa que usa máscara, mas eu não, é a minha profissão. À medida que os dias foram passando, comecei a receber mensagens de todos: ‘negativo, Tânia!’ e o meu coração foi apaziguando. Não há culpa, há ‘apenas’ um vírus que circula e que, por mais cuidados que tenhamos, podemos apanhar. Mas há o cuidado de não querer ter infectado ninguém.”

“Hoje abri a janela. Apanhei ar na cara, senti-me feliz. Tão feliz que me caiu uma lágrima! Daqui a pouco já vou poder abraçar os meus filhos novamente, e o João. Trabalhei durante toda a pandemia para fazer companhia às pessoas, confinadas em casa para fugir do covid. Entrevistei várias dezenas de pessoas sobre o tema: médicos, enfermeiros, infectados, familiares. Não falei sobre outra coisa, todos os dias, durante meses a fio. E bateu-me à porta na véspera de Natal, e eu com tanta informação na cabeça: histórias boas e menos boas, algumas mesmo muito más”, contou, confessando que, por vezes, se sentiu revoltada: “A revolta já passou, a paz ganhou lugar. E quando fazemos as pazes com a vida, as peças começam a encaixar-se no puzzle que nunca tínhamos vislumbrado antes: há quanto tempo eu não parava mesmo? Quão desgastante foi este ano para mim? Quanta responsabilidade tenho nos ombros? A resposta para mim foi evidente.”

No final, Tânia Ribas de Oliveira agradeceu todas as mensagens que tem recebido: “A onda de amor que me chegou não tem explicação, agradeço a todos, mas essencialmente à minha família. Em especial ao meu Amor João e aos meus filhos. Estou quase de volta, para não mais vos largar”.

“Viva a vacina! Viva a Ciência ao serviço das pessoas! E silêncio aos desinformados que continuam a acreditar que é apenas uma gripe. Não é. E se eu sempre encontrei a mais profunda felicidade nos mais minúsculos momentos, ai 2021… prepara-te. Vou mergulhar em ti e nadar nos teus dias, um por um. Adeus 2020. Feliz ano novo!”, acrescentou.

Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Reprodução redes sociais

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