Foi durante um almoço de amigas que soube que tinha um cancro no cólon. E foi da mesma forma leve como hoje fala do assunto que reagiu à notícia. “Tenho um cancro”, disse apenas. As amigas, recorda, ficaram mais alarmadas do que ela. Afinal, aos 71 anos, Leonor Xavier não sabia que ia iniciar a batalha mais dura da sua vida. “Não me assustou porque eu nem tinha consciência de que era muito grave. Como não sou nada mórbida, nem pessimista ou dramática, encarei como uma etapa de vida igual a outra qualquer”, disse à VIP, no dia em que apresentou o livro Passageiro Clandestino. Uma obra precisamente dedicada ao tema.
“Não foi doloroso escrever porque sou jornalista, escrevo há muitos anos, tenho essa disciplina. Este livro é como os outros. Um dia, sentei-me, comecei a escrever e não consegui parar. Também não senti necessidade de escrever sobre o tema. Podia ter escolhido outro assunto qualquer, mas achei que este seria interessante”, explica, adiantando que não é um livro “sobre cancro. Não é sobre enfermeiras e hospitais, é sobre outras coisas. É sobre idas, vindas, pessoas. São reflexões do presente, do passado, do futuro”. É, sobretudo, uma mensagem de coragem. “A vida é boa e vai rolando e acontecendo. Ter uma doença até pode ser uma abertura de mundo, como foi no meu caso. A doença abriu-me o mundo”, diz, sem adiantar muito mais, a não ser que hoje está “bem e contente! Se Deus quiser, vou ter muitos mais anos e escrever muitos mais livros”.
Atendendo à sua força de viver, a família e os amigos também acreditam nisso e fizeram questão de estar presentes no lançamento.
Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Helena Morais
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