Júlia Pinheiro recorda palavras de Rute Cruz que jamais esquecerá
«Não se preocupe, a sua filha vai sobreviver»

Nacional

Rute Cruz, jornalista da TVI, morreu há dez anos vítima de leucemia. Júlia Pinheiro prestou-lhe homenagem e recordou o momento particularmente difícil em que Rute Cruz lhe sussurrou palavras de apoio, que jamais esquecerá

Qui, 08/11/2018 - 16:33

Rute Cruz, jornalista da TVI, morreu há dez anos de forma trágica: perdeu na vida numa batalha contra uma leucemia depois de sofrer uma paralisia facial. Júlia Pinheiro, que trabalhou lado a lado com a jornalista, fez questão de a homenagear. Num texto partilhado no blogue, a apresentadora da SIC recorda-a como uma mulher «corajosa, brava e determinada» que não tinha«medo». 

Júlia Pinheiro recorda ainda um momento difícil em que as palavras de apoio de Rute Cruz a marcaram, ao ponto de nunca mais as esquecer: «Um dia, numa manhã muito triste para mim, aproximou-se de mim, na sala de maquilhagem da TVI e sussurrou: ‘não se preocupe, a sua filha vai sobreviver, eu sei porque todos os dias, a partir de hoje, vou ter uma prece para ela’».

Leia aqui as palavras de Júlia Pinheiro na íntegra: 

«Tenho-a guardada num local dourado do meu coração. Era corajosa, brava e determinada. Nada lhe metia medo. E era uma campeã da generosidade. Trabalhámos lado a lado, na TVI. Fez uma dupla magnífica com o José Carlos Araújo.
Um dia, numa manhã muito triste para mim, aproximou-se de mim, na sala de maquilhagem da TVI e sussurrou: “não se preocupe, a sua filha vai sobreviver, eu sei porque todos os dias, a partir de hoje, vou ter uma prece para ela”. Neste dia, ninguém sabia que o destino da Rute seria trágico. Muito menos ela, tão inteligente e lúcida. Alguns anos, mais tarde chegou a leucemia.

Rute casou com o amor da sua vida, muito doente, e ainda assim, otimista e cheia de fé. Também lhe ofereci todas as minhas preces trapalhonas, porque falo com Deus num dialeto muito meu e, depois,  fomos tendo as notícias de um longo estertor de dor e de tristeza. José Carlos Araújo, seu colega de antena, parecia amputado e desnorteado. Adorava-a, porque era impossível não sucumbir ao encanto de uma mulher com tanto caráter e dignidade.

Fui despedir-me dela, num dia muito difícil, na Basílica da Estrela. A mãe olhava-a com o espanto de quem não acredita que o destino tem isto para nos dar: a partida de um filho. E o pai, num meio de um abraço muito apertado, disse-me: ela era a nossa princesa. Reitero aqui estas palavras com uma década: era mesmo uma princesa!» 

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