Maria Pitta Paixão
O desabafo sobre a amamentação: «Chorei o primeiro mês praticamente todo porque me sentia má mãe»

Nacional

Maria Pitta Paixão faz desabafo sobre a amamentação e conta como lidou com as dificuldades que a fizeram chorar «praticamente o primeiro mês todo» do filho António

Qui, 06/08/2020 - 10:31

Maria Pitta Paixão, filha de Bibá Pitta, escreveu um sentido desabafo sobre a amamentação, quando se assinala a Semana Mundial do Aleitamento Materno. Mãe de dois filhos, Duarte, de quatro anos, e António, de três meses, Maria Pitta Paixão tenta desmitificar «esse monstro de sete cabeças para tanta gente». A hospedeira, que sempre defendeu a amamentação e diz até ter chegado a «criticar» quem não amamentava, revela estar a ter dificuldades com o segundo filho, apesar de ter superado esse desafio quando foi mãe pela primeira vez.

Maria Pitta Paixão conta que, desta vez, fez uma mastite e teve de recorrer a outra alternativa para alimentar o filho António. «Chorei o primeiro mês praticamente todo porque me sentia má mãe e cada vez que olhava para o António sentia-me mal porque no Duarte fui capaz de amamentar e deste não, ou melhor, mal», refere. Contudo, a filha de Bibá Pitta aprendeu a aceitar a dificuldade e voltou a sentir-se feliz: «Não sou menos mãe por isso», frisa.  «Tenho um filho saudável e isso chega». 

Leia aqui o desabafo na íntegra: 

«Pensei muito se escreveria sobre este assunto ou não mas a realidade é que não quero deixar passar esta oportunidade, nem que seja para ajudar pessoas que passaram pela mesma situação que eu.
Então, como já sabem estamos na semana da amamentação, esse monstro de sete cabeças para tanta gente.
Sempre fui a maior apologista da amamentação, sempre defendi com unhas e dentes as pessoas que davam de mamar e cheguei até a criticar e a não perceber como é que as pessoas não queriam nem gostavam de amamentar. Sabem que mais? o peixe morre pela boca! 

Dei 10 meses de mamar ao Duarte, uma subida de leite horrível, mamilos gretados, sangue e tudo a que tive direito. Um bebé sem sucção por ter nascido prematuro, neonatologia connosco e um esforço enorme. A verdade é que conseguimos e tivemos 10 meses incríveis de amamentação.

Durante a gravidez do António disse sempre que a coisa que mais tinha saudades e que mais queria era amamentar. Achei eu que ia ser muito mais tranquilo e que, como a primeira experiência tinha sido tão complicada, que deste ia ser a maior da minha aldeia e que ia ser tudo facílimo. Haha, tão bom! Que erro tão grande, que estupidez tão parva.

Comecei a ter colostro nos dias anteriores ao parto e, apesar de ter feito uma cesariana eletiva, no dia em que cheguei ao hospital saiu-me o rolhão mucoso e tinha contrações frequentes, ritmadas e estava com algum desconforto. Foi perfeito, o meu corpo estava a entrar em trabalho de parto quando ele nasceu por isso foi tudo muito natural, tão natural que no dia a seguir já não baixava os braços de tanto leite que tinha. Abençoadas enfermeiras daquele hospital que, sempre que precisei, foram as primeiras a ajudar-me com isto. Naqueles 3 dias em que estive no hospital conseguiram ser família. A família que não pôde estar presente e que só conheceu o bebé quando chegou a casa, incluindo o próprio PAI. 

Desde o início, nesta segunda viagem de amamentação, que as dores foram mais que muitas e o desconforto também. Achei que aquilo era passageiro mas não foi e ainda me trouxe uma mastite.
O António perdeu peso, custava-me dar de mamar e tive que, a certa altura, começar a suplementá-lo e optei por deixar de dar de mamar e comecei só a extrair leite. O dar de mamar passou a ser um mimo de manhã quando ele saía do berço e me dava uns minutos ainda para dormir.

Tirar leite de 3 em 3 horas é ainda mais desgastante do que dar de mamar e inclui uma logística muito maior.

Fiz tudo o que podia e o que achei que era melhor. Chorei o primeiro mês praticamente todo porque me sentia má mãe e cada vez que olhava para o António sentia-me mal porque no Duarte fui capaz de amamentar e deste não, ou melhor, mal. Eu que não me considero uma pessoa influenciável sentia-me mal cada vez que me perguntavam “então e estás a dar de mamar?”. Cheguei a estar a comprar Aptamil na caixa de supermercado e a senhora da caixa me perguntar: “então já não tem leitinho para o seu bebé? eu percebo, estes tempos são complicados”. Aquela senhora disse aquilo, sem maldade nenhuma, mas sem pensar e sem saber como é que aquele comentário ia ser recebido por mim e se teria algum impacto. Não teve e só não teve porque eu já tinha posto na cabeça que não sou menos mãe por isso.
Bem, já desabafei.

Nesta semana da amamentação quero dizer-vos que este caminho está a chegar ao fim e que me sinto bem com isso. Sinto-me feliz. Tenho um filho saudável e isso chega. A todas as mães que não conseguiram amamentar e tiverem problemas com isso, quero dizer-vos que não são menos mães por isso e que um bebe feliz é reflexo de uma mãe BEM E FELIZ.
A todas as mães que conseguem, estou convosco também!
Um beijinho»

Texto: Ricardina Batista; Fotos: Impala e reprodução redes sociais   

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