Dezenas de pessoas em pânico aproveitaram a porta de carga do voo do C-17 da Força Aérea semiaberta para entrarem e assim fugirem depois de os talibãs ocuparem o palácio presidencial de Cabul e assumirem controlo do Afeganistão. Para trás ficam tantas mulheres e é por elas que se teme mais. A brutalidade dos talibã exerce-se, sobretudo, sobre as mulheres. Desapareceram das vidas normais a que estavam habituadas e vestiram as burkas. Quem não as usava, acorreu a lojas na esperança de ainda conseguir comprar uma.
Desde há um mês, e à medida que tomavam províncias, os talibã começaram por exigir aos líderes religiosos locais listas de raparigas com mais de 15 anos e mulheres viúvas para casarem com combatentes e serem levadas para o Paquistão para serem, segundo estes, reeducadas e submetidas ao verdadeiro Islão.
Os talibã já avisaram que raparigas com mais de 12 anos vão ser impedidas de ir à escola, deixando assim quase 4 milhões de crianças sem acesso à educação.
As mulheres vão voltar a ser proibidas de trabalhar, obrigadas a usar burka, impedidas de sair de casa sem estarem vigiadas por um homem, usar táxis sozinhas ou andar de transportes onde estejam elementos masculinos.
Professores despedem-se das alunas
Neste domingo pela manhã, alguns professores da Universidade de Cabul despediram-se das suas alunas, sabendo que não poderão voltar a vê-las durante algum tempo. Em Kandahar, a Reuters colheu relatos de várias bancárias que, ao chegarem ao trabalho, foram escoltadas até suas casas por homens armados, com a ordem de não retornarem a sair e foi-lhe dito que os seus cargos deveriam ser ocupados por parentes homens.
Ainda os talibãs não tinham invadido Cabul e já a vida das mulheres começava a mudar. Os centros de estética tinham sido fechados e os cartazes ou outdoors de mulheres nas ruas, tinham sido todos ‘tapados’ com tinta.
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Texto: Marta Amorim; Fotos: DR
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