Mário Jardel
O vício das drogas e do álcool: “Desci ao inferno, rodeei-me de más companhias”

Nacional

Mário Jardel, de 47 anos, fala sobre o vício das drogas e do álcool, as polémicas na política e recorda o passado no futebol numa entrevista a Júlia Pinheiro, na SIC

Qui, 14/01/2021 - 18:29

“Da fama à solidão”. Mário Jardel foi entrevistado por Júlia Pinheiro, no programa das tardes da SIC, e relembrou o passado no futebol e abriu o coração ao falar sobre erros que cometeu ao longo da vida, levando-o ao vício das drogas e do álcool. 

O antigo futebolista, de 47 anos garante: “Desci ao inferno, rodeei-me de más companhias.”

A infância   

“Na barriga da minha mãe já dava umas cabeçadas”, começa por dizer Mário Jardel, entre risos, recordando o talento do futebol, que o acompanha desde criança. 

“Super Mário”, como era conhecido dentro das quatro linhas, nasceu em Fortaleza, no Brasil. “Não sentia falta de nada. Tinha uma vida farta”, conta. Mas, uma infância marcada por violência e alcoolismo na família marcou-o até hoje.

A vida no futebol

“Com 14 ou 15 anos já me pagavam para jogar em futebol de rua”, diz. Apesar de não ser bom aluno, Jardel viveu uma adolescência tranquila e rigorosa. O foco era só um: chegar à selecção brasileira e fazer história no mundo do futebol.

Jardel casou-se aos 21 anos. Uns anos depois separou-se e já há 12 anos vive um relacionamento com Sandra. “Conhece até o meu respirar”, declara. 

Em 1996 Mário Jardel foi contratado por Pinto da Costa e veio jogar para o FC Porto. Portugal apaixonou-se pelo futebolista e Jardel garante que foi muito feliz “por cá”.

“Ninguém fez o que eu fiz de golos, fiz 42 golos num campeonato”, recorda. “Comecei a ganhar dinheiro de verdade desde que vim para o Porto.”

A depressão e o vício das drogas

Em 2002, Jardel entrou em depressão, depois da separação e de ter ficado de fora do Mundial, e foi aí que o “inferno” começou.

Poucos anos depois, em 2008 começou a consumir cocaína no Brasil. “Uma coisa que me custou caro. Foi a curiosidade”, admite. “Droga e álcool. Uma coisa leva à outra”, recorda. Mário Jardel revela ainda: “Chamei a TV Globo e disse que estava à procura de ajuda.”

A dependência fez com que o futebolista ficasse com a vida arruinada. “Sentia ressaca moral, emocional. Às vezes sentia vergonha de mim mesmo. Aquela vontade…”, lembra. “Hoje procuro errar o menos possível para me olhar ao espelho e me ver bem bonitinho.”

Pai de três filhos – duas raparigas e um rapaz – Jardel garante: “Qualquer deslize eles ajudam-me.” E, apesar de tudo, procura “ser um bom pai, presente.”

“Graças a Deus consegui tirar este vício da minha vida. Ajoelhando-me, a pedir a Deus, e com ajuda médica”, explica, convicto de que foi a fé que o salvou. 

Mário Jardel esteve em reabilitação e revela que não consome “há muito tempo”. “Estou muito feliz. Sou uma pessoa muito boa. Procurem amizades e ambientes bons e vão-se dar bem na vida”, aconselha. 

A entrada na política 

Mas os problemas não se ficaram por aqui. Em 2014 Mário Jardel entrou no mundo da política e foi deputado estadual de Rio Grande do Sul. “Recebi um convite de um amigo. Caí de paraquedas num ambiente que estava a pegar fogo.”

“Não entendia nada. Armaram para cima de mim”, diz. Mário Jardel foi acusado de vários crimes, como tráfico de droga e corrupção. “Fui acusado e absolvido”, conta. “Fui armadilhado, sem dúvida nenhuma. Fui ameçado de morte, tenho gravações.”

Atualmente, Mário Jardel joga como veterano e faz por ter uma vida saudável e longe de polémicas. 

Texto: Joana Dantas Rebelo, Fotos: divulgação SIC 

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