Filipa Batista e o pesadelo da Covid-19:
«Foi uma nuvem negra que mudou tudo de um dia para o outro»

Nacional

A viverem em Málaga, Filipa Batista e o jogador de futebol, Renato Santos, foram pais pela segunda vez. A ex-cantora conta como tudo se processou e fala dos tempos difíceis que se vivem em Espanha. Para ficarem mais perto da família mudaram-se para Portugal até que as coisas melhorem

Sex, 10/04/2020 - 12:00

A ex-cantora Filipa Batista e Renato Santos foram pais pela segunda vez. Nathan nasceu no dia 20 de fevereiro, em Málaga, Espanha, onde o casal está a viver com o outro filho, Christian, de quatro anos, uma vez que o jogador de futebol está ao serviço do Málaga Club de Fútbol. O bebé nasceu em tempos de pandemia e o pai, excecionalmente pôde assistir ao parto. Assustados com tudo o que se está a passar no Mundo, o casal decidiu vir para Portugal com os filhos, por achar mais seguro e estarem mais perto da família.

VIP – Quando e onde  é que nasceu o Nathan?

Filipa Batista –  O Nathan nasceu dia 20 de fevereiro, no Hospital Vithas Parque San Antonio, que fica na praia da malagueta, na zona do centro da cidade de Málaga.

Com quantos quilos e quanto é que media?

Nasceu com 3 quilos e 48 centímetros. Bem pequenino.

Vocês ainda estão a viver em Málaga?

Sim, ainda estamos.

O Renato assistiu ao parto?

Sim, mas por milagre na verdade. O parto foi programado e segundo o que nos disseram em toda a Andaluzia, pelo menos, não permitem os pais assistirem aos partos. A minha médica é que foi incansável, e para além de fazer o parto num hospital onde nunca tinha trabalhado, falou com a administração do mesmo, e pela primeira vez um pai assistiu a uma cesariana programada em Málaga. Conseguimos saber apenas uns dias antes que iria ser possível, até lá sempre foi na incerteza em que hospital seria por esse motivo.

Como é que decorreu o parto visto que já estávamos complicada?

Na altura semana em que nasceu, que foi antes do fim de semana de carnaval, ainda não se ouvia muito falar da realidade da propagação do vírus, então na verdade foi tudo normal, com visitas 24 horas e sem medidas de segurança.

Com quem é que o Nathan é mais parecido?

A mim, faz-me lembrar muito o Christian quando era bebé, mas mesmo parecido, não é nem comigo nem com o pai, é muito branquinho, tem muito pouco cabelo e olhos mais claros.

Como é que o Christian recebeu o irmão? Não tem ciúmes?

O Christian adora o irmão. No dia em que o Nathan nasceu, ele estava no colégio, de manhã, e foi a minha mãe que o levou ao hospital, eu ainda estava no quarto à espera (de entrar para o bloco operatório) quando ele chegou, foi levar-me até à porta do bloco e disse-me ‘até já mãe, depois traz o mano, tá bem?’. Até voltarmos não quis sair mais do quarto e assim que viu o irmão disse: ‘oh, é tão lindo o mano, eu gosto muito dele’, e quis logo pegá-lo e dar-lhe beijinhos, e tem sido assim todos os dias. O Christian é muito sensível. Ele quis dormir todos os dias comigo e com o mano no hospital e foi o que aconteceu, só saiu um dia para ir passear à tarde com o pai, a tia e a prima e foi quase obrigado, não queria deixar irmão. É muito cuidadoso e quer andar sempre com ele ao colo. Sinto que tem mais ciúmes quando está toda a gente a dar atenção ao irmão, mas isso são momentos e é normal, o que ele faz é querer chamar mais a atenção…

Quais são os vossos maiores receios enquanto pais?

Sinceramente, vivemos um dia de cada vez, temos fé em Deus e vamos vendo como se desenvolvem as coisas com o passar do tempo. Vamos tendo os cuidados normais de qualquer mãe e pai. Desde que estejam saudáveis, não temos pensamentos negativos.

Como é que estão as coisas por Espanha?

Muito complicadas. Foi tudo muito rápido, o Christian voltou ao colégio na semana seguinte à do carnaval, e quando o fui buscar, nessa quinta-feira à tarde, senti logo um movimento diferente da parte dos pais, pelas conversas, e da sala dele na sexta-feira, já só foram mesmo as crianças que os pais não tinham onde os deixar. E foi nesse fim de semana decretado estado de emergência, eu e os meninos ficámos logo em casa desde sexta, mas o Renato ainda teve treino até sábado, e a partir daí, mandaram todos ficarem em casa, até ordem em contrário. Foi mesmo tudo assim de repente, como uma nuvem negra que chegou e mudou tudo de um dia para o outro.

Estão muitas pessoas infetadas na zona da Andaluzia, há muitas medidas de segurança, nem mesmo dentro do condomínio se pode usar as zonas comuns, ainda que não esteja ninguém. Não pode andar de carro mais de uma pessoa e as crianças só podem sair se for no caso de mães/pais solteiros, caso contrário, nem para passear o cão podem sair de casa, apenas para deslocações a hospitais. Eu penso que por terem tomado estas medidas tardiamente, ninguém teve consciência de como eram as coisas na realidade, então passaram de oito a 80, e já foram um pouco tarde, a meu ver.

Entretanto decidiram vir para Portugal?

Nós decidimos vir para Portugal, depois de estarmos de quarentena em casa desde que foi declaro o estado de emergência. O Renato pediu autorização do clube para vir no dia em que o nosso presidente declarou o Estado de Emergência em Portugal, viemos depois do jantar para que os meninos fizessem a viagem a dormir.

Como têm sido estes dias de quarentena com uma criança e um bebé tão pequeno?

Na verdade, já íamos fazer uma espécie de ”quarentena” durante estas primeiras semanas do Nathan, mas o que se tornou mais difícil foi ter de manter o Christian “fechado” em casa, explicar-lhe que nem podia levar o cão à rua com o pai ou andar pelo condomínio, como costume. Ele tem quatro anos, está na idade dos “porquês”, anda no colégio, treina futebol e é uma criança muito ativa, não é fácil mantê-lo em casa, e não conseguia entender bem o porquê das rotinas mudarem bruscamente, então começou a ser complicado gerir. Como a Magda, a tia do Renato, também estava de quarentena falámos com ela e acabámos por vir para sua casa, que tem espaço para todos e o Christian sempre tem os primos para brincar e o Renato tem espaço para fazer os treinos diários que o clube lhe envia.

Como é que se encontra a vossa família?

A nossa família encontra-se toda bem, não temos nenhum caso, graças a Deus. Estamos todos a ter os cuidados recomendados.

Como é que está a situação profissional do Renato?

Neste momento estão parados, como todos os clubes. Ele tem mais um ano de contrato, mas nunca sabemos como vai ser o ano seguinte, nunca há certezas de ficarmos no mesmo sítio, é sempre incerto. Até ao final do campeonato, continua no Málaga, depois logo se verá. Mas ele gosta muito do clube, dos colegas, gostamos muito da cidade, das pessoas, estamos muito felizes com a experiência.

Como é que vai ser quando tudo isto acabar?

Assim que o clube o chamar, iremos voltar a ‘casa’, claro. Temos noção que à partida algumas medidas de segurança que se vão manter, mas com o tempo tudo voltará ao normal seguramente. Sem medos como até agora, mas com cautela sempre.

Texto: Carla Vidal Dias; Fotos: Impala e DR

 

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