Bruno Fernandes
Futebolista viveu oito meses com 50 euros

Nacional

Bruno Fernandes, craque do Sporting, recordou o início de carreira no programa Trio d’Ataque, da RTP3

Seg, 03/06/2019 - 13:25

Bruno Fernandes regressou ao Sporting no início da época de 2018/2019 e consagrou-se o médio com mais golos da Europa, ultrapassando o recorde de Frank Lampard, ao serviço do Chelsea. A viver uma boa fase a nível profissional, o craque leonino esteve no programa Trio d’Ataque, da RTP3, no qual recordou o início de carreira.

A primeira memória do futebol remete-o à altura em que jogava «na rua, perto de casa, com amigos» e com o irmão. O jogo sempre esteve «em primeiro plano» e contar aos pais não foi problema. «Os meus pais sempre souberam e perceberam que eu queria ser jogador de futebol», conta.

«Sabia [que ele ia dar futebolista] mas também queria que ele seguisse os estudos porque é sempre bom. Como vim de uma família muito pobre, não tive possibilidades de estudar», assegura a mãe do jogador.

Depois de ter jogado pelo Boavista, de 2007 a 2012, Bruno Fernandes emigrou, aos 17 anos, para Itália, onde começou por jogar pelo Novara. Uma altura que ficou marcada pelas dificuldades financeiras.

«É óbvio que foi muito difícil. Num país onde não entendes nada, a língua é completamente diferente. É muito dificil porque vês-te sozinho num contexto que não é aquele a que estás habituado. Estava habituado a estar no Boavista, onde conhecia toda a gente, tinha os meus amigos de há muitos anos», começa por dizer.

Além do jogador, também a mãe do craque recorda: «Para mim foi a fase mais difícil. Além de ficar sem o filho, já não tinha marido [que estava na Suiça]. Houve uma altura em que o meu marido ficou desempregado e optou por emigrar. Na altura, a ideia era irmos todos mas por causa dessa peça que está aí [refere-se a Bruno] não fui»

«Vivia com aquilo que tinha, era feliz»

Além da distância da família e da namorada, que é atualmente sua mulher, Bruno Fernandes deparou-se com dificuldades financeiras. «Quando cheguei lá tinha o ordenado mínimo de Itália, que era de 1200 euros, mas comecei a receber só a partir de fevereiro. Estive desde junho a fevereiro com 50 euros, que a minha mãe me deu», recorda.

Apesar de o dinheiro não ser muito, o craque português confessa que, na altura, tinha tudo o que precisava para ser feliz. «Aqueles 50 euros duraram até janeiro porque eu não saía da Academia, vivia com aquilo que tinha, era feliz. Tinha uma bola, tinha campos lá, para mim chegava.»

A ida para Itália teve uma grande influência naquilo que Bruno Fernandes é hoje e foi muito importante para o jogador ter noção das «consequências das opções» que se tomam. «Vão haver momentos maus, alturas em que nos encontrámos sozinhos», recorda.

«Às vezes digo que me arrependo de o ter deixado ir sozinho», acrescenta a mãe do jogador.

«Não procuro o perdão das pessoas»

Bruno Fernandes foi um dos jogadores a rescindir contrato com o Sporting depois do ataque à Academia de Alcochete, em maio de 2018. 

Depois de a SAD garantir que Bruno de Carvalho não estaria na presidência, o jogador português decidiu regressar ao clube leonino e admite ter sido a melhor decisão.

«Após este ano que estou a fazer, não posso dizer que não [foi a melhor decisão]. Independentemente de fazer a época que fiz, estava certo que tinha de voltar ao Sporting. Sabia que aqui me ia sentir bem, os adeptos sempre me trataram muito bem. Obviamente no início deste ano muita gente ficou de pé atrás. Disse que ia fazer tudo para reconquistar a confiança deles em campo», explica.

E acrescenta: «Não procuro o perdão das pessoas. Sei que há pessoas que levam isto como uma traição, aquilo que eu procuro é que percebam que eu voltei para fazer o melhor pelo Sporting e não por outro motivo qualquer.»

Texto: Redação WIN – Conteúdos digitais| Fotos: Redes Sociais

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