Sara Salgado
“Não gostava de procurar outra profissão”

Famosos

A atriz quer que o seu futuro passe pela representação, mas diz-se preparada para trabalhar noutra área se assim for preciso

Qui, 15/11/2012 - 0:00

Sara Salgado é uma das mais talentosas atrizes da sua geração. Aos 23 anos, a atriz conta com participações em diversos projetos de sucesso nacionais, entre eles a série juvenil “Morangos com Açúcar”, que a catapultou para a fama. Apesar deste ano ter corrido muito bem à atriz, Sara Salgado continua a estudar para precaver o futuro e não coloca de parte a hipótese de tentar a sua sorte fora de Portugal. Sempre de sorriso rasgado no rosto e com um brilho especial nos olhos, Sara revela-se uma mulher tradicional no que ao amor diz respeito. A jovem atriz sonha com o casamento pela Igreja e confessa a vontade de ser mãe.

VIP – Este ano ficou marcado pela participação em vários projetos.
Sara Salgado – É um balanço muito bom. Estreou Teia de Gelo, um filme que adorei fazer e que me deu a oportunidade de conhecer São Tomé. Também participei na série Maternidade, da RTP. Mas, o grande projeto foi Depois do Adeus. Uma série que surge no seguimento de Conta-me Como Foi. São projetos distintos, mas passa-se na época seguinte, no pós-25 de Abril, na altura dos retornados do Ultramar.

Como correu a gravação da série?
Adorei. Está muito bem feita e o elenco é fantástico. A personagem é rica e a preparação foi muito bem elaborada desde o guarda-roupa até à própria personagem. Foi tudo feito de forma a que cada um de nós acreditasse no seu personagem. Espero que as pessoas gostem.

Como se preparou para uma personagem de uma época que não viveu?
A preparação foi muito boa. Uma historiadora explicou-nos tudo. Tivemos aulas juntos e depois por núcleos. No meu caso, o meu padrasto viveu em Angola e explicou-me várias coisas, tal como outros familiares que lá viveram. Tentei aprender o máximo que pude.

O que mais a marcou nessa época?
Não tinha noção que as pessoas tinham passado tantas dificuldades. Ver imagens de crianças no aeroporto que não sabiam dos pais é muito forte. As pessoas não têm noção do desespero. E a série quer mostrar o que se passou.

A série vem no seguimento de um projeto muito elogiado. É uma pressão extra?
Sim. Estamos nervosos e apreensivos porque queremos igualar ou melhorar o sucesso de Conta-me Como Foi.

Sem querer retirar mérito a outros trabalhos onde tenha participado, fazer parte de uma série que espelha uma época importante de um país dá-lhe um gosto especial?
Claro que sim. Além de trabalhar, aprende-se algo sobre o nosso passado. A essência é diferente. Isto faz com que me sinta privilegiada.

Neste momento está centrada nos estudos…
Sim. Estou na faculdade a estudar Comunicação Social, mas se surgir alguma coisa analiso. Consegui conciliar a série com os estudos. Se for sempre assim ótimo, se tiver de abandonar, logo se vê. Depende dos projetos.

O curso é para valorização pessoal ou gostava de trabalhar na área?
É uma área de que sempre gostei. Estava indecisa entre Jornalismo e Publicidade e Marketing, área que escolhi. Aquilo que realmente quero fazer é representar, mas também gosto desta área e quanto mais versáteis formos, melhor.

Ainda não se sente uma atriz?
Ser atriz é uma procura constante e quero continuar assim. Sinto-me atriz, mas não me sinto realizada. Ainda há muito para aprender.

Acha que já se mudou a mentalidade de que uma pessoa pode ser boa a fazer duas coisas distintas?
Acho que isso é passado. Muitos atores fazem outras coisas, sobretudo nesta altura em que muitos estão desempregados, e são ótimos no que fazem. Quanto maior a versatilidade, melhor. E isso até enriquece a pessoa.

Por falar em desemprego, teme o futuro da profissão?
Assusta a todas as pessoas. Está complicado em todas as profissões. Daí achar que o melhor é que as pessoas aprendam coisas diferentes. Tenho tido sempre trabalho, mas se não tiver, terei de tentar outras coisas.

Há atores que trabalharam uma vida inteira e que têm reformas muitos baixas. Isto não a faz pensar noutra carreira?
É muito ingrato. Não gostava de ter de tentar outra profissão, mas se tiver de ser… Quero que seja a minha profissão principal e também não coloco de parte a hipótese de ir para fora quando acabar o meu curso.

