Ana Free
“Sempre tive os pés assentes no chão”

Famosos

É uma das compositoras musicais da série norte-americana Saf3

Qui, 09/01/2014 - 0:00

Foi durante um curto regresso a Portugal que a VIP falou com Ana Free, que vive há quase um ano em Los Angeles com o namorado, Rodrigo Crespo. A cantora, de 26 anos, contou-nos a aventura inesperada de ter trocado Londres pelos Estados Unidos e da nova experiência como uma das compositoras musicais da série Saf3.

VIP – Está a viver em Los Angeles. Como está a ser esta aventura?
Ana Free – Depois do sucesso do single Girlfriend, estive muito tempo em Portugal em tournée e comecei a pensar se queria continuar a viver em Londres. A Volkswagen convidou-me para ser a cara internacional da marca no Havai e plantou-se a “semente” dos Estados Unidos. O Havai faz parte e como está nessa costa de Los Angeles, comecei a ver a mudança como uma hipótese. Depois, basicamente, perdi de propósito o voo em Los Angeles para cá e fiquei por lá. Vivo com o meu namorado, o Rodrigo, e quando lá chegámos, começámos a procurar casa. Não tínhamos nada, nem carro, casa, amigos. Tínhamos só um visto de turista e muita coisa pela frente para tratar em apenas três meses. Desde que esta aventura começou, em fevereiro, tenho feito muita coisa. Tenho começado a encontrar-me em Los Angeles, na cultura musical e na indústria do entretenimento. Sinto-me em casa em Los Angeles.

É verdade que em Los Angeles estamos sempre a cruzar-nos com as estrelas e que toda a gente tem o sonho de ser como elas?
Eu acho que sim, porque há muitas pessoas que querem fazer parte desse mundo, desse star system, e eu não sou exceção. Há muita gente com muito talento e deparamo-nos no meio de uma competição. Já vi algumas estrelas, como por exemplo a Ashley Simpson, estive numa festa com ela. E já vi o Aloe Blacc num evento, mas nunca vi uma superestrela como uma Madonna ou uma Beyoncé. Mas é interessante ver fotos no Instagram, ver onde eles estiveram e reparar: “Estive ali há dez minutos.” Ainda não consigo digerir isso. Uma pessoa percebe que está mesmo a viver na cidade dos sonhos.

Sente que está a viver o sonho americano?
Consigo perceber porque é que as pessoas fazem essa comparação, mas tenho muito trabalho pela frente. Não é fácil eu e o Rodrigo estarmos sozinhos. Apoiamo-nos em tudo e temos uma relação muito saudável a esse nível. Também já fiz amigas em Los Angeles. Estou lá para fazer música, seguir os meus sonhos e, após seis meses, consegui digerir o facto de estar lá a viver e toda a mudança que isso implicou. Só aí é que eu acho que comecei a conseguir as oportunidades que queria.

O seu objetivo era também promover o seu disco lá, não era?
Exatamente. Como eu costumo dizer, são pequenos sucessos que vão resultar numa grande vitória. Estamos lá para alcançar um sonho, mas há que pagar a renda e, para isso, é preciso trabalhar muito sem comprometer a minha integridade artística. Não quero distanciar- me da música.

O que tem estado a fazer?
Tenho estado a fazer os meus concertos online. Os fãs compram bilhetes no site www.stageit.com/ anafree e eu toco em livestream para eles. Temos de ser criativos neste mundo para sobreviver de forma independente. Graças a Deus, tenho conseguido não me distanciar da música.

Qual tem sido a recetividade à sua música? E quando diz que se chama Ana Free e é uma cantora portuguesa, como reagem?
Quando digo que sou de Portugal, ninguém acredita, porque não tenho sotaque. As pessoas acham que sou americana. A minha música é bem recebida, pois é bastante direcionada para o mercado norte-americano. Sou bem recebida nos concertos. Acho que estou a conseguir transmitir a minha mensagem. Tanto que já está a dar frutos.

Foi convidada para compor músicas para a série Saf3, do canal CW. Como está a correr?
Sou uma das compositoras musicais da série, somos quatro. Estou a entrar no meio televisivo também pelo lado da música. Tem sido uma experiência nova para mim, porque eu não fazia ideia do que era trabalhar a este nível nos Estados Unidos. Esta é uma série vista no país inteiro. Tenho uma relação muito boa com a equipa da série, as músicas também vão para o iTunes e estão a ser vendidas. Over and Done foi uma das músicas que criei a pedido da produção. Não é bem o estilo Ana Free, mas pus o meu nome. É outra categoria de trabalho e também outro nível de deadlines. É tipo para amanhã ou para fazer em dois dias. Sou capaz de criar uma música, fazer a letra e produzir ao lado do Rodrigo em 24 horas.

Qual foi a maior dificuldade que tem sentido, agora que lá está?
Agora, estou numa fase em que aprecio tudo. Depois de ter voltado a Portugal e ter sentido as notícias por aqui, aprecio ainda mais a minha sorte e o meu trabalho lá fora. Quando cheguei a Los Angeles, passei um mau mês, foi muito stress para legalizar-me no país, tratar de encontrar uma casa sem ter uma prova de quem eu era, pois não tinha historial nos EUA e não era residente. Chorei todas as manhãs, no primeiro mês. Acordava ansiosa. Foi muito duro para mim e para o Rodrigo também, por me ver assim. Mas esteve sempre ao meu lado.

E como conseguiu o visto de permanência?
Não basta fazer o pedido ao governo. Um amigo meu, empresário americano e com quem já tinha trabalhado na música, foi o sponsor para o meu visto. Mas isto é só uma parte do processo. Temos de prestar várias provas, justificar o que é que vamos fazer enquanto lá estamos… Gastei os três meses que tinha como turista a legalizar-me.

Já atuou no Miami Reggae Festival e em alguns espaços míticos, como House of Blues e Room 5. O que tem sido mais marcante?
A série foi um triunfo. Há muito tempo que eu não aprendia algo novo. Obviamente, é uma honra tocar no House of Blues, é mítico e já toquei lá muitas vezes. Mas entrar numa nova indústria é uma lufada de ar fresco. Adoro aprender e gosto de me envolver em tudo o que faço.

Muita coisa mudou desde que começou a sua carreira como um fenómeno do YouTube. Alguma vez sentiu que estava deslumbrada com o sucesso que alcançou?
Quando estive num iate com o Alejandro Sanz e a Eva Longoria deslumbrei-me um bocadinho. Foi em 2011, em Miami, quando fui tocar numa arena de basquetebol para 15 mil pessoas, a convite da companhia Market America. Fui com a minha melhor amiga, estivemos quatro dias e acabámos por estar no iate dos donos da companhia, onde o Alejandro Sanz esteve a ensinar-me a dançar flamenco. Aí, deslumbrei-me e pensei: “Isto não me está a acontecer!” Mas de resto, não. Acho que sempre tive os pés assentes no chão.

Que planos tem para 2014?
O meu plano principal é acabar o novo álbum. Não sei ainda se terá dez faixas, mas poderá ser um EP (extended play) com cinco faixas. Gosto de fazer os projetos pequeninos. Um álbum é também o dobro do trabalho, orçamento e tempo. Fiz o Together, que ainda está a ser promovido, mas gostava de lançar novas músicas. Vou manter muito a guitarra e o meu lado acústico. Regressar um bocadinho às origens, mas com sonoridades e batidas novas. Tem de ter um fator novidade.

Texto: Helena Magna Costa; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e cabelos: Ana Coelho com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel

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