Alberto Lopes, neuropsicólogo/hipnoterapeuta, especialista em Fobias na Clínica Dr. Alberto Lopes – Psicologia & Hipnose Clínica explica:
De forma simples, uma fobia é um medo irracional e intenso de um objeto, situação ou circunstância específica. Ao contrário do medo comum, que pode ser uma resposta natural a um perigo real, a fobia é desproporcional à ameaça sentida e provoca uma resposta de ansiedade extrema, levando a pessoa a evitar a qualquer custo o objeto ou situação temida. Esta sintomatologia acompanhada, muitas das vezes, pelo síndrome pânico ou mesmo acompanhada de ataques de pânico, leva a que os pacientes fóbicos passem a evitar a qualquer custo as situações desencadeantes do processo fóbico, alterando completamente as suas rotinas de vida. As fobias fazem parte do espectro clínico das perturbações de ansiedade generalizada.
O que é a Michaelfobia?
A “Michaelfobia” não é uma condição clínica oficialmente reconhecida no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Perturbações Mentais (DSM-5), mas enquadra-se no espectro das fobias específicas. Nesse contexto, trata-se de um medo irracional e desproporcional relacionado a ver imagens, ouvir música ou até mesmo pensar no cantor Michael Jackson. Este tipo de fobia específica envolve a associação do artista a emoções intensas de medo, ansiedade ou desconforto extremo, mesmo na ausência de uma ameaça real. Tal fobia pode estar ligada a experiências passadas negativas ou traumáticas que ocorreram enquanto a pessoa estava exposta à figura ou à música de Michael Jackson. Quase sempre estas associações negativas acontecem na infância e, se não forem tratadas deixam um impacto psíquico limitante que perdura e permanece na vida adulta.
Os gatilhos a evitar
Situações que envolvem qualquer elemento associado a Michael Jackson podem ser gatilhos para quem sofre de Michaelfobia. Um exemplo clássico é o videoclipe de Thriller, lançado com o álbum homónimo em novembro de 1982, que apresenta cenas aterradoras de zombies a dançar. Para uma criança, ou mesmo um adulto sensível, visualizar essa experiência pode ser extremamente assustadora e originar um medo fóbico. A partir dessa exposição, qualquer coisa relacionada ao artista pode funcionar como gatilho — ouvir uma música na rádio, ver uma fotografia ou assistir a um vídeo em que ele aparece. Os sintomas aparecem do nada e de forma inconsciente e incluem ansiedade intensa, sensação de pânico, taquicardia, sudorese, tremores, falta de ar e uma necessidade urgente de fugir ou evitar a situação, o que pode afetar seriamente o dia a dia de quem sofre dessa fobia.
As principais razões
A Michaelfobia pode ser causada por uma experiência traumática ou desagradável que ocorreu enquanto a pessoa estava exposta à música ou imagem de Michael Jackson. Este fenómeno chama-se aprendizagem associativa, onde o cérebro associa um estímulo (neste caso, o artista ou o seu trabalho) a uma emoção negativa.
Outro mecanismo que pode estar envolvido é o medo por modelagem, que acontece quando a pessoa, sobretudo na infância, observa alguém próximo, como um familiar, a manifestar medo ou até fúria em relação ao artista. Ao presenciar essas reações, a criança pode imitar essa resposta, aprendendo a associar Michael Jackson a uma sensação de perigo. Por fim, temos o medo por transferência ou imprint, onde a pessoa absorve um medo exagerado de alguém próximo, como pais ou outros cuidadores. Se, por exemplo, um adulto demonstra ansiedade extrema enquanto vê um videoclipe de Michael Jackson, a criança observa e aprende a interiorizar essa resposta emocional, mesmo sem entender o motivo, criando assim uma fobia relacionada ao artista.
A Michaelfobia é uma fobia rara. Fobias específicas relacionadas a uma celebridade ou figura pública são pouco comuns. Contudo, podem ocorrer devido à forte presença mediática ou cultural da figura e à ligação emocional ou traumática que a pessoa desenvolve.
Outras fobias comuns
Embora fobias a celebridades não sejam muito comuns, existem casos de fobias relacionadas a personagens públicas ou figuras do entretenimento, como medos associados a palhaços ou personagens fictícias de filmes de terror – esta última ocorre com mais frequência. Estas fobias costumam ter raízes semelhantes, onde uma figura amplamente exposta na cultura é associada as emoções de medo ou trauma.
Deve recorrer à hipnose
Alguém que sofre de Michaelfobia ou de qualquer outra fobia específica deve procurar ajuda psicológica, pois as fobias são incapacitantes. Embora a terapia de exposição ou a TCC sejam abordagens eficazes, permitindo que a pessoa enfrente o objeto do medo de forma gradual e controlada, o uso da hipnose clínica, em particular a hipnose regressiva, oferece vantagens significativas no tratamento de fobias.
Passo a elencar as principais vantagens do uso da hipnose:
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A hipnose clínica tem a capacidade de atuar diretamente nas causas profundas e muitas vezes inconscientes do medo, permitindo ao paciente explorar memórias da infância que podem ter sido esquecidas ou reprimidas, onde a origem da fobia pode estar enraizada. Este tipo de abordagem é altamente eficaz, uma vez que não apenas trata os sintomas, mas também identifica e resolve os traumas subjacentes.
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Uma das principais vantagens da hipnose é a sua rapidez, ela é imbatível em tratar de forma rápida e eficaz este tipo de perturbações. Ao contrário de outras formas de terapia que podem levar meses, ou até anos, com a hipnose é comum observar resultados em poucas sessões. Muitos pacientes conseguem superar as suas fobias num número reduzido de encontros, o que torna este método extremamente eficiente.
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Outro benefício importante é que a hipnose evita o uso de medicação, focando-se numa abordagem natural e segura que promove o equilíbrio emocional. Ao criar uma atmosfera de paz e segurança emocional, o paciente consegue lidar melhor com as suas emoções desproporcionais, aprendendo a gerir a ansiedade de forma mais eficaz e a reformular a resposta emocional ao estímulo que provoca a fobia.
Em suma, a hipnose regressiva é uma ferramenta poderosa para libertar as pessoas dos medos que condicionam as suas vidas, atuando nas suas origens mais profundas e promovendo uma recuperação rápida e duradoura, sem necessidade de medicação.
Fotos: D.R.
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