Clara De Sousa
A distância dos filhos e a angústia da morte dos pais: “É uma coisa dura”

Nacional

Clara de Sousa foi a convidada da última emissão de “Alta Definição”, da SIC, e abriu o coração a Daniel Oliveira para falar sobre a sua vida pessoal.

Dom, 03/10/2021 - 15:40

Clara de Sousa foi a convidada de Daniel Oliveira do “Alta Definição” deste sábado, 2 de outubro, véspera da gala dos Globos de Ouro que será apresentada pela jornalista e que marca o 25.º aniversário da SIC

Com uma carreira de três décadas, Clara de Sousa, de 53 anos, falou da importância que o trabalho tem na sua vida. “Foi sempre fundamental para mim, tanto na morte da minha mãe, como no primeiro divórcio, que foi o mais doloroso. Nesses momentos, que foram muito… Aliás, as pessoas viram como é que eu estava. Eu emagreci quilos e quilos em ambas as situações, porque estava muito angustiada, mas encontrei sempre força para vir trabalhar, ganhar ânimo, ganhar foco e estar ali”, afirmou. 

Ao longo da conversa com Daniel Oliveira, a jornalista falou da pandemia e da forma como esta afetou a sua vida. “A maior preocupação foi o meu pai”, disse – o progenitor da jornalista acabou por morrer a 31 de julho. “Como é que geriste?”, questionou o apresentador. “Angustiando, chorando, tentando estar otimista, mas sabendo que a velhice é uma coisa dura. A falta dos que partem está sempre ocupada naquele cantinho em que eles estão. Há uma parte em que eles estão. Não é física, mas eles estão”, afirmou.

Clara de Sousa sofre com a distância dos filhos

Clara de Sousa tem dois filhos: Manuel, de 24 anos, e Maria, de 21, fruto da sua relação com Francisco Penim. Nenhum dos dois já vive com a mãe e a jornalista confessa que não lida bem com a ausência dos jovens. “Não giro muito bem a distância. Tenho um filho que é ‘deem-me asas que eu não quero ficar cá’. Esteve dois anos em Londres, agora está no centro do país a trabalhar, depois vai para o Dubai, quer ir para o Japão viver… Não faço muito bem essas gestão. Gosto de os ter mais perto de mim, mas percebo que não pode ser assim”, disse, assumindo sentir o complexo do ninho vazio: “A minha filha gosta do ninho. Ela foi estudar para fora e sofreu muito. Sofreu ainda mais do que eu”.

A jornalista confessou ainda sentir saudades de quando os filhos eram pequenos. “Vinham a correr para te abraçar… Depois, eles crescem e já não são tão afetivos. Depois, voltam até nós quando são pais. Foi assim comigo e com a minha mãe. Mas está tudo bem. As coisas quando são nossas nunca deixam de o ser”, acrescentou ainda.

Jornalista fala dos cuidados com o corpo 

Aos 53 anos, Clara de Sousa garante que se sente muito bem com a idade. “Sei que os anos passaram, mas sinto-me com mais maturidade, com mais experiência. Enquanto eu tiver força mental e física, as coisas vão continuar. E faço todos os dias por isso”, disse a Daniel Oliveira, dando depois um exemplo.

“Deixei de fumar. Achei que ia ser uma pessoa triste, amargurada, refilona, mas fiquei só deprimida [risos]. Foi um teste forte. Engordei e fui para o ginásio, também para ganhar força muscular”, contou, confessando, porém, um dos pontos em que mais sente o avançar da idade: “A pele. Eu sei que a pele que tenho não pode ser igual à que eu tinha aos 40 ou aos 30, mas isso faz parte da vida. Não posso ter o aspeto que tinha há 20 anos. Tenho conseguido lidar com o passagem dos anos da melhor maneira. Enquanto mulher, muitas vezes não é fácil, mas depois penso que isso é sinal que estou viva”.

Jornalista emociona-se ao recordar a morte da cadela 

Um dos momentos da entrevista em que Clara de Sousa mais se emocionou foi ao recordar a morte da cadela Urfi, em janeiro deste ano. “A partida dela foi muito dura. Ainda nem consegui lançar as cinzas dela”, respondeu.

“São 11 anos da tua vida com uma cadela que tem traços de personalidade como eu nunca conheci. Adorava-nos a todos, com uma inteligência fora do normal, com uma forma de nos acarinhar…”, recordou, contando depois o que sentiu quando a cadela começou a adoecer: “Quando começa a definhar, acreditava que ela ia recuperar… e percebes que não há mais que possas fazer”.

“Eu não consigo fazer nada antes do tempo… Eu não me importo de cuidar. A única altura em que eu percebi que já não conseguia cuidar, foi quando a minha filha me veio dizer ‘mãe, agora já chega. Agora já não dá’. Já estava cheia de escaras. E é naquele momento em que eu estou perdida, que não sou capaz de largar, e ela está a olhar para ti… E eu penso ‘será que ela me está a dizer deixa-me ir ou será que ela está a dizer cuida de mim?”, disse, sublinhando que, durante algum tempo, esperou “alguma espécie de milagre”.

Clara de Sousa contou ainda que não conseguiu acompanhar Urfi nos últimos instante e que pediu aos filhos para o fazerem. “Disse ‘tratem vocês, porque eu não sou capaz de pegar e levar’. E eles levaram”.

Texto: Patrícia Correia Branco; Fotos: Reprodução SIC e redes sociais

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