Carlos Cruz
Assume-se vítima de «fraude e embuste» no caso Casa Pia

Nacional

O apresentador esteve no programa Conta-me como És, da TVI, e falou sobre todo o caso Casa Pia.

Sáb, 10/08/2019 - 15:02

Há 15 anos, Portugal assistia estupefacto à detenção do mais popular apresentador de televisão, Carlos Cruz. Em 2013, depois de ter sido condenado a seis anos de prisão por crimes de pedofilia, entrega-se na prisão da Carregueira, onde ficaria até julho de 2016.

Em entrevista a Fátima Lopes, no programa da TVI Conta-me como És, reforça a convicção de pedir reabertura do processo, depois da decisão favorável do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

Em junho passado, os juízes da instância europeia decidiram que as garantias de defesa do arguido não foram respeitadas no que diz respeito à admissão de novas provas para apreciação do caso em sede de recurso. Carlos Cruz tem até ao final deste mês para apresentar recurso.

«Como o estado português não reclamou da sentença, agora vou pedir a reabertura do processo. Haverá um dia, nem que seja depois da minha morte, em que se descobrirá a tremenda fraude e embuste que foram criados», afirma o apresentador de 76 anos.

Carlos Cruz diz ainda que quer ser novamente julgado. «Pode ser que agora leiam a verdade como a verdade. Na sentença está escrito que não há nenhuma prova contra mim».

Como a família sobreviveu ao caso Casa Pia

Ao longo da entrevista, o homem que apresentou programas como 1,2,3 e Noites Marcianas e que foi um dos grandes responsáveis pela candidatura de Portugal ao Euro 2004, revela como é que as ex-mulheres e as filhas lidaram com o processo Casa Pia.

Raquel Rocheta, com quem foi casado durante 10 anos e com quem tem uma filha, Mariana, «é uma das grandes vítimas do processo Casa Pia», explica Carlos Cruz. «Nos sacrifícios que teve de fazer para me apoiar. A Mariana tinha 10 meses quando eu fui preso. É uma mulher fantástica ao lado da qual vivi anos muito felizes. Tenho pena da nossa relação ter tido um fim. Não era justo para ela e talvez não fosse justo para mim», relembra o apresentador.

Sobre a filha, Marta, Carlos Cruz explica que houve uma reaproximação depois de ter saído da cadeia. «Tinha um peso na consciência em relação à adolescência da Marta porque fui um pai bastante ausente», começa por explicar.

«Quando saí da Carregueira, o hotel onde estive a morar durante uns tempos, fui para casa dela. A minha ausência foi toda preenchida com esta convivência. Descobrimos que nos amamos muito, eu e ela. O remorso que eu tinha desapareceu», revela.

«Foi o melhor dia da minha vida»

Num testemunho emocionado, gravado em vídeo, Mariana, a filha mais nova de Carlos Cruz, revela o que sentiu no dia em que o pai saiu da cadeia. «Foi o melhor dia da minha vida. Senti que ele estava de volta, depois disto tudo. Agora, sempre que preciso, ele está la. Sei que ele está sempre aqui», conta.

O apresentador conta que, quando Mariana tinha apenas seis anos, começou a contar-lhe pormenores do processo judicial pelo qual foi condenado. «Expliquei-lhe ‘há uns rapazes que mentiram à polícia, que dizem que o pai fez coisas que não fez’. A Mariana viveu com o processo sem grandes traumas. Hoje já sabe tudo em pormenor», afirma.

Fotos: Arquivo Impala

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