Maria Ana Bobone
“O que define uma pessoa é aquilo que ela faz de si própria”

Famosos

A fadista de “sangue azul” é mãe de três filhos

Sex, 17/01/2014 - 0:00

 Estreou-se como fadista aos 16 anos, num concerto de João Braga, e ainda cora quando o espetáculo é transmitido na RTP Memória.
Maria Ana Bobone, 39 anos, é hoje uma fadista de renome, que reconhece que o amor pelo fado foi crescendo pelas influências que tinha na família. Vinda de uma família brasonada, a cantora não nega as raízes, mas acredita que, mais do que a linhagem, é o que uma pessoa faz que dita quem ela é. Mãe de três filhos, é neste papel que “recarrega baterias” para a profissão que ainda este mês a leva a atuar em Londres.

VIP – Como surgiu o amor pelo fado?
Maria Ana Bobone – O amor pelo fado vai surgindo, à medida que o vou conhecendo. Quando comecei tinha apenas 16 anos e o fado era, para mim, uma realidade longínqua. Mas, graças ao convívio no meio fadista e aos convites que ia recebendo para atuar, fui aprofundando e abrindo a sensibilidade a este tipo de música, até perceber que ela sempre fez parte de mim.

De que músicas se recorda da infância?
Tantas! Numa família tão musical como a minha, as canções eram permanentes e a música fazia parte do meu dia-a-dia.

Como descobriu que queria ser cantora?
Só descobri isso muito mais tarde. Durante muito tempo, encarei a sorte que tive como uma coisa do momento e não como uma profissão a sério. Com o passar do tempo, após ter terminado o meu curso de Comunicação Social e algumas experiências profissionais noutras áreas, fui percebendo que era na música que me realizava plenamente e também onde, naturalmente, se ia desenhando uma carreira.

Se não fosse cantora o que seria?
Talvez professora, sempre gostei de ensinar.

Estreou-se como fadista aos 16 anos. Do que se lembra desse dia?
Tudo se passou no Teatro de S. Luiz, num concerto do fadista João Braga. Lembro-me de ser bem acolhida pelo público e de estar muito nervosa. Às vezes, esse concerto passa na RTP Memória e coro sempre que o vejo!

Era muito nova. Como reagiram os seus pais a esta sua paixão?
Na altura, tudo foi encarado como uma certa leveza, até porque os jovens estão sempre a mudar de opinião e nada é muito definitivo. Quando as minhas opções se tornaram mais claras, deram-me todo o apoio.

Começando tão nova a pisar palcos, ainda fica nervosa quando tem espetáculos?
Fico sempre um pouco. Mas trabalho todos os dias no sentido de encarar como um divertimento aquilo que faço em cima do palco.

Qual foi o concerto que mais a marcou?
Há muitos, mas lembro-me de um especial em Goa, em que senti todo o público comovido a cantar comigo o Mandó da Despedida (uma música goesa com uma letra adaptada para português pelo meu tio Manuel Bobone). Senti que, mesmo em terras tão distantes, se atinge, através da música, uma comunhão arrepiante.

Quem são os seus maiores fãs?
A minha família e a minha equipa de trabalho.

Como vê o fado, hoje em dia? É elitista?
O fado é uma linguagem musical que se universalizou e é transversal a toda a gente, independentemente da idade, nacionalidade ou contexto cultural, coisa que considero muito positiva.

A Maria tem “sangue azul”, descende do 4.º conde de Bobone, por parte do pai. Esta nobreza faz de si uma pessoa diferente ou não?
Reconheço, obviamente, a história da minha família e o valor dos meus antepassados, embora acredite que o que define uma pessoa é aquilo que ela faz por si própria.

Para além de fadista é mulher e mãe. Como consegue conciliar a profissão, que a obriga a deslocações frequentes, com a vida familiar?
Farto-me de pedir ajuda a toda a gente.

Qual é o papel da sua vida: ser mãe ou ser fadista? Porquê?
Ser mãe é, obviamente, imutável e transcende tudo o resto.

Os seus filhos partilham a paixão pelo fado?
Ainda não.

Costuma cantar para eles?
Sim, claro.

Fale-me um bocadinho dos seus filhos. Como é que eles estão, qual é o mais parecido consigo, qual o mais diferente…
Os meus filhos são todos espetaculares, cada um na sua especificidade. Para minha alegria são todos muito musicais.

Como vê o futuro deles? O que gostava que eles fossem?
Felizes.

Quer voltar a ser mãe?
Adorava.

Sente-se uma mulher realizada?
Sim, plenamente, porque acredito que “a realização está mais em percorrer o caminho do que na chegada”.

O que lhe falta fazer?
Felizmente, enquanto houver projetos, há sempre muita coisa a fazer e ainda mais para aprender.
Onde a vamos poder ver em concerto proximamente e para quando um novo álbum.
O próximo concerto é em Londres, ainda em janeiro. Em Portugal, convido-vos, desde já, para o lançamento mundial do novo disco no dia 10 de outubro, no Centro Cultural de Belém.

Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Romão Correia; Cabelo e maquilhagem: Vanda Pimentel com produtos maybelline e L'Oréal Professionnel

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