Júlia Pinheiro
Recorda o pai com palavras tocantes: “Só não consigo recordar a voz”

Nacional

Júlia Pinheiro recorda o pai, o seu herói. “Sonho muitas vezes com ele, confesso. Só não consigo recordar a voz dele”

Sex, 20/03/2020 - 12:15

No Dia do Pai, Júlia Pinheiro prestou uma homenagem ao progenitor, que descreve como sendo “o seu herói”. A apresentadora da SIC recorda a rigidez nas regras que viveu na adolescência, mas ao mesmo tempo o seu amor incondicional. 

“O meu Pai era o meu herói. Quando completei 12 anos, recordo-me que passou a ser também o meu ditador. Deparou-se com uma filha a entrar na adolescência e fazia de tudo para proteger aquele que era o seu precioso tesouro. Furar as orelhas estava fora de questão. Pintar as unhas era um cenário impensável. Decotes pronunciados então nem se fala! Minissaias, sim, desde que tivesse em atenção o comportamento discreto da silhueta do meu corpo (e esta é uma conduta que, inconsciente e conscientemente ficou até hoje).”, escreve. 

“Ainda hoje não sei o que é ir a um café sozinha. Antes não me era permitido e fiquei sem saber fazê-lo, mesmo quando me foi concedida a liberdade para isso, ao sair de casa, para casar – Sim, outros tempos!”, recorda. 

“Mas digamos que nem só de ditadura foi feita a minha adolescência. O meu pai tinha tanto de austero como de avidez de conhecimento. Parece estranho, mas era exatamente assim. Lê tudo o que puderes, compra todos os livros que quiseres. Aprende tudo. Dizia-me. E lá fui eu – fiz cursos desde cinema à arqueologia. O meu Pai legou-me esta noção de que o conhecimento é tudo. Legou-me o sentido de humor. Legou-me o latido (ele ladrava ainda melhor do que eu :). E legou-me a capacidade infinita de amar. Eu era o centro da vida dele. Amei-o tanto. Mas tanto. Tanto ao ponto de perdão. Desculpei-o por me ter deixado mais cedo do que provavelmente teria acontecido caso tivesse abandonado o vício do tabaco. Morreu de cancro de pulmão. Mas, até lá, fumava às minhas escondidas. Até isso lhe perdoei. Recordo muito bem o meu pai. O seu olhar forte e intimamente generoso. Sonho muitas vezes com ele, confesso. Só não consigo recordar a voz dele. Hoje voltei a tentar. Voltei a não conseguir. O meu Pai era o meu herói.”, acrescenta.

Júlia Pinheiro conta ainda que neste Dia do Pai encontrou as luvas que o progenitor usou no dia do casamento. “As luvas estavam entre os objetos que vieram da casa da minha mãe. Intactas. Fiquei tão comovida. Parecem novas.”

A apresentadora da SIC disse recentemente estar preocupada com a mãe, que não pode visitar devido à pandemia de coronavírus. Aurea Pinheiro sofreu um AVC severo no ano passado. 

Texto: Ricardina Batista; Fotos: Reprodução redes sociais 

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