Princesa Diana
Médico conta tudo sobre as últimas horas de vida de lady Di no hospital

Nacional

O médico que assistiu a princesa Diana no hospital na noite em que esta morreu, a 31 de agosto de 1997, quebrou o silêncio sobre aquilo que se passou nas últimas horas de vida de Lady Di.

Qui, 02/09/2021 - 9:40

O médico que assistiu a princesa Diana no hospital na noite em que esta morreu, a 31 de agosto de 1997, quebrou o silêncio em junho passado e deu a primeira entrevista sobre aquilo que se passou nas últimas horas de vida de Lady Di. Monsef Dahman explicou que essa noite o marcou para o resto da vida.

“A ideia de que perdemos uma pessoa importante, de quem cuidámos pessoalmente, marca-nos para a vida toda”, confessou agora, quase 24 anos depois, ao Daily Mail. A decisão de falar sobre o assunto surgiu na sequência de uma investigação exaustiva do jornal britânico sobre a morte de Diana, levada a cabo durante vários meses. Com o seu testemunho, o médico quer por fim de uma vez por todas à teoria da conspiração que defende que a princesa foi vítima de um plano para acabar com a sua vida, plano esse que incluiria também os médicos que a assistiram. 

No ano de 1997, Dahman era um jovem cirurgião que trabalhava no hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris. O clínico recorda o que se passou naquela noite fatídica: “Eu estava a descansar na sala de serviço quando recebi um telefonema de Bruno Riou, o principal anestesista que estava de serviço, a pedir-me para ir ter com ele à sala de cirurgia. Ninguém me disse que era a Lady Di, disseram apenas que tinha havido um grave acidente que envolvia uma jovem”.

Diana tinha lesões graves no coração

“Cheguei rapidamente à sala de cirurgia e percebi a seriedade do assunto. O meu interno estava na sala, a um canto, porque estava um pouco transtornado com a gravidade do momento”, contou, acrescentando que só nessa altura foi informado de quem era a paciente: “Para qualquer médico, qualquer cirurgião, é muito importante tratar uma mulher tão jovem, mais ainda se ela for uma princesa”. 

Diana já tinha feito um raio-X assim que chegou ao hospital e os médicos sabiam que ela estava com uma “hemorragia interna muito grave”. Segundo o testemunho de Dahman, foi-lhe feita uma drenagem para remover o excesso de sangue da cavidade torácica, mas, como a hemorragia persistia, a princesa recebeu várias transfusões de sangue O Negativo, porque a equipa não sabia qual o seu grupo sanguíneo.
Por volta das 02h15, Lady Di sofreu uma nova paragem cardíaca (já tinha sofrido uma durante a reanimação que lhe fizeram ainda no local do acidente) e, devido à gravidade da situação, foi pedido ao médico que a operasse. Durante a cirurgia, Dahman percebeu que Diana tinha sofrido uma rutura significativa no pericárdio, que protege o coração. O professor Alain Pavie, um dos melhores cirurgiões cardíacos de França, foi chamado ao hospital imediatamente. O coração da princesa tinha parado de bater e, numa nova cirurgia, Pavie descobriu uma lesão ainda mais grave: um rasgão na veia pulmonar superior esquerda. O experiente cirurgião conseguiu suturar o ferimento, mas o coração da princesa não voltava a bater.

“Tentamos várias vezes choques elétricos e massagem cardíaca”, contou Dahman. “O professor Riou tinha-lhe dado adrenalina, mas não conseguimos que o seu coração voltasse a bater. Lutámos muito, tentámos muito, muito mesmo. Francamente, quando estamos a trabalhar nestas condições, nem nos apercebemos do tempo a passar. A única coisa importante é que estávamos a fazer todos os possíveis para salvar aquela jovem”, acrescentou.

Às 4 da manhã, médicos perceberam que não havia nada a fazer

A equipa que assistiu Diana tentou reanimar a princesa durante uma hora. “Não conseguimos salvá-la e isso afetou-nos muito a todos”, recorda, com tristeza. Às 4 da manhã, decidiram que não podiam fazer mais nada pela princesa de Gales e as tentativas de reanimação cessaram. “Foi uma decisão consensual”, disse, sublinhando que todos os que estavam naquela sala ficaram arrasados: “É sempre uma grande deceção ver morrer alguém tão jovem. Estávamos arrasados e cansados”.

O médico contou ainda que, logo pela manhã, Jacques Chirac, o então presidente francês, chegou ao hospital para acompanhar o caso. Mas recorda também o comportamento de alguns órgãos de comunicação social: “Vimos pessoas a disfarçarem-se de médicos, a empurrar carrinhos e a tentar obter informações”, contou, sublinhando que um desses indivíduos se aproximou dele, quando o viu com a roupa ensanguentada, e tentou comprá-las, “alegando que tinham ‘sangue azul’”.

Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Reuters

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