A infertilidade
O que fazer quando a gravidez não acontece

Saúde e Beleza

Existem muitos fatores que podem influenciar

Sáb, 31/10/2015 - 13:28

A infertilidade é definida como a incapacidade de conceber após um ano de relações sexuais desprotegidas e frequentes. Cerca de 80% dos casais vão consegui-lo durante o primeiro ano. A prevalência da infertilidade em Portugal é de 9% da população em idade fértil.

 

Existem muitos fatores que podem influenciar a fertilidade, que podem ir desde o desconhecimento do período fértil, obesidade, utilização de produtos tóxicos que podem influenciar a gametogénese pelo que a realização de uma consulta preconcecional é essencial, quando a hipótese de uma gravidez é equacionada. O adiamento da idade reprodutiva (maior de 35 anos) por questões sociais e profissionais, introduz mais um fator de agravamento, pois a fertilidade da mulher, no seu auge, é da ordem dos 25% por ciclo menstrual. Não se justifica qualquer tipo de avaliação, perante uma história clínica negativa em mulheres com menos de 35 anos e com menos de um ano de tentativas para engravidar. O contrário se passa se a mulher tem mais de 35 anos, ou se tem no seu passado médico/cirúrgico, algum fator que diminua a fertilidade.

 

Neste caso, o estudo deve ser iniciado aos seis meses. O estudo da infertilidade deve ser realizado ao casal, pois numa percentagem elevada existem causas de subfertilidade em ambos os membros do casal e toda a orientação diagnóstica e terapêutica deve ser realizada, tendo em conta a idade da mulher, que têm um valor prognóstico no sucesso terapêutico.

 

Os fatores mais frequentes de infertilidade feminina são, as disfunções hormonais, incluindo síndrome do ovário poliquístico, endometriose, anomalias uterinas, patologia tubar e que correspondem a 30% das causas de infertilidade.

 

Do lado masculino, além das alterações funcionais ejaculatórias, temos os varicocelos e outras alterações da espermatogénese que podem influenciar a quantidade e qualidade do esperma e que incluem alterações de volume, número, motilidade e características morfológicas do espermatozoide. Estas alterações podem ir desde simples alterações de motilidade, a alterações morfológicas, sendo a mais grave, a azoospermia (ausência de espermatozoides no ejaculado). Os fatores masculinos são responsáveis por 25% das causas de infertilidade.

 

O exame ao esperma (espermograma) é um exame de extrema importância e deve ser realizado em centros devidamente preparados para o efeito, com formação específica devidamente certificada.

Em cerca de 30% dos casais, existem causas mistas com múltiplos fatores masculinos e femininos associados. Em 15% das situações são idiopáticas uma vez que, face aos exames realizados, não é encontrada nenhuma causa de infertilidade. Isto não significa que não exista, pois em muitas situações só quando avançamos para a realização de técnicas de procriação medicamente assistida (PMA) é que é diagnosticada alguma alteração a nível celular. O estudo da infertilidade é um processo rápido e deve ser realizado nas fases adequadas do ciclo menstrual pelo que não se justifica o início de terapêuticas às cegas, sem haver uma avaliação básica do casal.

 

Além de uma história clínica que inclua os antecedentes pessoais e familiares do casal e exame ginecológico da mulher, o médico de medicina reprodutiva deve requisitar os seguintes exames: análises gerais incluindo serologias e marcadores víricos, doseamentos hormonais, ecografia pélvica transvaginal, espermograma e estudo da permeabilidade tubar. Se a história clínica sugerir ou se houver alteração grave da espermatogénese, o homem deve ser encaminhado para uma consulta de urologia. Face a este estudo inicial e perante os resultados encontrados podem ser sugeridos outros exames, nomeadamente histeroscopia, histerossonografia, estudo genético, estudo de reserva ovárica. Estes exames servem para complementar o diagnóstico e permitir ao médico de medicina reprodutiva aconselhar o casal em relação às várias opções terapêuticas, de forma esclarecida em termos de taxa de sucessos e prognósticos, fase à situação clínica devidamente identificada e tendo em conta a idade da mulher e capacidade fértil.

 

O tratamento na infertilidade pode ir desde tratamentos médicos, como indução da ovulação a tratamentos cirúrgicos, como por exemplo a correção de malformações uterinas ou de endometriose, até às técnicas de procriação medicamente assistida (PMA). Face a um atraso na conceção, que ultrapasse os limites definidos anteriormente os casais devem procurar esclarecer a sua situação clínica preferencialmente junto de um médico de medicina da reprodução ou em alternativa de um ginecologista.

 

 

Isabel Reis – Especialista em Obstetrícia, Ginecologia e Medicina da Reprodução

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