Dia Mundial da Liberdade de Imprensa
Estará Portugal bem classificado no que diz respeito à Liberdade de Imprensa?

Nacional

Ultrapassada a ditadura, Portugal recuperou a liberdade para exercer amplamente a atividade jornalística. A organização Repórteres Sem Fronteiras divulgou em que posição se encontra o nosso país, quando o assunto é Liberdade de Imprensa.

Sex, 03/05/2019 - 17:20

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa assinala-se nesta sexta-feira, dia 3 de maio. Portugal continua a ser um dos países mais livres do mundo para o exercício da atividade jornalística.

Portugal é o 12º país do mundo com maior índice de liberdade de imprensa. Os dados, revelados pela organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), colocam Noruega, Finlândia e Suécia nos primeiros três lugares.

Portugal está, nos últimos 3 anos, e de acordo com os mesmos relatórios, a subir no que toca ao índice de liberdade de imprensa. Em 2017, estava em 18º e, no ano passado, ficou em 14º.

No final da lista está o Turquemenistão, país onde o governo controla todos os meios de comunicação social e onde o acesso à internet é muito restrito. A Coreia do Norte, um dos regimes mais repressivos do mundo, surge em penúltimo lugar. Neste país não existe acesso à internet (há uma intranet que só existe neste país) e todas as comunicações móveis são escrutinadas pelo governo.

A Eritreia é o antepenúltimo país desta lista. Os RSF acreditam que existem pelo menos 11 jornalistas presos neste país, sem direito a advogado ou forma de comunicarem com as famílias.

Os media são controlados pelo governo e existe apenas uma rádio livre, feita por expatriados a partir de Paris.
As conclusões do relatório deste ano não são animadoras. O índice de 2019 demonstra que o número de países vistos como seguros para os jornalistas exercerem as suas funções diminuiu, com os regimes autoritários a continuar a estrangular os media. «O ódio pelos jornalistas degenerou, este ano, em violência, contribuindo para um aumento do medo», pode ler-se.

Apenas 9% dos 180 territórios analisados têm uma situação considerada «boa». 16% têm condições «satisfatórias», 37% «problemáticas», 29% «difíceis» e 11% são territórios onde os repórteres trabalham numa «situação extremamente problemática».

Os jornalistas que perderam a vida em 2018

O caso mais mediático é, de longe, o do jornalista saudita Jamal Khashoggi. A 2 de outubro de 2018, Khashoggi, crítico do regime totalitário saudita, entrou na embaixada do seu país em Istambul e não saiu. Crê-se que foi assassinado dentro da embaixada e que o seu corpo foi desmembrado e transportado para parte incerta.

O alegado envolvimento do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman chegou a ser falado publicamente mas desde dezembro que o fluxo noticioso sobre o caso diminiu drasticamente. Sem respostas.

Em 2018, e de acordo com a Federação Internacional de Jornalistas, morreram 95 profissionais dos media enquanto exerciam o seu trabalho. Um número mais alto do que em 2017 mas não tão dramático com o registado em 2006, ano em que morreram 155 jornalistas.

16 mortes aconteceram no Afeganistão, sendo que 9 destas aconteceram durante um atentado bombista em Cabul. O México continua a ser um dos países mais perigosos para os jornalistas, com um total de 11 mortes em 2018.

Nos Estados Unidos, registaram-se cinco mortes durante um ataque armado à redação da Capital Gazette, no estado do Maryland. «A crescente intolerância ao jornalismo, os populismos bem como a corrupção e o crime são fatores importantes» para que estas mortes aconteçam. «Contribuem para um ambiente em que há cada vez mais jornalistas mortos por fazer cobertura do que acontece nas suas comunidades, cidades e país, ao invés do que acontecia antes, em que estas mortes aconteciam em zonas de conflitos armados», declara a Federação Internacional de Jornalistas.

O ano de 2019 promete ser igualmente sangrento: desde janeiro que já morreram 10 jornalistas em serviço. Um deles a jornalista Lyra Mckee, assassinada a tiro na Irlanda do Norte pelo New IRA, grupo republicano dissidente que luta pela reunificação da Irlanda.
 
Texto: Raquel Costa | Fotos: Arquivo Impala e redes sociais

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