Liliana Campos
“O Natal não é uma altura feliz para mim”

Nacional

Liliana Campos conta como vive com a saudade da mãe, que partiu há dois anos

Dom, 23/12/2018 - 21:00

Desde que a mãe morreu, em janeiro de 2016, que os natais de Liliana Campos passaram a ser mais tristes. A apresentadora do Passadeira Vermelha recorda os últimos anos com a mãe.

VIP – Como e onde é que vai passar o Natal?
Liliana Campos – Vou passar a noite de 24 com a minha família e o dia de Natal com a família do Rodrigo. Geralmente, fazemos assim, alternamos de ano para ano.

Já comprou os presentes todos ou gosta de deixar para a última hora?
Não gosto de deixar nada para a última hora, não gosto de confusões até porque já está tudo escolhido e há filas enormes, por isso antecipo-me sempre. 

No dia 24 à noite prefere a troca de presentes ou a missa do galo?
As duas coisas. Durante muitos anos sempre conciliámos a missa do galo com a entrega/abertura dos presentes. Infelizmente, nos últimos anos não tenho ido à missa do galo, por vários motivos, mas é uma tradição que quero sem dúvida voltar a cumprir porque somos uma família católica. Para nós, o Natal, representa o nascimento do Menino do Jesus. 

Como é que recorda os Natais da sua infância?
Com muita felicidade, alegria e nostalgia. Eram, sem dúvida, Natais muito felizes. Era a reunião da família, a chegada dos meus tios e primos, a abertura dos presentes, muitos jogos e muitas brincadeiras… Além destes elementos, sempre nos foram incutidos os valores da religião católica e ainda bem que assim foi porque, hoje em dia, eu tento fazer o mesmo com as crianças da minha família e lembrá-los que esta época não é só importante pelos presentes, mas é também uma época de família, solidariedade, das pessoas estarem juntas. Eram assim os Natais da minha família. 

O que é que é imprescindível na mesa de Natal?
Nós somos uma família do Norte, por isso, além do bacalhau, que faz parte da tradição, nós temos o polvo. Gosto muito de arroz de polvo, com polvo frito. Depois todos aqueles doces típicos desta época e tradicionais… 

Gosta de cozinhar? Quais são as suas especialidades para a ceia de Natal?
Sim, mas nesta época não sinto essa obrigação. Durante a minha vida toda a minha tia é, sem dúvida, a melhor cozinheira e a minha mãe era a doceira e, na verdade, fiquei sempre muito descansada em relação a isso. Para ser sincera, no Natal é quando menos cozinho, tenho uma família que tem imenso jeito para cozinhar e prefiro colocar-me um pouco de parte e deixá-las fazer “magia”. A mim cabe-me mais enfeitar a casa, pôr a mesa, fazer os centros de mesa, decoração…

O Rodrigo também ajuda? 
O Rodrigo é um excelente cozinheiro e até cozinha melhor que eu. Nessa noite ajuda de uma forma diferente porque, como faz caça submarina, ele é que traz o polvo para a ceia. 

Costuma perder muito tempo a pensar no presente que vai oferecer ao seu marido?
O presente do Rodrigo é especial, claro que penso naquilo que o fará feliz, o fará esboçar um sorriso de orelha à orelha. Como disse, estou sempre atenta às conversas e aquilo que se passa à minha volta, quer com o Rodrigo ou com os restantes familiares, por isso vou apanhando algumas coisas do ar (risos). Em caso de dúvida pergunto aos amigos dele. 

Que presente gostava de receber?
Não há nenhum presente que eu diga que quero muito. Graças a Deus, já tenho muita coisa e estou numa fase da minha vida e numa idade em que o presente ideal é estar com aqueles que amo, que tenham saúde e viajar… que é um dos presentes que o Rodrigo me oferece e que eu também ofereço a mim mesma. 

O final do ano é uma altura um pouco triste para si, uma vez que perdeu a sua mãe no dia 3 de janeiro. Com o passar dos anos vai sendo mais fácil ou antes pelo contrário? 
O Natal não é, de todo, uma altura feliz para mim. Cresci com a magia do Natal e é algo a que eu quero voltar porque fui educada dessa forma. É uma altura de família, de união… O tempo até agora não ajudou, mas, da minha parte, tento fazer com que essa vontade de comemorar esta época volte, até porque há outras pessoas à minha volta que precisam que isso aconteça, mas não deixa de ser uma época que me marcou de uma forma negativa. 

