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Histórias comoventes dos «heróis sem bata» marcam estreia do programa

Nacional

O novo programa da SIC Estamos Aqui, conduzido por Alexandra Lencastre, acompanhou a missão de algumas causas solidárias que surgem por todo o País em tempos de pandemia.

Dom, 12/04/2020 - 0:28

Em plena pandemia de coronavírus, têm sido várias as homenagens aos profissionais de saúde, que estão na linha da frente do combate à Covid-19. Mas há outras profissões que continuam a trabalhar todos os dias para ajudar médicos e as pessoas mais necessitadas.

O novo programa da SIC Estamos Aqui homenageia estes trabalhadores – os «heróis sem bata» – e na primeira emissão do formato, conduzido por Alexandra Lencastre, acompanhou a missão de algumas causas solidárias que surgem por todo o País em tempos de pandemia.

Foi em Grândola que Alexandra Lencastre começou o percurso e onde conhece Rúben, Miquelina e António, os fundadores da causa Pão Solidário.

«O Rúben tem o forno em casa, a Miquelina trouxe a farinha e o António dedicou-se à receita». Foi assim que tudo começou: com uma simples receita de pão. Hoje em dia, outros comerciantes quiseram juntar-se à iniciativa do trio e contribuem com sopa e legumes, que distribuem por todos aqueles que precisam.

«Eu sou empresário, o António é canalizador e a Miquelina trabalha em limpezas. Tinhamos como objetivo facilitar a vida de todos os que se veem limitados, a nível económico e também a nível de mobilidade, nesta fase difícil que atravessamos», começou por contar Rúben. «Enquanto houver vírus, vamos ser o vírus do vírus. Estamos cá para acabar com ele» continuou.

«Já tive um cancro, tive dois AVC’s. Tenho sofrido»

Depois de entregar pão quente aos Bombeiros Voluntários de Grândola, ao posto da GNR e a alguns idosos, Rúben acabou por receber uma carta dos filhos que o deixou em lágrimas e o fez refletir sobre a pandemia da Covid-19.

«Gosto de ajudar. Já passei por muito na vida. Já tive um cancro, tive dois AVC’s. Tenho sofrido e tem havido sempre alguém que me tem ajudado quando mais preciso. Portanto, isto é só mais um touro. É levantarmo-nos e irmos ao touro. A vida é mesmo assim. Tudo o que damos, recebemos em dobro. Em sorrisos!», disse.

As conversas à janela e os poemas à varanda

Já no Norte de Portugal, Alexandra Lencastre conhece Ana Dias, uma assistente de um lar que aderiu à iniciativa Janelas Convida, que tem por objetivo combater os efeitos da solidão.

Ana Dias fala todos os dias com a vizinha, Dona Fátima e com o marido, o senhor Faria. Sempre que é preciso, leva-lhes comida e outros bens, para evitar que saiam de casa, uma vez que fazem parte do grupo de risco.

Dona Fátima ocupa o seu tempo a bordar lenços dos namorados e a declamar poemas de amor à janela, divertindo os vizinhos.

Em Braga, Marta aderiu à mesma iniciativa, mas deu-lhe um «toque pessoal». Diretora técnica de um centro de dia, Marta vai à porta dos utentes para falar com eles – à distância – e para saber se precisam de algo.

Start up dedica-se a produzir viseiras para profissionais de saúde

Alexandra Lencastre regressa ao sul e visita a Fã 3D, uma start up criada por Eurico e Luís, que está atualmente dedicada a produzir viseiras para os profissionais de saúde se protegerem nos hospitais.

«Começámos com impressoras aqui, em Setúbal, mas conseguimos parcerias e hoje temos uma rede a nível nacional com mais de 170 impressoras e já doámos 2000 viseiras [ao SNS]», contou Luís.

«Demoramos, neste momento, 1h30 a fazer cada viseira, mas trabalhamos dia e noite sem parar para as produzir», acrescentou Eurico.

O Padre que «dá a missa» pelas ruas de Moscavide

Nos arredores da capital, a atriz e apresentadora conhecer o padre José Fernando, que anda pelas ruas de Moscavide com a nossa senhora de Fátima no tejadilho do carro. Com um auto-falante, o padre fala com os moradores e crentes para os abençoar e deixar algumas mensagens de esperança.

Em representação dos profissionais de saúde, a enfermeira Mirene, que continua a trabalhar, também fez parte do novo programa da SIC e explicou que tem sentido «algum receio por não saber o dia de amanhã», mas está prevenida.

«Não quero levar «o bicho» para casa. Fiz uma mala com tudo»

«Sei que esta realidade, de poder voltar para casa quando saio do trabalho, pode mudar de um dia para o outro. Eu não quero levar «o bicho» para casa. Então fiz uma mala com tudo o que preciso – o básico – que está sempre na mala do carro, para o caso dessa eventualidade», contou.

Mirene já tem colegas a viver em residências especiais de isolamento porque contactaram com doentes com coronavírus. A enfermeira tem duas filhas – uma com nove anos e outra com seis – e os medos que tem são pela segurança das meninas.

A equipa de Estamos Aqui visitou Mirene no dia de aniversário da filha mais velha, Maria, e, por isso, decidiram ajudar a enfermeira a surpreender a menina.

Maria é fã A Máscara e gostava muito da Pantera – interpretada por Sara Carreira. A filha de Tony Carreira surpreendeu a filha de Mirene e deixou-lhe um vídeo muito especial onde lhe deu os parabéns e cantou um pouco. «Como é que ela sabia que eu faço anos?», perguntou, sorridente, Maria.

De seguida, os vizinhos de Mirene bateram palmas e cantaram os parabéns à menina, que ficou envergonhada, mas muito feliz.

«Este país recebeu-nos de braços abertos, agora queremos ajudar»

Nesta fase em que todo o mundo está a atravessar momentos difíceis, Alan e Ramia, que fugiram da Síria quando a guerra começou, não esquecem a forma como foram recebidos em Portugal.

O casal sírio tem um restaurante, que abriram para ajudar mulheres refugiadas, e neste momento estão a oferecer refeições aos profissionais de saúde.

«Sentimos empatia com estas pessoas que deixaram as suas famílias, como nos, e arriscaram as suas vidas contra este vírus, neste período, precisamos de colaborar uns com os outros. Temos o nosso amor e a nossa comida para partilhar com eles», disse Ramia.

«Recebemos uma segunda oportunidade de vida. Este país recebeu-nos de braços abertos, agora queremos ajudar. Chegamos aqui sem nada e fomos ajudados, agora queremos retribuir», acrescentou Alan.

Alguns médicos e enfermeiros aproveitaram para enviar mensagens de agradecimento a Alan e Ramia. «Espero, quando isto acabar, vir aqui com os meus filhos e a minha família», disse um médico psiquiatra a Alan.

Iniciativa das Caldas da Rainha faz roupas para profissionais de saúde

A primeira viagem pelo País acabou nas Caldas da Rainha. Foi lá que a equipa do novo formato da SIC encontrou Cheila, uma costureira, que criou o Movimento Juntas.

Esta iniciativa faz batas, pijamas cirúrgicos e botas para os profissionais de saúde. A causa solidária, que começou com três mulheres, conseguiu juntar uma equipa de costureiras após terem partilhado a iniciativa nas redes sociais.

Para manter o distanciamento social recomendado, Cheila fala com as colaboradoras pelo telemóvel e é na loja de tecidos onde trabalha que reúnem e recolhem o material para fazer os equipamentos de segurança médica.

Até ao momento, já doaram mais de 1500 peças ao SNS.

Texto: Mafalda Mourão; Fotos: Reprodução Instagram

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