Afonso Vilela
“O melhor que tenho para dar ainda está para vir”

Nacional

Aos 48 anos, Afonso Vilela mantém um ritmo acelerado. Abraçou a escrita, continua a ter trabalhos de manequim, não dispensa o desporto e assume a paixão pela gastronomia

Sex, 14/09/2018 - 8:01

O paraíso natural que temos no norte do País foi a sugestão de Afonso Vilela para ser cenário desta produção. O Parque Nacional da Peneda­‑Gerês afigura­‑se, a um amante de desportos radicais, o local perfeito para praticar, por exemplo, o canyoning (descida de cursos de água com recurso a técnicas de escalada). Manequim há 30 anos, Afonso, que tem 48, demonstra que os números não são limitadores de nada e tem diversificado as suas atividades. Além dos desportos radicais, dedica­‑se ao seu blogue, Vil.pt, que continua em ascensão, e ainda à gastronomia, a sua paixão mais antiga. 

VIP – O seu blogue já atingiu um milhão de visitantes. Como se sente?
Afonso Vilela – Bem… um pouco espantado, não estava à espera, pelo menos tão cedo! Mas estou muito feliz por ver que o que faço, com tanto prazer, é tão bem recebido.

Tinha imaginado ter este sucesso?
Não! Sempre achei que me ia ficar por um grupo mais restrito de pessoas, com interesses comuns, e mais da minha faixa etária, etc. Nunca pensei que pudesse ter esta abrangência.

Quanto tempo dedica ao blogue por dia?
É difícil de contabilizar. O Vil.pt é um pouco da história do meu percurso de vida e do meu dia­‑a­‑dia. Sempre que vejo, faço algo de interessante, ou que ache digno de registo, escrevo e publico. Não contabilizo o tempo, é algo que faço com gosto!

O que é que o Afonso está a fazer mais, profissionalmente?
Continuo com uma atividade profissional bastante variada! Desde apresentações de eventos, trabalhos de modelo para as agências estrangeiras – maioritariamente Alemanha e Espanha –, participações em ficção nacional e alguma estrangeira que se tem feito por cá, muitas atividades de desporto outdoor… Nesta altura, levo muitos grupos para o rio, e tudo isto intercalado com as atividades ligadas à cozinha, consultoria, jantares, eventos…

É um amante do desporto ao ar livre. Quantas horas pratica por semana?
São desportos sem horários fixos, estamos sempre dependentes do tempo. Nesta altura, um pouco mais e de forma mais descontraída, muita gente vem do Sul para conhecer os percursos de rio. No inverno, com menos horas, é quase sempre com praticantes semiautónomos, mas de forma mais intensa.

Quais são os seus desportos favoritos?
Tudo o que envolva Natureza. Atualmente, o que faço mais são descidas de rios em canyoning. Também sou grande apreciador de desportos de combate, boxe, jiu-jitsu, MMA.

Tem cuidados com a alimentação?
Sim, cada vez mais. Para quem tem uma vida bastante ativa, é indispensável. Obviamente que, de vez em quando, não sigo isso à letra, mas faz parte… Gosto de comer, comida tradicional principalmente, e nos lugares que frequento para as atividades outdoor é normal encontrar restaurantes e tascas maravilhosas, daquelas que eu amo. Temos muito boa gastronomia, é difícil resistir…

No blogue conta um pouco da sua história. Qual foi o texto mais emotivo que escreveu?
Ainda não cheguei lá. Estou agora a começar o primeiro capítulo. Adoro escrever, tudo o que escrevo tem pelo menos um pouco de mim, mesmo as histórias que são inventadas. Sei que o melhor que tenho para dar, nesta área, ainda está para vir. 

Sobre o que é que lhe dá mais gozo escrever: desporto, viagens ou gastronomia?
A escrita é uma forma de partilha bastante especial e algo que me dá um gozo tremendo. Para já, acho que são as crónicas, opinar de maneira aberta e simples, de forma a que toda a gente perceba. Ou então, apenas contar histórias de forma divertida. 

Recorda com alguma nostalgia os seus passos no mundo da moda. Ainda desfila?
Sim, bastante mais do que alguma vez pensaria fazer com a minha idade. Os desfiles para público profissional carecem de modelos profissionais, hoje em dia as carreiras na moda são muito rápidas e voláteis, e certas coisas só se aprendem com tempo e experiência. Ainda é frequente desfilar para coleções de roupa de noivos!

O que tem para ensinar aos mais novos?
Ter, não tenho nada, mas posso e estarei sempre disponível para tal. Tal como referi, acho que hoje em dia se alavancam carreiras com poucas bases, parece que o que mais importa é o parecer ser, muitas redes sociais e afins… quando, na realidade, nada é o que parece ser. Tenho uma carreira de 30 anos na moda e continuo a trabalhar internacionalmente. Sempre encarei a moda sem deslumbramento e de forma profissional, continuo em formação, e isso é um processo constante. Tento ser, nunca apenas parecer. Sei que é uma postura um tanto ou quanto desatualizada nos tempos que correm, mas é sólida, e a verdade é que continuo por cá.

Guarda recordações dos primeiros tempos?
Muitas e muito boas! Acima de tudo, um companheirismo e cumplicidade que hoje em dia quase não existem. Anda tudo agarrado aos telemóveis.

Cozinhar é uma das suas paixões?
Sim, acho que a mais antiga.

Ganhou o programa MasterChef Celebridades. Como correu essa experiência?
Com alguns percalços, faz parte do programa, senão não tinha graça. Para quem gosta de fazer as coisas como deve ser, com tempo e dedicação, cozinhar em contrarrelógio, e ser obrigado a “saltar” uma série de passos e processos, não é fácil.

Teve dois restaurantes que foram um sucesso, mas foram projetos temporários. Já pensou em abrir um restaurante que não tivesse prazo de validade?
Sim, e acho que está para breve! Preciso de um lugar meu para criar e receber amigos.

Quais os segredos para ser um bom chef?
Gostar do que se faz, dedicação e espírito de sacrifício. A cozinha é uma amante cruel, não deixa espaço para mais nada.

Tem uma filha. Quantos anos é que ela tem? 
Sim, já tem 19 anos! O tempo passa a correr…

Como é a relação com ela?
Maravilhosa. Sinto que consigo ser pai, amigo e cúmplice ao mesmo tempo. Já “voa” sozinha há muito tempo, eu apenas estou cá para o que for preciso.

Alguma vez ela demonstrou interesse em fazer carreira na moda? O Afonso gostava que isso acontecesse ou, antes pelo contrário, demovia­‑a?

Nunca. Acho que o convívio mais próximo com este meio retirou­‑lhe qualquer tipo de deslumbramento. Enveredou por outras áreas, algumas até bastante opostas. Escolheu o que gosta, e estou muito orgulhoso disso. Nunca fiz questão de que frequentasse o meu meio.

Que outros projetos tem em mãos? Tem alguma novidade na representação?
Tenho um muito importante, que ainda é segredo, não sei quanto tempo demorará… Na representação, além de algumas participações especiais, como já referi, tenho os musicais de Natal, que é o meu trabalho preferido. Adoro os miúdos!  

Texto: Carla Vidal Dias; Fotos: João Manuel Ribeiro   

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