Sandro Lima
A luta contra a leucemia: «As coisas voltaram a surpreender-me pela negativa»

Nacional

Sandro Lima abre o coração a Manuel Luís Goucha: «Infelizmente, as coisas, em abril deste ano, voltaram a surpreender-me pela negativa.»

Ter, 08/09/2020 - 6:00

Sandro Lima foi o convidado de Manuel Luís Goucha no Você na TV! desta segunda-feira, 7 de setembro, e falou sobre a luta contra a leucemia que enfrenta há cerca de quatro anos. O ex-namorado de Fanny Rodrigues viveu «o momento mais difícil» da sua vida em outubro de 2018, quando recebeu o primeiro transplante e, posteriormente, surgiram uma série de complicações.

Uma infeção na perna, a paragem dos rins que o levaram a ter de fazer hemodiálise e o ter de usar uma algália para poder urinar levaram o jovem a referir que aqueles foram «os dias mais negros» da sua vida.

«Foi difícil. Eu chorei todos os dias, nesse internamento. Tive lá cerca de sete, oito semanas. Foi muito duro, tanto que eu chego à quinta semana e digo ao médico que quero assinar o atestado de responsabilidade porque já não aguentava mais, o sofrimento era muito. Eu quanto mais perto estava da data que o médico dizia que eu ia sair mais eu sentia que não ia sair. Ficava frustrado e depois eram as dores, os vómitos. Era ver o sofrimento dos meus pais que dormiam todos os dias comigo, porque eu não conseguia estar sozinho, entrava em pânico. Era difícil. E depois foram mais quatro semanas assim, de sofrimento», começou por contar.

A leucemia levou Sandro a pesar 98 quilos, a ver as feições do rosto mudarem, a inchar, a ter de rapar o cabelo, algo que confessou tê-lo deitado abaixo. «Porque olhamos ao espelho e não nos reconhecemos e não nos reconhecermos é muito difícil», confideciou.

«As minhas lágrimas secaram»

Hoje, passados cerca de dois anos, Sandro sofre as consequências da leucima descritas anteriormente, contudo ainda não está curado. «Toda a gente pensa que estou bem, que aparento estar bem, hoje em dia. Tenho cabelo, como nunca tive neste quatro anos mas, infelizmente, as coisas, em abril deste ano, voltaram a surpreender-me pela negativa», referiu.

Quando questionado pelo apresentador da TVI sobre como lidava com estas tristes notícias, o jovem fez referência aos textos que publica nas redes sociais, pormenorizando um em que mencionou já não ter lágrimas para chorar. «As minhas lágrimas secaram, neste momento», confessou.

Nesse mesmo texto, Sandro terá feito ainda referência à morte, algo que saltou à vista de Manuel Luís Goucha. «Acima de tudo sinto-me uma pessoa imensamente abençoada porque apesar de todas as dificuldades que eu tenho ultrapassado na vida, já tive muitas outras pessoas que partiram e eu ainda cá estou. E ainda hoje os médicos dizem que eu tenho solução, tenho mais uma oportunidade, e vivo», afirmou.

«Nós quando somos novos não temos medo de morrer não é?»

Sandro confidenciou que mudou a sua forma de encarar a vida e que, se outrora a morte parecia «distante» quando se é novo, agora encara a realidade de outra forma. «Nós quando somos novos não temos medo de morrer não é? É uma realidade muito distante e quando percebemos que isso é uma realidade muito próxima, muito chegada a nós e que está mesmo ali ao virar da esquina, nós percebemos “fogo, tenho de aproveitar todos os segundos que eu tenho de vida”», disse, visivelmente emocionado.

Contudo, o ex-futebolista diz não ter medo de morrer, sentindo-se realizado por já ter vivido o que sonhou neste últimos anos, e que lhe eram impossível devido aos tratamentos e internamentos resultado do problema de saúde que ainda atravessa.

«Sinto-me bem. Sinto-me muito bem. Nós aprendemos a viver o hoje, o agora. Nos últimos quatro, cinco, seis meses que passaram, eu sinto que vivo uma vida que sonhei durante tanto tempo, em todos aqueles internamentos. Eu sonhava em surfar, sonhava em andar de skate e faço tudo. Neste momento, faço tudo. Acabei os tratamentos há cerca de uma semana, 15 dias. Fiz imunoterapia», confessou.

O apoio da família

A acompanhá-lo Sandro tinha Dora e Fernando, os pais, e ainda os irmãos mais novos e que têm acompanhado todo este processo que tem afetado não só o jovem como todo o ambiente envolvente, como a família e os amigos.

Quando questionada sobre como é lidar com o problema de saúde do filho, Dora explicou: «Temos que nos habituar. Não é fácil. Quando ele está bem, nós estamos bem. Quando ele está mal, nós estamos mal. Agora estamos bem, a pensar nos tempos que aí vêm mas um dia de cada vez. Estamos bem hoje, vamos viver hoje. Amanhã logo se vê.»

Para apoiar o irmão mais velho, André terá também rapado o cabelo em solidariedade por aquele com quem muito tem aprendido ao longo da vida.

Texto: Marisa Simões; Fotos: DR e Reprodução Instagram

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