Celso Cleto E Sofia Alves
Querem adoptar uma criança

Famosos

“Iniciámos o processo há quatro anos”

Sex, 06/12/2013 - 0:00

A última vez que pisou um palco foi há três anos, na pele de Sabina Freire. Agora, chega-lhe o presente de Natal antecipado: Sofia Alves está, desde sábado, 30 de novembro, no Auditório Eunice Muñoz, em Oeiras, com A Casa do Fim da Linha, a primeira peça com assinatura do seu marido e encenador, Celso Cleto.

Em entrevista à VIP, os dois revelam o entusiasmo de concretizar um dos vários projetos que têm em comum e que esperam estrear em breve noutros palcos do Mundo. É que a peça, que relata a história de duas mulheres que se reencontram depois de terem sido separadas pela Segunda Guerra Mundial, irá ser encenada no estrangeiro. Juntos há dez anos, a atriz e o encenador dividem-se entre Oeiras e Lapa do Lobo, perto de Viseu, onde adquiriram um solar e esperam poder acolher, um dia, mais um filho. O primeiro de ambos. Celso Cleto já é pai de Rita, de 22 anos, e de Inês, de 16. Sofia é mãe de Guilherme, de 12.

VIP – Esta peça marca a sua estreia como autor. Porque aconteceu agora, ou só agora?
Celso Cleto – Confesso que só agora tive coragem de fazer um texto em palco com a minha assinatura, apesar de escrever há muitos anos. Tenho colaborado com alguns autores, mas é, de facto, a primeira vez que ensaio uma peça minha. A temática desta obra, que é passada numa casa misteriosa, fala de um encontro ao fim de 30 anos entre duas mulheres que foram separadas durante a Segunda Guerra Mundial.

Sofia Alves – Trabalhar com o Celso é gratificante para qualquer artista. É realmente muito bom. Tenho pena que ele só agora tenha colocado em cena um texto dele, mas tenho de respeitar.

Escreveu a peça tendo já presente também o trabalho de encenação?
CC – Quando se escreve, pensa-se na sua envolvência, mas sempre tive consciência de que o texto tem de ficar livre para outros diretores que o queiram montar, num futuro. Volta a trabalhar com a Sofia.

A sua mulher é a sua melhor parceira?
CC – Em relação à Sofia, para que não existam dúvidas: ela é uma das melhores atrizes portuguesas e é sempre um prazer trabalhar com uma atriz assim. Não fazia teatro há três anos e volta para bem do teatro. E sempre soubemos separar as coisas: a vida de casa é a vida de casa, o trabalho é o trabalho.

Sofia, sabe bem este regresso?
SA – Desde as comemorações da República, em que estreei a Sabina Freire, que não piso um palco e tenho muitas saudades. Bellas Artes, em Madrid, foi a última vez e já lá vão três anos. Agora, voltei a casa, como gosto de dizer, estou no meu mundo. Já tinha muitas saudades do teatro.

A sua personagem, Ester, foi um desafio?
SA – A Ester é uma personagem que qualquer atriz gostaria de fazer, tem tudo para me deixar feliz. É uma pianista que foi separada da família durante a Segunda Guerra Mundial. Uma traumatizada que, um dia, passados 30 anos, resolve voltar à casa onde tudo aconteceu, para finalmente encontrar respostas… Estou apaixonada pelo texto, como estamos todos. E tenho a felicidade de ter a Manuela Maria, de quem eu gosto muito, comigo em palco.

Mudou radicalmente de visual depois de terminar Destinos Cruzados. Precisa desta mudança física para se despedir de cada projeto?
SA – Como qualquer ator ou atriz, quando acabamos os projetos, deixamos ir embora as personagens e a Isadora já lá vai… Neste momento, o que é, para mim, mais importante é a Casa do Fim da Linha. Com o resto, não perco energia.

Como gerem estas duas relações, de marido e mulher, por um lado, e atriz e diretor, por outro?
CC – A Sofia é uma excelente companheira e uma extraordinária mãe. É com grande felicidade minha que está na minha profissão. E estou a contar com ela para um grande projeto de televisão, como também com a Eunice Muñoz e o Ruy de Carvalho, entre outros. Mas ainda não posso falar nisso.

Como se alimenta uma relação que já dura há dez anos?
CC – É uma partilha diária. Eu e a Sofia nunca nos zangámos. Temos, frequentemente, pontos de vista diferentes, mas discutimos os assuntos. E tem de haver muita confiança.

A peça estreia no Centro de Artes Dramáticas de Oeiras, que dirige. Isso significa que têm estado mais em Oeiras ou em Nelas?
CC – Tento dividir-me entre Oeiras e a Lapa. A Lapa é a minha inspiração e Oeiras é o meu trabalho. Tenho muito orgulho em pertencer a um grupo de pessoas que luta todos os dias pelos oeirenses. E cada um à sua maneira tem feito a grandeza deste concelho. O Centro de Artes Dramáticas de Oeiras é o meu local de excelência e não o troco por nada. Já tive muitos convites interessantes, mas nunca o farei.

Sabe-lhe bem a tranquilidade que o Interior proporciona?
SA – Quando chegamos aos 40 anos, começamos a pensar de uma forma diferente. Metade da nossa vida já passou, o lado físico não é importante, o importante é o que nos vai na alma e os sonhos que gostaríamos de ver ainda realizados. O Celso é um marido que luta todos os dias comigo para que as coisas aconteçam. As melhores férias, para nós, são aquelas em que podemos ficar por casa a ler, a escrever, a ouvir música… essas, sim, são as grandes férias. E, de preferência, na Lapa, no nosso retiro.

O Guilherme já tem 12 anos. Ele gosta do mundo dos pais, o da representação?
SA – O Guilherme está ótimo, está numa nova fase da sua vida e tenho muito orgulho nele.

Quais são os vossos projetos para o próximo ano?
CC – Os projetos para 2014 são uma programação cada vez mais rigorosa para o concelho de Oeiras, e as coisas não estão nada fáceis, financeiramente. Mas a articulação com a Câmara é muito boa e vamos conseguir imaginar mais com menos dinheiro. A escola de formação de atores ainda não arrancou, é um projeto muito caro, vamos ver o que acontece ao País em 2014. Tenho tido reuniões com uma televisão, mas só avançarei com toda a liberdade e com um grande elenco. Ou, melhor dizendo, com a maioria dos atores que já trabalharam comigo em Oeiras…

Fez 40 anos em 2013. O que sente que tem de fazer e ainda não fez?
SA – Acreditem: a fama já não me diz nada, o importante é a minha realização pessoal. Talvez sejam os 40 a falar…

Já disseram várias vezes que gostavam de adotar uma criança. Será em 2014?
CC – Continua a ser um objetivo, mas a verdade é que é um processo muito moroso e ainda não se concretizou. Iniciámos o processo há quatro anos e, por diversas razões, continuamos a aguardar, mas sei que vamos ser pais em 2014.

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: José Manuel Marques; Produção: Elisabete Guerreiro; Maquilhagem: Ana Coelho com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel

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