Volta a apostar no Brasil?
Gostei muito de viver no Rio de Janeiro. Mas tanto posso ir para lá como optar por conhecer outro país. Até porque uma experiência destas faz com que evolua na carreira e como pessoa. Na altura visitei a Globo e adorei. Gostava de trabalhar lá. Mas, talvez apostasse em Londres ou Nova Iorque antes de voltar ao Rio de Janeiro.

A família sempre lidou bem com as suas escolhas?
Sim. Até bem demais (risos). Sempre adoraram e os meus avós maternos são os meus fãs número um. Os meus pais também me apoiaram e sempre gostaram de me ver. Mas sempre me disseram para ter outra base, por causa da inconstância.

Tem feito cinema e televisão. Falta experimentar o teatro…
Em Portugal nunca tive oportunidade de fazer teatro, mas gostava de experimentar. Quando vivi seis meses no Rio de Janeiro estudei teatro musical. Adorei a experiência e tivemos um espetáculo durante três dias. Foi uma experiência muito boa. Pode ser que um dia surja a oportunidade.

Em que registo é que se sente mais à vontade?
Gosto de desafios. Tenho feito muitas vezes de menina rica, boazinha e apaixonada (risos). Gostava de contrariar esta imagem.

Mas acha que tem realmente essa imagem?
Pelo menos são as personagens que me dão (risos). As pessoas dizem-me isso e respondo que quero fazer uma má ou uma louca. Quanto ao formato, se pudesse só fazia cinema. Mas é algo muito complicado. Também gosto imenso de fazer séries históricas.

Já foi considerada uma das mulheres mais belas da sua geração…
Já ganhei um concurso, mas não ligo a isso. Quero que as pessoas gostem de mim pelo meu trabalho. Pensava que me viam como uma menina e nunca me vi muito sexy, mas fico contente.

Este tipo de distinções fazem com que deixe de ser vista como uma menina?
Acho que sim. E isso é bom para mim porque já não sou uma criança. Já me vejo como uma mulher. Prefiro que me vejam como mulher num concurso onde me destacam do que posando para uma revista masculina. Era incapaz de fazer isso. Assim, até fico lisonjeada.

Sente que as pessoas ainda a associam aos Morangos com Açúcar?
Sim, bastante. Quando estava a fazer Olhos nos Olhos, há cerca de três anos, estava loira. Nessa altura as pessoas associavam-me à personagem dessa novela. Quando estou morena, o que é quase sempre, associam-me aos Morangos. Se estiver com amigas, somos todas dos Morangos (risos). Fiz Morangos há sete anos e as crianças ainda se lembram de mim e isso deixa-me contente.

Ser mulher significa trabalhar a dobrar para se revelar o talento para além da imagem?
Na altura dos Morangos foram buscar-nos a agências de manequins e dizia-se que os manequins não sabiam representar. Mas isso não é verdade. Todas as pessoas têm de começar por algum lado. A verdade é que as pessoas gostam de ver pessoas bonitas. Tem de existir um equilíbrio entre a beleza e a vontade de aprender. Não é só ter uma cara bonita.

É perfeccionista?
Sou. Tenho de estar completamente segura do que vou fazer. Sempre fui assim.

Esteve muitos anos no Conservatório. Não sente saudades da dança?
Quis ser bailarina e comecei a fazer ballet com cinco anos. Acabei por desistir porque não queria dança clássica. Depois, saí do Conservatório porque queria ser médica e não conseguia equivalência. Mas nunca me desliguei da dança. Fiz hip-hop e dança contemporânea. Agora, não tenho tido muito tempo, mas faço algumas aulas de dança no ginásio. Tenho pena de não ter mais tempo.

Nas últimas férias esteve com um grupo de amigos na Ásia. Como correu essa experiência?
Foi ótimo. Foi uma viagem de um mês à maluca, de mochila às costas. A únicas coisas que estavam marcadas eram as passagens aéreas nos sítios principais. Passei 15 dias na Indonésia e outros 15 na Tailândia. Foi uma viagem muito enriquecedora. Aprendi imenso. O melhor que podemos fazer é viajar, até para nos conhecermos como pessoas.

Já tem outra aventura dessas planeada?
Ainda não. Mas gostava de fazer algo do género na América do Sul.
A faculdade e a representação deixam-lhe tempo suficiente para a sua vida pessoal?
Arranja-se sempre tempo para tudo. Se não tiver tempo para os meus hobbies não sou eu.

E para namorar?
Posso dizer que estou bem como estou.

Faz parte dos seus planos casar pela Igreja e ser mãe?
Sim. Sou muito tradicional. Quero casar pela Igreja, atirar o bouquet, ter muitas madrinhas e um copo-d´água com muita gente. No meu grupo de amigas sempre sonhámos com isso. Quero casar, ter filhos e ser feliz para sempre (risos).

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Bruno Peres; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e cabelo: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel

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