Júlio Magalhães
Recorda dias difíceis na TVI: “Vivia num desespero total. Nem dormia”

Nacional

Júlio Magalhães falou sobre saída da TVI e os momentos difíceis que viveu no canal. No entanto, não fecha portas a um possível regresso a Queluz de Baixo.

Sáb, 30/01/2021 - 16:40

Júlio Magalhães assumiu que gostava de voltar a trabalhar na TVI. O jornalista, de 57 anos, que deixou o Porto Canal há cerca de duas semanas, onde exercia o cargo de Diretor-Geral, não fecha as portas a um regresso a Queluz de Baixo, mas disse que essa decisão “não depende dele”.

Juca, como é carinhosamente tratado pelos mais próximos, deu uma entrevista a Maria Cerqueira Gomes, no programa “Conta-me” transmitido na tarde deste sábado, 30 de janeiro, e não deixou nada por dizer: recordou a saída difícil da TVI, a festa de despedida que lhe fizeram e falou ainda do Porto Canal. Sobre o canal de Queluz de Baixo, Júlio Magalhães assumiu que o período em que foi diretor de Informação “foi o momento mais difícil da sua vida, da sua carreira profissional”.

“Foram momentos muito difíceis, porque foi a seguir a momentos muito violentos em termos políticos, em termos de comunicação, em termos de audiências… Na altura, havia muita crispação entre o poder político e a comunicação social”, recordou.

Júlio Magalhães foi nomeado Diretor de Informação da TVI em setembro de 2009. Até então coordenador da Delegação da estação no Porto, o jornalista rumou a Queluz de Baixo para ocupar o cargo que era ocupado, de forma interina, por João Maia Abreu.

Na altura, o ambiente da redação da TVI era tumultuoso, na sequência da suspensão por parte da administração do “Jornal Nacional – 6.ª Feira”, apresentado por Manuela Moura Guedes, que levou à demissão em bloco da Direção de Informação, da Chefia de Redação e dos Editores da estação da Media Capital.

 

Júlio Magalhães: “Todos os dias havia problemas”

Apesar dos momentos difíceis que viveu, Juca recorda que houve situações muito positivas. “Se, de facto, foi o momento mais difícil da minha vida, foi também aquele em que senti a maior solidariedade de sempre de todas as pessoas que trabalhavam comigo. Hoje, olho para trás e digo que valeu a pena por causa disso”, lembrou.

E justificou a dualidade de sentimentos: “Nos primeiros meses, quase um ano, vivia num desespero total. Nem dormia à noite. Ia dormir e quase não dormia, porque todos os dias havia problemas. Aquilo estava muito dividido.”

“Tive a solidariedade de toda a gente da TVI. Quando me despedi, tinha 400 pessoas num espaço que eles arranjaram. Marcaram uma festa de despedida. Esse momento foi aquele em que eu disse: ‘Valeu a pena’”, afirmou.

A decisão de abandonar a liderança da Informação do canal de Queluz de Baixo tinha sido comunicada, dias antes, numa festa da TVI “onde estavam mais de mil pessoas”. “Custou bastante. […] A única pessoa que tinha avisado antes fora o professor Marcelo [Rebelo de Sousa, hoje Presidente da República e então comentador político da TVI, num espaço moderado precisamente por Júlio Magalhães]. Na altura, foi uma surpresa grande para as pessoas.“

 

Saída do Porto Canal foi “muito civilizada, muito tranquila”

Dezoito meses depois, em fevereiro de 2011, o jornalista deixou de ser Diretor de Informação da TVI. Em novembro do mesmo ano, deixou a estação para rumar ao Porto Canal. Nove anos depois, Juca encerra um “belo ciclo” de comum acordo com a administração do FC Porto.

“Foi uma bela viagem. Ao fim de nove anos, há um desgaste natural entre a minha pessoa, entre as pessoas que comandam o Porto Canal, no caso a administração do FC Porto. Houve um desgaste que terminou agora. É como digo: não podemos ser eternos. A determinada altura, as ideias não são as mesmas”, assumiu a Maria Cerqueira Gomes, que conheceu precisamente no Porto Canal.

Questionado pela apresentadora se guarda alguma mágoa deste adeus, Júlio Magalhães foi perentório, garantindo que “esta saída foi muito civilizada, muito tranquila”. “Entre mim e o topo, foi algo que foi absolutamente conversado. Chegámos ambos à conclusão de que já não tínhamos projetos iguais. A administração do FC Porto, legitimamente, quer ter um canal mais de cidade, mais de clube… Eu sempre lhes disse que, se fosse para fazer um canal de clube ou um canal mais local, não precisavam de mim para nada”, lembrou. Fechada a porta do Porto Canal, não tem dúvidas de que deixou “uma marca grande” naquela estação.

 

Júlio Magalhães deixa no ar possível regresso à TVI

O jornalista admitiu ainda sentir “medo” de deixar de fazer televisão: “Disso não há dúvidas. Quem trabalha em televisão, gosta de trabalhar em televisão, de ser reconhecido e de aparecer na televisão. […] É evidente que o futuro me preocupa. Agora, gostava de continuar a minha carreira profissional até à idade em que é normal sair-se.”

Foi então que Maria Cerqueira Gomes provocou o amigo, questionando-o diretamente se este acreditava num possível regresso à TVI. Júlio Magalhães riu-se. E, então, respondeu: “Não sei, não depende de mim…”

Mas gostaria? “Eu gostaria de voltar a fazer televisão. Na TVI ou noutro lado qualquer. Agora, percebo que as pessoas também já não queiram. Hoje em dia, o mercado é assim. O mercado não está tão aberto como estava, é mais difícil. Não sou daqueles que diz ‘Não voltes ao sítio onde já foste feliz’. Não, nós temos de voltar. Há novas gentes, novos desafios… Se não for para a TVI, há de ser para outro lado qualquer”, deixou no ar.

Texto: Dúlio Silva; Fotos: Arquivo Impala e reprodução redes sociais

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