Foi protagonista da série Morangos com Açúcar e agora arruma carros. Pedro Rodil admite que já chorou por não ter trabalho, mas acredita que, no futuro, os filhos terão orgulho nele. Numa entrevista intimista revela que algumas pessoas se afastaram dele, que já lhe apeteceu beber um café e não ter dinheiro, e que teve uma fase depressiva. Porém, diz, com orgulho: “Estou apenas a lutar pela minha vida.”
VIP – Como surgiu a ideia de ir arrumar carros?
Este parque é privado e um senhor perguntou-me se queria – e se teria coragem de – arrumar carros. Claro que ponderei, por não ser uma situação fácil, mas continuo a fazê-lo até hoje. A sociedade tem uma imagem depreciativa dos arrumadores de carros.
Nunca pensou: “Fui protagonista de uma novela e agora estou assim”?
Pensei nisso, mas não hesitei muito, pois estava decidido a dar a volta à minha vida. Já dava aulas de mergulho e pescava, mas precisava de ter mais um meio de sustento. Sabia que iria encontrar pessoas que me reconheceriam e pensei no que poderiam dizer. Mas precisava de mais uma fonte de rendimento.
Nota-se que não quis assumir o papel de “desgraçadinho”…
Não me interessa esse papel. Não tive vergonha, nem tenho. Encarei-o apenas como uma forma de dar a volta, num momento de vida difícil. Apenas estou a lutar pela minha vida.
O segredo foi encarar a situação como um ato de superação?
Foi. E superei-me. Encarei a situação melhor até do que pensava. Até tenho momentos divertidos, encontro pessoas que me reconhecem, que me falam muito bem e dão-me força. Sempre lidei bem com as pessoas, até porque não tenho a imagem do mendigo que está para ali… Há respeito.
As pessoas reconheciam o Pedro Rodil?
Sim, várias. Cheguei a tirar fotografias. Mantive sempre a mesma postura.
Nenhuma lhe perguntou: “O que estás aqui a fazer?”
Já me questionaram de uma forma depreciativa, fútil até. Não entenderam que um protagonista de novela pode precisar de estar ali. Respondi: “Estou a trabalhar, a ganhar a vida.”
Tem presente o dia em que, pela primeira vez, arrumou um carro?
Foi como se eu fosse médico e não tivesse estudado para o ser. Estava a arrumar o carro, mas não sabia o que ia fazer a seguir, como é que ia pedir dinheiro ou abordar a pessoa.
E lembra-se da primeira moeda que recebeu?
Só me lembro que não sabia como reagir. Provavelmente, desejei à pessoa um bom dia ou uma boa praia.
Já percebeu por que motivo deixou de ter trabalho na representação?
Não. Quero acreditar que são coincidências e fases da vida. Continuo a fazer participações. Se fosse por falta de profissionalismo, não me chamavam nem para isso. Mas já não penso por que motivo não me chamam, porque isso causa-me dor. Esta fase tem-me feito crescer, ver as coisas de outra forma, ser solidário e perceber como era bom o meu trabalho. Se voltar a trabalhar na minha área, vou aproveitar a 400 por cento.
Quem é o amor da sua vida?
A minha atual namorada [o namoro tem dois anos]. É uma fora de série. É amiga, companheira. É mesmo a mulher da minha vida.
Texto: S.S.; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Ana Antunes;
Maquilhagem: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel
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