Pedro Teixeira
Faz relato arrepiante da viagem à Polónia: “Podiam ser os meus filhos”

Nacional

Pedro Teixeira viajou para a Polónia, numa missão solidária, para ajudar ucranianos, e trouxe um refugiado da guerra para Portugal. O ator fez um relato emotivo desta viagem.

Sex, 11/03/2022 - 10:45

Pedro Teixeira viajou para a Polónia, numa missão solidária, para ajudar ucranianos, e trouxe um refugiado da guerra para Portugal. Numa entrevista à CNN Portugal, o ator conta como surgiu esta ideia, o que viu quando lá chegou e teceu algumas críticas ao governo.

“A minha ideia de ajudar nasceu a partir do momento em que nós somos bombardeados com estas notícias da guerra. Todos os dias, vemos mães com crianças, no frio, e acho que só quem não tem o coração no sítio certo não se comove”, começou por dizer, referindo que fez esta viagem porque teve essa oportunidade: “Estive uns dias sem trabalhar. Felizmente tenho possibilidades, felizmente conheço algumas pessoas que me ajudaram rapidamente a recolher medicamentos, roupa, comida de criança, tudo o que eu achava que era necessário levar, e, juntamente com um amigo, fizemos-nos à estrada e fomos fazer o que qualquer um faria”.

“Tenho noção que sou um privilegiado e que eu tive essa oportunidade. Felizmente, tenho a capacidade de um dia para o outro arranjar uma carrinha grande, enchê-la com medicamentos, e poder ter a disponibilidade de fazer esta viagem. Estar em casa, ver as coisas a acontecer e não fazer uma coisa que, na minha opinião, faria todo o sentido, que era estar lá e entregar as coisas a quem precisava… Foi isso que me moveu. Estava com um amigo em casa e percebemos que Kiev é aqui ao lado. Não é nada para nós”, disse ainda.

Nesta entrevista, Pedro Teixeira falou ainda sobre o que mais o impressionou nesta viagem à Polónia. “Podíamos ser nós. Aquelas mães que nós vimos com crianças ao colo, com temperaturas negativas, podia ser a minha namorada e os meus filhos. E isso é uma coisa que nos comove e que nos dá uma energia extra para fazer o que quer que seja para fazer alguma coisa”, afirmou.

“O que mais impressiona são pequenas carrinhas, que são transformadas em pequenas ambulâncias, que vão buscar crianças, mães, avós… No sitio onde eu estava, de dois em dois minutos, chegava uma carrinha cheia e nós percebemos o desastre, a catástrofe que estamos a viver neste momento. É muito triste perceber que aquelas pessoas deixaram tudo para trás, não têm um destino, não sabem o que lhes vai acontecer. Chegam completamente assustadas, sem um rumo, e é preciso fazer alguma coisa, ajudar. Eu não tinha noção. Foi um embate muito grande chegar ali e deparar-me com aquela realidade”, disse o ator, acrescentando ainda: “Mães com crianças, completamente desesperadas. São agrupadas 50, 60, 70 e levam essas pessoas para um centro de acolhimento. Depois voltam a estar sem saber para onde ir. Não há uma organização, é tudo muito confuso, ficam um bocadinho perdidas”.

Pedro Teixeira critica o Governo

Para organizar esta viagem, Pedro Teixeira contou com a ajuda do dentista Miguel Stanley. “Vi o Miguel a ir para a Ucrânia e trocamos mensagens. Ele criou uma rede de contactos muito interessantes na Polónia”, disse, explicando que o médico lhe indicou o nome de duas pessoas para o ajudarem nesta missão e tecendo depois algumas críticas ao Governo. “O governo facilitou a integração dos emigrantes em Portugal. O pior é: quem é que vai buscar essas pessoas. Quem é que as vai buscar? Somos nós? A sociedade civil? São grupos como eu e como várias pessoas estão a fazer? Isso causa muita revolta. Nós estamos na televisão constantemente a dizer que ajudamos refugiados, mas na pratica não estamos a fazer nada. Como é que as pessoas vêm cá ter? Está na altura de alguém arranjar uma associação governamental que pegue nestas associações e as organize”, afirmou.

“Cabe a quem manda ter o coração no sitio. Há pessoas que precisam de ser ajudadas”, disse, sublinhando que era capaz de voltar novamente. “Mas voltar sem ter estas duas pessoas que me encaminharam lá? Vou voltar para onde? Vou fazer o quê? Eu não sei quem é que tem de vir”, acrescentou.

Veja a entrevista completa de Pedro Teixeira aqui.

Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Reprodução redes sociais

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