Sandra Celas
De volta ao activo SANDRA CELAS mostra-se optimista em relação ao futuro

Famosos

“Acho que as crises podem ser trampolins para coisas boas, para renovação”, diz a actriz
Contrariamente ao cinzentismo instalado e às vozes que mandam “apertar o cinto”, a actriz acredita que este ano tem tudo para ser positivo, até porque “em teatro aquilo a que se chama “crise” é precisamente quando a emoção chega a um ponto de explosão, portanto é o momento alto da peça”.

Sex, 19/02/2010 - 0:00

Contrariamente ao cinzentismo instalado e às vozes que mandam "apertar o cinto", a actriz acredita que este ano tem tudo para ser positivo, até porque "em teatro aquilo a que se chama "crise" é precisamente quando a emoção chega a um ponto de explosão, portanto é o momento alto da peça". De volta ao trabalho, Sandra Celas contou como equilibra a sua vida da ficção com a real, onde é mulher do cartoonista António Jorge Gonçalves e mãe de Miranda, "uma menina fantástica!"

Há quanto tempo voltou ao trabalho?
Retomar mesmo, a sério, foi em Agosto.

Tinha saudades de ouvir ‘acção’?
(risos) Tinha saudades de trabalhar e foi muito bom voltar, até para ganhar algum distanciamento, porque ser mãe a tempo inteiro é muito intenso. Aí é que começou a minha adaptação a esta nova vida. Há reajustes a fazer, mas foi muito bom. Comecei logo com televisão, a fazer os Morangos e a ensaiar um recital que esteve duas semanas em cena.

O facto de ser uma profissional liberal tem desvantagens, mas permite-lhe gerir melhor o tempo.
Completamente! A parte má são os enquadramentos fiscais e jurídicos que façam justiça à nossa realidade.

O que é que falha?
Não há enquadramento fiscal. Isso é , de resto, uma luta dos artistas há muito tempo. As leis que existem não se ajustam às nossas necessidades, que são muito específicas. Os profissionais liberais, actores e artistas em particular, tem necessidades muito específicas, porque não está sempre a trabalhar, tem períodos de paragem. Não há uma rotina ‘nine to five’, tem gastos com coisas que outros não tem… estamos com esperanças que isso aconteça neste nova legislatura. A ver vamos.

Não ter rotinas é bom, ou não?
Não me queixo de não ter rotinas, aliás, acho que me daria muito mal com rotinas muito rígidas. E tem a vantagem de ter períodos de trabalho muito intenso, mas depois tenho outros em que posso respirar um pouco mais, posso passar mais tempo com a minha filha durante o dia. 

Mas há trabalho. Cada vez mais as televisões apostam na produção nacional.
A TVI definitivamente. A SIC um bocadinho mais tarde e a RTP, que tinha obrigação de o fazer, fá-lo timidamente aqui e ali… acho que sim, está muito melhor do que há uns anos atrás que havia muito menos produção. Acho muito bem que o publico goste dos seus artistas e de ver a nossa produção.

Não está vinculada a nenhum canal por opção?
Não, nunca me fizeram esse convite, basicamente. Por acaso tenho trabalhado mais para a TVI, porque naturalmente é a que produz mais.  

A Miranda está com um ano. Quando voltou ao trabalho ela foi para a escola?
Está com um ano e três meses. Está linda, a crescer saudável. Optei por não a por na escola, tive essa possibilidade… aí esta mais uma vantagem de não ser uma trabalhadora das ‘9 às 17’. Acho que é muito abrupto, muito violento, mas entendo perfeitamente quem tem que o fazer. Basicamente tem sido uma gestão entre mim, o pai, avós, a empregada. Temos sobrevivido, com muita ginástica.

Com essa idade já se começa a notar a personalidade. Como é ela?
É uma menina fantástica! O que é que posso dizer, é deliciosa! Sou uma mãe babada!

Alguma vez a levou para o estúdio?
Não, nuca aconteceu, mas também não é fácil. Os estúdios não são muito propícios para bebés assim pequeninos. Não são muito hospitaleiros.

Existem empresas que já tem creches para os filhos dos funcionários.
Acho isso uma excelente ideia. Penso que no projecto deste novo estúdios Plural/TVI isso estaria contemplado, porque de facto estão a nascer muitas crianças. Só me cruzo com gente que está grávida ou foi mãe… Era uma excelente ideia. Aliás, deveria ser um dado adquirido na empresas, porque se não há crianças, não há futuro.

Disse que se cruza com muitas pré-mamãs. Fica com vontade de "reincidir"?
Não, para já não! Ainda estou a adaptar-me, a fazer reajustes. Como sempre fui muito individualista, fazia sempre o que me apetecia e sempre gostei de andar solta, de repente isto obrigou-me a um reajuste…

A uma rotina…
Lá está, a uma rotina, da qual nunca me fiz grande amiga, mas agora de facto tenho que coexistir com ela pacificamente. Como tenho uma irmã com 11 meses de diferença de mim, acho que uma criança merece mais tempo de atenção dos pais. Ganham os pais e as crianças. Mas é maravilhoso!  

E arranja-se tempo para namorar?
Tem que haver, vai havendo. É imprescindível.

Recuperou rápido a forma fisica.
Foi praticamente um ano… também ganhei muito peso, dei de mamar até aos sete meses, portanto tudo isso cria limitações para se recuperar rapidamente a forma. Mas com o acompanhamento que tenho tido na iCare – elas são fabulosas – tem sido tudo assim muito suave e de acordo com as minhas necessidades do momento. Tem sido uma recuperação lenta, mas assertiva. 

O que podemos esperar de si em 2010?
(risos) Para já estou mais ou menos a meio deste projecto dos Morangos com Açúcar. Tenho um projecto de teatro do qual não posso ainda fala muito, porque ainda está a "fermentar", mas tenho a convicção que este vai ser um bom ano.

Apesar da crise instalada?
É obvio que é uma realidade e que não podemos fugir a ela, mas não podemos ser escravos dessa ditadura da crise. Mas acho que isso lança desafios aos artistas tem que ser mais criativos para fazer uma peça de teatro com menos dinheiro. A crise lança desafios criativos aos artistas e temos por obrigação corresponder porque somos artistas. É nesse sentido que olho para a crise. Não podemos ficar paralisados e a crise não pode ser desculpa para tudo, muito menos para baixar ‘cachets’ (risos). As crises podem ser desafios! Numa peça de teatro ou argumento aquilo que se chama "crise" é precisamente quando a emoção chega a um ponto de explosão, portanto é o momento alto da peça. Portanto, acho que as crises podem ser trampolins para coisas boas, para renovação.

Texto: Carla Simone Costa; Fotos: Rui Costa; Produção: Marco António; Maquilhagem e cabelos: Ana Coelho com produtos Maybelline e Lóreal Professionnel; Agradecimentos: Clínica iCare – Sete Rios; El Corte Ingles; Godiva; Veste Couture; Anna G e Bubbles Company

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