António Pedro Cerdeira
“Fui comodista, fui cobarde e fiz 50 tentativas para acabar a relação”

Nacional

António Pedro Cerdeira está a ser acusado de violência doméstica pela ex-mulher, Susana Silva, mas nega tudo. Admite que viveu uma relação tóxica, e que ele próprio foi a vítima.

Seg, 28/11/2022 - 22:23

António Pedro Cerdeira. 52 anos, está no centro da polémica. O ator está a ser acusado de violência doméstica pela ex-companheira. Aos 52 anos, e com cinco filhos, Susana da Silva revelou ser vítima de violência doméstica durante o namoro que durou nove anos com várias interrupções. Susana Da Silva já deu várias entrevistas e, para lá dos relatos detalhados das agressões, mostrou imagens das sequelas físicas das agressões que imputa a António Pedro Cerdeira, imagens essas que o ator garante desconhecer, que não foram causadas por ele e que o próprio Ministério Público já arquivou. Estas imagens são de há três anos.

O ator já tinha vindo a público reagir a tais acusações e decidiu agora conceder uma entrevista a Júlia Pinheiro, – que regressou esta tarde à antena depois de um período em que esteve doente -, onde conta a sua verdade dos factos e onde garante ser ele a vítima de violência doméstica.

“Gostava de dizer que eu fui e continuo a ser vítima de violência doméstica. Violência doméstica não é só a física, é também a psicológica e eu continuo a ser. Estou à vontade com tudo o que vou dizer porque existem provas e estão entregues no Ministério Público (…) Não sou, nem nunca fui um agressor de mulheres, tenho um profundo ódio a um homem que seja agressor de mulher e a uma mulher que é agressora de homens. Sabemos que são mais mulheres a sofrer deste crime”, disse, garantindo: “Sou vítima de violência de doméstica. Tenho esse estatuto de vítima.”

António Pedro Cerdeira explica por que esteve calado até hoje. “Eu remeti-me ao silêncio até agora para respeitar o segredo de justiça e quero continuar. Esta vai ser única vez que vou falar sobre este assunto. O processo ainda não chegou a tribunal e está na fase instrutória. (…) Há uma altura em que a pessoa tem de dizer basta”, frisa para depois acrescentar:

“(…) Aqui há três anos houve uma queixa desta senhora porque eu tinha acabado a relação, porque estava farto da relação porque tinha tido vários episódios de agressões, de cenas de ciúmes, de escândalos públicos, várias coisas e tudo isto está documentado”, conta, garantindo tem testemunhas que já foram a tribunal.

O ator revela que a ex-companheira tem problemas de adição “álcool e outras substâncias” e psiquiátricos que se agravaram com a morte de mãe. António Pedro Cerdeira diz ainda que numa das vezes em que terminou a relação lhe disse que para estarem juntos ela teria de fazer um tratamento às adições e psiquiátrico.

“Vemos muito nos filmes a cena do alcoolismo no cinema americano mas para mim como é uma coisa que eu não tenho não conheço. Quando de repente conhecemos uma pessoa que o tem custa-nos a assimilar isso. Eu não tenho problemas de adição e não conheço muitas pessoas que tenham. Só depois de ser chamado à atenção e ter visto vários mentiras…”, afirma sobre a ex-companheira.

António Pedro Cerdeira afirma que se manteve a viver com a ex-companheira por sofrer ameaças que iria para a praça pública denegri-lo e deu um exemplo. “Disse-me ‘amanhã vou jantar com o teu patrão, dono da SIC (Francisco Pinto Balsemão), e já falei com ele e nunca mais fazes novela nenhuma'”, parafraseou a ex-companheira.

Júlia Pinheiro quis saber porque o ator não acabou a relação. “Fomos vivendo e comecei a descobrir os problemas aos poucos. Os problemas de álcool, que estão documentados… Apaixonei-me, sofri, comecei a fechar-me e não soube lidar com a situação. Fui comodista, fui cobarde e fiz 50 tentativas para acabar a relação e não consegui (…) Já perdi um trabalho à conta disto, foi uma pessoa amiga que me disse e eu compreendo porque neste momento parece que sou tóxico. O meu filho mais novo já foi confrontado com bocas na escola. (…) Não fiz uma peça de teatro no teatro da Trindade por causa disso. Desisti, não queria arrastar e desviar o foco”, diz, para depois revelar que ligou a Daniel Oliveira. “Liguei e disse que se ele me quisesse tirar da novela para ele estar à vontade. Ele disse-me que não. (…) Tenho recebido um apoio extraordinário dos meus colegas”, sublinha.

António Pedro Cerdeira explica por que nunca fez queixa da ex-companheira

Os acontecimentos que espoletaram o fim da relação, diz António Pedro Cerdeira, aconteceram em junho de 2022, depois de uma cena de ciúmes da ex-companheira. O ator explica por que nunca fez queixa até agora por se tratar de uma situação humilhante. “Nunca fiz queixa. É intimidade. Não deixa de ser uma situação humilhante para nós. Eu tenho advogados extraordinários que examinaram o caso e que trabalham com casos ‘pro bono’ de violência doméstica (…) Em junho tomei essa atitude”, conta, revelando que tomou essa decisão depois de a ex-companheira ter feito uma cena de ciúmes grave e partir a casa toda. Situação

O intérprete de Olavo de Sangue Oculto admite ainda que tem tido muito apoio de pessoas de todo o lado. “Entre mensagens e telefonemas recebi 300. Carreguei o telefone e 80% das mensagens que recebi são de pessoas entre amigas dela e 80% foram de mulheres que eu acho que têm um sexto sentido e conseguem sentir estas coisas. A apoiarem-me”, sublinha, explicando de seguida como geriu esta situação com os filhos. “Expliquei aos meus filhos (Afonso, de 16 anos. O ator é também pai de Lourenço, de 20 anos) e também sempre tiveram o cuidado de não o dizer (na altura da relação), mas agora já o dizem que o ‘pai era mal tratado’. (…) Eles sabem o pai que têm. (…) Isto afeta porque não deixo de sentir vergonha”.

António Pedro Cerdeira admite que vive com receios. “Vivo a olhar para trás até porque já me foi dito que ela provavelmente anda a rondar, vivo a olhar para trás com medo daquele olhar de dúvida, sentes-te envergonhado, mas depois dás a volta”.

O ator recorda revela ainda que esteve gravemente doente, com uma pneumonia e que a ex-companheira o deixou sozinho e continuava a sair à noite e a dormir fora de casa. “Foi a Sofia Aparício que me salvou e me levou para o hospital”, garante, revelando ainda que a mãe também esteve sempre com ele.

Texto: Ana Lúcia Sousa

 

 

 

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