Como é que se minimizam as saudades?
Gostava de ter essa fórmula, gostava de poder não sentir tanta saudade, que a saudade não doesse tanto, mas ainda não sei… a ideia é trazer à mente as coisas boas e que essas prevaleçam para sempre. 

Quais são as melhores recordações que guarda dela?
A melhor mãe do mundo, era uma mulher cheia de amor, de carinho, de preocupação para com os outros, mas especialmente para com os filhos. Foi uma mulher que abdicou de ser mulher para ser mãe. Viveu a maternidade sempre muito preocupada com tudo aquilo que nos acontecia, a vibrar muito com as coisas boas que nos aconteciam e a sofrer muito com as menos boas. Foi, sem dúvida, um exemplo de mãe, uma pessoa serena, muito querida e carinhosa, enchia-nos de mimos, de beijos e ternura. Eu digo que a minha mãe transmitia um amor enorme e não sou a única pessoa a dizê-lo. Amor puro era tudo o que a minha mãe era. 

Como recorda o último Natal com a sua mãe antes dela estar doente?
A minha mãe era a matriarca da família, em que a preocupação para que tudo corresse bem era enorme, era a maior doceira do mundo… fazia doces que muitas vezes não chegavam a ser encetados. Não havia Natal em que alguém não levasse algo para casa ou não distribuísse pelos vizinhos (risos). Nada falhava, vinham sempre amigos e a família, até os vizinhos, e havia sempre espaço para mais alguém. Era uma pessoa tão ternurenta que acolhia todos no seu abraço, na sua casa, no seu ninho. 

Revelou, recentemente, que passou por grandes dificuldades para cuidar da sua mãe. Quer contar-nos o que passou?
Todos os cuidadores passam por dificuldades, quem passou e passa por elas sabe exatamente do que estou a falar. Eu passei pelo mesmo que estas pessoas, que é a impotência, o não conseguir fazer mais nem melhor, são as dificuldades financeiras para proporcionar tudo o que é preciso para aquela pessoa que amamos tenha o maior conforto possível e, consequentemente, abdicar de tudo para lhes proporcionar isso. 

Como reagiu quando soube que a empregada que tinha contratado estava a maltratar a sua mãe? 
Durante este período tive contacto com todo o género de pessoas e prefiro agradecer a aquelas que me ajudaram e que tornaram a minha vida um bocadinho mais fácil, do que a pessoas que nos fizeram muito mal, especialmente à minha mãe. Há pessoas que não são talhadas para cuidar das outras, especialmente acamadas e, portanto, estão ali para ganhar ordenado ao final do mês e acabam por não tratar as pessoas como seres humanos. Nós confiamos porque temos de continuar a nossa vida profissional e, de repente, apercebemo-nos que na nossa ausência acontecem coisas que nem desconfiávamos, como roubos bens materiais, maus-tratos… Prefiro lembrar os anjos que apareceram e ajudaram na fase mais complicada da minha vida.  

Não ter filhos foi uma opção?
Não foi uma opção, pelo contrário, foi algo que aconteceu. Eu sempre achei que ia ser mãe porque, de alguma forma, sinto que sou muito maternal. Deus não quis que isso acontecesse, não me vou estar a martirizar, nem culpar-me. 

Já colocou a hipótese de deixar a Televisão e ir para os Açores viver com o Rodrigo? 
O meu marido não está a viver nos Açores, ele tem negócios lá. O Rodrigo passa ainda a maior parte do tempo cá, porque tem cá os filhos.  

Tem cuidados com a alimentação?
Tenho alguns, não vivo obcecada. Sou muito gulosa, gosto de todo o tipo de doces e nem é tanto pelo engordar, é mais pelo açúcar, que é considerada a droga do século, que nos pode trazer problemas de saúde. Procuro cada vez mais uma alimentação saudável e tento fugir à junk food… Há imensos alimentos que fazem parte da alimentação tipicamente portuguesa que eu dispenso e depois acabo por compensar com uma alimentação mais saudável. Também não sou grande fã de pão. E ainda tenho a sorte de não engordar com facilidade. 

