Já ouviu falar na Síndrome da classe económica? O Dr. Sérgio Silva, Cirurgião Vascular, explica:
“É uma patologia vascular causada por longos períodos de baixa mobilidade, associada aos voos de avião em classe económica. Conhecida e diagnosticada desde há cerca de 30 anos em pessoas que haviam feito longas viagens de avião e ficaram sentado por várias horas, em espaços que condicionavam a mobilidade dos membros inferiores. A trombose venosa, desenvolve-se assim, como resultado da imobilidade prolongada.
O trombo venoso pode, eventualmente, progredir para veias de maior calibre e até migrar da perna para o pulmão, causando uma embolia pulmonar aguda, ou seja, o trombo formado nos membros inferiores migra até à circulação dos pulmões, obstruindo as artérias pulmonares ou ramos destas (que poderá em situações extremas ser fatal).
Outra preocupação é o AVC, pois sabe-se que cerca de 6% dos indivíduos, que sofrem uma embolia pulmonar, também sofrerão um AVC. Viajar aumenta o risco de formação de trombos nas veias dos membros inferiores em 3 vezes, e cada 2 horas de tempo de viagem prolongado aumenta o risco em 18%. Estas condições são duas vezes mais prevalentes em mulheres do que em homens e são mais comuns em indivíduos com mais de 50 anos. O tempo médio de voo para que essas doenças ocorram é de 10 horas.”
Quais sintomas que podem indicar trombose venosa?
Alguns sinais de insuficiência venosa podem tornar-se mais evidentes durante a viagem como;
Edema, sensação de formigueiro, peso e dor. Quando se forma um trombo/ trombose, os sinais e sintomas são mais exacerbados e pode mesmo coexistir alguma dificuldade em andar. É importante notar que esses sintomas são mais intensos no destino algumas horas após a viagem.
Fatores de risco:
– Idade avançada;
– Obesidade;
– Indivíduos submetidos recentemente a uma grande cirurgia (últimas duas semanas);
– História pessoal ou familiar de trombose venosa e de trombofilias (doenças que aumentam a suscetibilidade à formação de trombos);
– Varizes dos membros inferiores;
– Tumor nos últimos 2 anos;
– Uso de contracetivos orais e gravidez;
– Condições que prejudicam o movimento.
Como prevenir?
- Faça caminhadas ocasionais. Force-se a caminhar tanto no corredor do avião quanto no aeroporto se fizer escalas. Conseguirá que o seu sangue flua melhor, isto é, melhora o retorno venoso, e evitará que se acumule nos seus membros inferiores.
- Quando estiver sentado, não dobre ou cruze as pernas por muito tempo de cada vez. É melhor relaxá-los e fazer alguns exercícios de contração e flexão dos pés e das pernas com regularidade.
- Não coloque bagagem debaixo do banco da frente. Se o fizer, perderá espaço onde poderia descansar as pernas e fazer alguns exercícios de flexão dos pés.
- Mantenha-se hidratado. Beba água constantemente, antes e durante a viagem. Evite alimentos ou bebidas que possam desidratá-lo, como café, chá ou álcool.
- Use roupas e sapatos confortáveis e evite comprimidos para dormir (aumentam a imobilização).
- Use meias de compressão (“meias de descanso”). Se tiver varizes, é importante usar meias de compressão graduada (meias elásticas). As meias ajudam a reduzir o risco de formação de trombos, reduzindo a estase do sangue nas pernas, isto é, aumenta o retorno venoso ao coração.
- Para indivíduos com elevado risco de trombose, pode ser considerado a prescrição de medicamentos anticoagulantes para prevenção antes da sua viagem.
Fotos: D.R.
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