Hemodiálise não trava sonho de uma vida
Doente renal viaja pelo mundo em família

Nacional

Filipe Almeida e a mulher, Catarina, venderam todos os bens em 2019 e decidiram dar a volta ao mundo com o filho. O facto de fazer hemodiálise três vezes por semana não travou o sonho deste pai.

Sex, 17/01/2020 - 22:30

Em 2019, Filipe Almeida e a mulher, Catarina, venderam todos os bens. Despediram-se da família e dos amigos e iniciaram uma volta ao Mundo na companhia do filho, Guilherme, de ano e meio. O facto de fazer hemodiálise três vezes por semana não travou Filipe, que regressou a Portugal ao final de oito meses por uma causa maior. «Vamos ter mais um bebé.» O casal descobriu que o clã ia aumentar quando estava em Bali, na Indonésia. «Foi feito algures entre Abu Dhabi e Dubai. Os enjoos começaram em Taiwan e a primeira ecografia em Banguecoque», contam, divertidos, enquanto Filipe refere ao Portal de Notícias que esperam prosseguir viagem ainda este ano e concluir a rota traçada inicialmente. «Aprendemos a não fazer planos a longo prazo e tem sido muito bom viver a vida um dia de cada vez.»

«Devemos arriscar mais, viver mais, aproveitar mais os dias»

Com nefropatia por IGA diagnosticada aos 12 anos, Filipe Almeida encara a doença renal de forma descomplicada, servindo de inspiração para muitos pacientes. Nos últimos oito meses, viajou por 24 países e fez 332 horas de tratamentos durante 83 sessões de hemodiálise em 49 cidades. Com isto, provou que a assistência médica aos doentes renais está ao alcance de todos em qualquer parte do Planeta, no âmbito do Sistema Nacional de Saúde, e que questões relacionadas com as reservas de tratamentos em clínicas noutras localidades são tratadas de forma simples através de um programa diálise em férias. Embora com algum receio, seguiu em frente.

«Deixámos o medo de lado e aprendemos a superá-lo e a não pensar muito nele. Devemos arriscar mais, viver mais, aproveitar mais os dias. Sempre tomámos as nossas decisões com base na segurança e nunca fizemos algo que a colocasse em causa», afirma Filipe, sublinhando que é importante saber que «existem empresas especializadas em tratamentos de hemodiálise pelo Mundo com excelência médica transversal, ao dispor de qualquer pessoa, e apoio logístico na marcação dos tratamentos, o que ajuda transpor a barreira da distância e da língua. Dá-me confiança poder contar com isso».

«Tenho consciência de que é um ato de coragem»

Foi com a mesma força e  determinação com que encararam a doença que Filipe e Catarina resolveram abandonar carreiras profissionais estáveis. Ele tinha uma empresa na área do turismo, ela trabalhava numa multinacional como team leader e venderam todos os bens para desbravarem o Mundo. «Tenho consciência de que é um ato de coragem».

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Texto: Carla S. Rodrigues; Fotos: Reprodução Redes Sociais

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