Diálise: o que é?
Ângelo Rodrigues teve de recorrer a este tratamento devido a falhas nos rins

Nacional

Ângelo Rodrigues, de 31 anos, está internado em estado crítico, após ter injetado testosterona na zona das nádegas. O ator já fez vários tratamentos de diálise devido a falhas nos rins.

Qui, 29/08/2019 - 17:10

O ator Ângelo Rodrigues, de 31 anos, deu entrada no Hospital Garcia de Orta, em Almada, na passada segunda-feira, 26 de agosto, queixando-se de dores em algumas partes do corpo. Esta quarta-feira, 28 de agosto, ficou-se a saber que o ator da SIC estava entre a vida e a morte devido a uma infeção criada pela injeção de testosterona na região das nádegas.

De forma a estabilizar o estado de saúde de Ângelo Rodrigues, a equipa que está encarregue pelo ator realizou já vários tratamentos de diálise devido a falhas nos rins.

Os rins e as suas funções

O rim é responsável por diversas situações no nosso corpo. Permite a nossa sobrevivência em situações de restrição hídrica (calor intenso ou baixa ingestão de líquidos) diminuindo a quantidade e aumentando a concentração da urina. A função de concentração e diluição urinárias é uma das mais nobres desenvolvidas pelos rins.

Existem no entanto outras funções dos rins que não podem ser substituídas pela diálise, como é o caso da produção de eritropoietina ou a ativação da vitamina D. É comum que doentes renais crónicos sejam medicados com eritropoietina, suplementos de vitamina D, tudo vitaminas que são removidas pela diálise.

Mas, afinal, o que é a diálise?

A diálise é um tratamento que possibilita a substituição de algumas das funções mais importantes dos rins, nomeadamente a regulação do voluma extra-celular e a eliminação de elementos que se acumulam na insuficiência renal como por é o caso do potássio e da ureia.

Funções dos rins que a diálise permite substituir:

Eliminação de líquidos. Se uma pessoa normal urina cerca de 1.5 litros/dia um paciente em hemodiálise pode necessitar de retirar por cada sessão de hemodiálise, por exemplo, 3.0 a 4.5 litros;

Controlo ácido-base. O doente insuficiente renal crónico em diálise apresenta acidose metabólica. Necessita de receber bicarbonato na diálise, através do líquido dialisante, por um mecanismo de difusão;

Eliminação de potássio. Este ião em níveis elevados (acima de 7.0 mEq/litro) pode provocar paragem cardíaca. A diálise permite a sua eliminação através do mecanismo já referido de difusão;

Eliminação de restos do metabolismo proteico. Os doentes em diálise apresentam valores de ureia elevados no seu sangue. No caso da hemodiálise, esses valores são reduzidos de forma significativa em cada sessão de diálise e voltam a subir até à sessão seguinte. Esta oscilação de valores tem um aspeto gráfico parecido com os dentes de uma serra de corte comum.

Quem precisa de fazer diálise?

Tal como o cérebro ou o coração, também os rins são alguns dos órgãos vitais do nosso corpo. A insuficiência renal pode ser aguda (instala-se em alguns dias) ou crónica (de instalação lenta, em mais de três meses).

Sendo a situação mais grave implica a utilização do tratamento da diálise para que o paciente se mantenha vivo.

Tipos de diálise existentes

Existem dois tipos de diálise, no entanto, a mais utilizada em Portugal é a hemodiálise. Este tratamento é realizado cerca de três vezes por semana em unidades hospitalares.

A técnica de hemodiálise com maior qualidade e eficácia denomina-se hemodiafiltração on-line e é praticada, atualmente, na maioria das unidades e clínicas de hemodiálise em Portugal.

O segundo tipo de diálise dá-se pelo nome de diálise peritoneal e é uma alternativa à hemodiálise. Uma das suas vantagens é a possibilidade de dispensar ambientes hospitalares, podendo os doentes fazer a substituição de diálise peritoneal na própria casa, no entanto não dispensam as consultas mensais.

O que é a hemodiálise?

O tratamento de hemodiálise compreende os princípios físicos de ultrafiltração (retirada de líquidos) e de difusão (remoção de toxinas e restos do metabolismo proteico mas também permite suplementar o paciente com elementos em falta como o bicarbonato).

A máquina de hemodiálise é muito complexa mas o seu sector mais importante é o filtro de diálise, denominado pelos franceses como «rim artificial». É nesse filtro que se efetuam as duas funções mais relevantes da diálise (ultrafiltração e difusão).

Os pacientes em hemodiálise necessitam de um acesso vascular para efetuar essa técnica. Preferencialmente uma fístula artério-venosa para hemodiálise. Em alternativa pode ser utilizado um cateter de hemodiálise ou uma prótese artério-venosa.

A maioria das sessões de hemodiálise possui uma duração de quatro horas.

As complicações mais frequentes das sessões de hemodiálise são as caimbras e a hipotensão. Em geral relacionam-se com a remoção de volume (peso) por ultrafiltração. A hipotensão é menos frequente em DPCA porque a ultrafiltração é mais suave, ao longo de 24 horas.

A hemodiálise em casa (no domicilio) é muito pouco utilizada no nosso país. Exige condições domiciliárias óptimas, bem como uma seleção positiva dos pacientes para esta técnica de auto-diálise. As suas vantagens são comparáveis à diálise peritoneal permitindo maior autonomia do paciente bem como a possibilidade de efetuar mais tempo de diálise, por exemplo durante a noite.

O que é a diálise peritoneal?

A diálise peritoneal é uma técnica de diálise que permite bons resultados no que diz respeito à dose semanal de diálise e ganhos de autonomia e de qualidade de vida em relação à hemodiálise no meio hospitalar. Esta pode ser efetuada pelo próprio paciente (auto-diálise) ou por um cuidador (diálise assistida). 

Texto: André da Silva Carvalho; Fonte: www.saudebemestar.pt; Fotos: Reprodução Instagram

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