Pedro Lima
Escreve mensagem emotiva sobre a família e o sobrinho que morreu

Nacional

João Alves Roçadas faleceu em 2013 num acidente de viação

Qua, 28/12/2016 - 15:06

Em época natalícia, Pedro Lima escreveu uma mensagem emotiva sobre a sua família. O ator, de 45 anos, recordou João Alves Roçadas, o seu sobrinho que faleceu em 2013 num acidente de viação. 

“A perda do meu sobrinho João Alves Roçadas fez-nos questionar se valia mesmo a pena tanta dedicação para, de repente, tudo se desmoronar.
Vale a pena porque ir construindo e reparando, até onde é possível reparar, dá sentido às nossas vidas”, escreveu. 

Leia aqui a mensagem de Pedro Lima na íntegra:

“O Natal é a festa da Família.
E o que é a Família?
Para mim é uma organização de afetos em que prevalecem o cuidado e a proteção.
Cuido quando evito o que pode correr mal, o que pode faltar, o que pode provocar desgosto ou desilusão. Cuido quando antecipo o que vai alegrar, gerar prazer e satisfação.
Às vezes estas duas vontades parecem inconciliáveis mas são o oxigénio que alimenta a minha vida, um desafio intelectual e emocional.
Protejo porque procuro caminhos para defender e ultrapassar agressões e injustiças.
Uma vez vi a Lena Olin dizer ao Robert Redford, no contexto da revolução em Cuba: queres mudar o mundo? Muda o meu.
É uma daquelas frases que ficou na minha cabeça para sempre.
Às vezes penso naquelas pessoas que viajam para o outro lado do planeta para missões humanitárias, muitas vezes no meio de conflitos que dificilmente compreenderão, e questiono-me como será a relação dessas pessoas com os que lhes são mais próximos.
Tenho dificuldade em compreender porque é que se consegue ajudar longe se não se consegue dar atenção a quem está perto.
Acredito que, se queremos um mundo melhor, devemos começar em nossa casa, com a nossa família, com os amigos.
Ter uma família dá trabalho, consome tempo e energia mas compensa porque dá sentido à minha vida, motiva-me no início de cada dia. A atenção e afeto que lhe dedicamos cria em nós um estado de espírito que se propaga com naturalidade a outras áreas da vida.
E no entanto a família, como a vida, é absurda e injusta.
Como é que se sobrevive à perda de um filho, irmão, neto, bisneto, sobrinho?
Aconteceu na minha família e, naquele momento, todos sentimos que não era possível continuar.
A perda do meu sobrinho João Alves Roçadas fez-nos questionar se valia mesmo a pena tanta dedicação para, de repente, tudo se desmoronar.
Vale a pena porque ir construindo e reparando, até onde é possível reparar, dá sentido às nossas vidas.
A minha Família é maluca. Irmãos que ficam anos sem se falar, filhos e pai, pai com a mãe, tia e sobrinho, enfim, todas as combinações possíveis e imaginárias de conflitos e rupturas.
Estas dinâmicas dão à Família um carácter elástico: umas vezes contrai-se, outras distende-se.”

 

Fotos: DR e Reuters 

 

 

Siga a Revista VIP no Instagram