O que faz para manter a forma aos 47 anos?
Não tenho grandes segredos. Desde cedo cuidei de mim e agora o facto de ser a cara da Body Concept e ter acesso aos tratamentos dos mais variados tipos também me ajudam. Tenho sim cuidados com a pele, o cuidado de me desmaquilhar sempre, hidratar, tratamentos antirrugas… devia ser mais regrada e ter estes cuidados com maior regularidade. Por outro lado, sou vaidosa, que vive da imagem e sei que estou a ser julgada nesse sentido, mas não é de todo uma obsessão. 

Sendo que o Rodrigo passa muito tempo nos Açores por motivos profissionais, como se mantêm um casamento à distância? 
Para mim não é nada fácil estar afastada do Rodrigo. Não sei lidar com a distância. Já foi mais difícil. Há aqui uma tentativa de compreender que a presença dele nos Açores é necessária, porque a vida profissional dele assim o obriga. Além disso, vai abrir um novo resort em maio do próximo ano. Não gosto de o ter longe, mas, como tudo na vida, vamos aprendendo a aceitar e arranjamos mecanismos que nos ajudam a lidar com a distância.  

Qual o segredo de um casamento feliz?
Todas as relações têm os seus altos e baixos e é muito importante falar sempre e de tudo. Também é fundamental a compreensão, a amizade, nunca deixar a chama da paixão apagar, partilharmos as mesmas rotinas, os mesmos gostos… havendo sempre um respeito grande pelo espaço de cada um e pelos gostos de cada um. É muito importante namorar e continuar a sermos eternos namorados. Segredos não tenho e penso que nem haja uma resposta concreta a essa pergunta, mas o amor talvez seja o essencial.

Durante muitos anos foi e continua a ver a sua vida nas revistas. Como é que se sente ao apresentar a Passadeira Vermelha em que se fala e critica tanto a Imprensa escrita?
O Passadeira Vermelha não fala nem critica a Imprensa escrita, comenta apenas o que vem escrito sobre as figuras públicas que são conhecidas do grande público e, portanto, cada um tem a sua opinião, opiniões divergentes e é bom estar num ambiente em que, apesar das opiniões nem sempre serem consensuais, há um respeito enorme pelo outro… fico muito feliz por fazer parte desta equipa. É um programa de sucesso, as pessoas gostam de ver e continua a crescer. Celebramos cinco anos este ano, o programa continua a crescer e a adaptar-se a todo o tipo de públicos. O que acontece por vezes é que os comentadores discutem a forma como a Imprensa escrita comunica os acontecimentos, a forma como são dadas as notícias, as suas fontes… isso é o que é especulado, mas tendo sempre em consideração o papel do jornalista e o seu meio. Mas só temos de agradecer aos meios de comunicação, especialmente à Imprensa escrita, porque se calhar sem eles o Passadeira não existia. Eu também agradeço, pessoalmente, à Imprensa escrita porque ao longo destes 25 anos, em que tenho sido entrevistada e a minha vida pessoal tem sido relatada, foi tudo com um respeito e consideração enormes. 
 

Dá importância à festa da passagem de ano?
Não, mas gosto muito dessa altura para viajar. Quando a minha mãe esteve doente, muitas vezes tive de prescindir destas viagens. É a altura que mais gosto de viajar e, além disso, é mais fácil estar mais tempo fora. À festa propriamente dita, quando estou em Portugal, gosto de estar com amigos e organizar um jantar. 
 

Onde vai passar o réveillon e com quem?
Vou passar com o Rodrigo, mas ainda não sabemos onde. Temos várias hipóteses em cima da mesa. Desde que a passemos juntos sabemos que tudo vai correr bem.
 

Quais os seus desejos para 2019?
Paz e amor para todos, porque da forma como vimos este mundo caminhar assusta-nos… Para mim desejo continuar a evoluir enquanto ser humano, que tenha muita saúde, eu e os que amo, e, sem dúvida, continuar rodeada deles. A nível profissional, desejo muito que a revolução que a SIC começou este ano continue a dar frutos e tenho a certeza que em 2019 será um ótimo ano para a televisão portuguesa. Desejo que o resort que o Rodrigo vai abrir em maio nos Açores seja o maior sucesso. Desejo namorar muito, viajar muito e tudo de bom para os meus e para toda a gente. 
 

Texto: Carla Vidal Dias; Fotos: José Manuel Marques; Produção: Elisabete Guerreiro; Maquilhagem e cabelos: All About Makeup  

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