Catarina Martins
Deputada do Bloco abre o livro da vida e faz revelações pessoais inéditas

Nacional

Catarina Martins abriu o coração a Cristina Ferreira para falar da infância, da vida política e de violência doméstica.

Qua, 08/01/2020 - 15:07

 

Catarina Martins foi uma das convidadas de Cristina Ferreira na emissão do programa das manhãs da SIC desta quarta-feira, dia 8 de janeiro. A Coordenadora do Bloco de Esquerda visitou a casa televisiva da estrela da SIC e revelou alguns pormenores sobre a sua infância entre Portugal e os PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa].

Aos seis anos, Catarina Martins rumou a São Tomé e Príncipe com os pais e lá tirou a «primeira classe».

«Foi lá que aprendi a ler e a escrever. Ir para uma realidade diferente tem os seus custos e as suas dificuldades, mas eu fui muito feliz. Brinquei muito. Cresci num ambiente muito livre, muito diverso, aprendi a nadar no mar… Fez-me bem. Fez-me crescer bem. É um ambiente mais livre», começou por revelar, enquanto, no ecrã dos estúdios de Carnaxide, passavam fotos desses tempos.

Depois de um ano em São Tomé e Príncipe, Catarina Martins viveu durante dois anos em Cabo Verde e só regressa a Portugal para tirar a «quarta classe».

Percorra a nossa galeria para ver as fotografias de infância de Catarina Martins

«É sempre reconfortante para mim comer feijão verde»

Catarina Martins revelou que, apesar de ter andado a infância toda a «saltitar de um lado para o outro», devido ao facto de os pais serem professores, é muito chegada à família e tinha uma grande admiração pelos avós.

«Vivi com os meus avós maternos depois de nascer, no verão, quando regressava a Portugal, era na casa deles que passava férias. Vivi com a minha avó paterna quando tinha 5 anos numa aldeia perto de Aveiro… Tenho muitas memórias. Eu sei que, até hoje, adoro feijão verde por causa das minhas avós… As minhas duas avós faziam de maneira diferente. É sempre reconfortante para mim comer feijão verde por causa disso», confessou, acrescentando: «Há uma frase, que eu acho que é muito verdadeira que diz: “nós temos a família em que nascemos e a família que escolhemos”. Eu tenho o grande privilégio de ter a família em que nasci, que seria certamente a família que eu escolheria todos os dias.»

«Estamos numa fase muito complicada de criar duas filhas adolescentes»

A coordenadora do Bloco de Esquerda é mãe de duas filhas, uma com 17 anos e outra com 13, e confessou à apresentadora da SIC que está a atravessar «uma fase complicada».

«Estamos numa fase muito complicada de criar duas filhas adolescentes, mas também uma fase muito bonita. Tenho duas filhas muito solidárias. Tenho uma filha mais velha que já sabe chegar-se à frente nos meus dias complicados para ajudar a que as coisas corram bem», admitiu.

«Há dias em que não gostam de ter uma mãe Coordenadora do Bloco de Esquerda, mas também há dias em que gostam», acrescentou, entre risos.

Do teatro à linguística, passando pelo Direito: O caminho até à política

Conhecida por ser uma mulher de convicções fortes, mente aberta e ações fortes na vida política, Catarina Martins nem sempre quis seguir esta vertente. A grande paixão da deputada da Assembleia da República é o teatro, chegou a fazê-lo de forma profissional, mas acabou por se formar em Línguas e Literatura. No entanto, no liceu, quando chegou a hora de decidir o que estudar, Catarina Martins escolheu Direito. «Curso que nunca cheguei a terminar», contou, entre risos.

«Tenho uma enorme simpatia pelo Jerónimo de Sousa»

Em 2010, Catarina Martins adere ao Bloco de Esquerda e integra a sua direção. Desde então, a política tem estado no centro das atenções e é considerada uma das vozes mais fortes da Assembleia da República.

«As coisas em que nós acreditamos devem ser defendidas com convicção e clareza. O debate político é um debate que não deve ser sobre a personalidade de cada um de nós ou sobre a vida privada de cada um de nós. Deve ser sobre as propostas que nós temos, como é que olhamos o mundo, o que queremos fazer do mundo», explicou a Cristina, afirmando que tem o máximo cuidado para não «misturar as coisas».

Questionada sobre se existia algum político com quem simpatizasse de um partido oposto, Catarina Martins disse, sem hesitar: «Não é segredo para ninguém se eu disser que tenho uma enorme simpatia pelo Jerónimo de Sousa, pela sua forma carinhosa e sensibilidade!»

Sobre a violência doméstica: «Há muito a fazer em relação a este assunto em Portugal»

No final da conversa com Cristina Ferreira, Catarina Martins acabou por abordar um dos temas dos quais mais tem sido defensora: «A causa de combater a violência doméstica».

«Não tenho nada contra a Cristina, simplesmente não gosto de falar sobre a minha vida privada, nem de misturar o entretenimento com a informação… Mas quis vir ao programa por duas razões: a Cristina é a mulher com o programa mais visto neste momento neste país e que afirmou publicamente, e fez capa de uma das suas revistas, ser defensora da causa de combater a violência doméstica», começou por dizer.

«Acabámos 2019 da pior forma possível. Morreram 30 mulheres em contexto de violência doméstica o ano passado e no fim do ano foram mortas mais 2. Todos os anos dizemos que isto tem de mudar…. Há muito a fazer em relação a este assunto em Portugal…», continuou, alertando para a necessidade de «penalizar» juízes e autoridades que «não compreendem a Violência Doméstica».

Catarina Martins confessou ainda que o polémico juiz Neto de Moura, que usou a bíblia para justificar atos de violência doméstica, ameaçou processá-la por esta dizer que «juízes assim fazem um mau serviço ao País» e de deviam ser retirados das funções.

«Ainda estou à espera do processo e continuo a dizer o que disse», terminou.

Texto: Mafalda Mourão; Fotos: Reprodução Instagram e D.R.

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