Maria João Abreu
Marido partilha desabafo emotivo da atriz: “Só o amor pode salvar”

Nacional

João Soares, marido de Maria João Abreu, publicou um texto escrito pela atriz no final de 2020 e no qual a artista, que morreu a 13 de maio, versava sobre o amor.

Qui, 20/05/2021 - 6:40

O marido de Maria João Abreu publicou um texto escrito pela atriz no final de 2020 e no qual a artista, que morreu a 13 de maio, versava sobre o amor. João Soares, que era casado com Maria João há 12 anos, explica a recordação como uma forma de todos poderem “melhor compreender o ser imenso e intenso” que era a sua mulher.

“Porque não deixou de o ser. Nunca deixará”, completa o viúvo. Maria João Abreu perdeu a vida depois de ter sofrido, no final de abril, o rebentamento de, pelo menos, um aneurisma. Esteve internada durante cerca de 15 dias no Hospital Garcia de Orta, em Almada, onde esteve em coma induzido.

Ao texto que escreveu naquela altura, deu o título de “É Urgente o Amor”.

Leia-o o texto de Maria João Abreu na íntegra:

“A sociedade impõe-nos regras, incute-nos responsabilidades e medos, dogmas e certezas, e outras vezes, incertezas. Mas permite-nos (ainda) poder falar. Felizmente!

Fala-se de política, de religião, de muitas religiões, de ciência, de factos, disto e daquilo, do que se sabe, e cada vez mais, do que não se sabe, e acabamos, sem saber, enclausurados num mundo vertiginosamente frágil.

Nele, onde todos opinamos exaustivamente sobre tudo e sobre nada, acabamos muitas vezes, em severas, agressivas, emocionadas e insultuosas discussões, das quais, quase sempre, sai apenas a raiva e o ódio, acompanhado de alguma satisfação pessoal em como conseguimos, de alguma forma, levar a nossa por diante…

É verdade que, de “de doutor e de louco, todos temos um pouco”. Mas de repente, o foco é apenas atingir o outro e fazer prevalecer a nossa razão. Perdeu-se a humildade. Perdeu-se a capacidade de acatar. De saber errar. De aceitar e de nos aceitarmos. A Todos. Uns aos outros. Aos outros, especialmente.

Duas das maiores capacidades do ser humano são amar e perdoar. Só assim teremos a liberdade interior a vontade inexorável de explorar os desígnios da humanidade. Só assim, aquela chama interior que em princípio todos teremos, brilhará. Será essa a ignição perfeita para termos a paz necessária que nos fará sentir solidários.

É urgente o foco em cada um de nós.
É urgente ser singular, mas pensar colectivo.
É urgente deambular pelas ruas sem deixar de olhar os outros.
É urgente acabar com esta inércia que nos prende e nos esvazia os sentimentos.
É urgente caminharmos confiantes, sem medos e sem julgamentos.
É urgente construir um mundo mais justo e talvez, com sorte, perfeito.
É urgente o Amor.
Porque só o Amor pode salvar.”

Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: Reprodução Instagram

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