Afeganistão
Desesperada, atleta afegã faz apelo para ir aos Jogos Paralímpicos: “Ajudem-me”

Internacional

Jogos Paralímpicos de 2020, que só se realizam neste ano devido à pandemia da covid-19, começam no dia 24 de agosto, em Tóquio. Zakia Khudadadi, atleta afegã de 23 anos, está impedida de sair de Cabul.

Qua, 18/08/2021 - 19:00

Zakia Khudadadi, atleta paralímpica afegã, de 23 anos, está a emocionar o mundo com o apelo que fez recentemente. Face à atual situação vivida no Afeganistão – o grupo extremista islâmico Talibã invadiu grandes cidades e agora controla a maior parte do país -, a jovem está proibida sair de Cabul (a capital) para cumprir o sonho de se tornar a primeira mulher afegã a competir em Jogos Paralímpicos. A competição começa no próximo dia 24 de agosto, em Tóquio, no Japão. 

“Tenho sofrido muito” 

“Peço-vos, uma mulher afegã e como representante das mulheres afegãs, que me ajudem. A minha intenção é participar dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, por favor, ajudem-me. Tenho sofrido muito, não quero que minha luta seja em vão e sem resultados. Agarrem a minha mão e ajudem-me”, começa por dizer, desesperada, a desportista, através de um vídeo fornecido à agência Reuters pelo chefe do Comité Paralímpico do Afeganistão Arian Sadiqi, que está em Londres. O próprio iria viajar para o Japão ao longo da passada segunda-feira, enquanto que os atletas deveriam chegar neste dia 17.

“Peço a todos vocês, desde as mulheres ao redor do mundo, instituições de proteção à mulher, de todas as organizações governamentais, que não deixem que os direitos de uma cidadã do Afeganistão no movimento paralímpico sejam retirados tão facilmente», termina a jovem.

Em declarações à BBC Sports, Arian Sadiqi revelou que “toda a situação se tornou caótica muito rapidamente”. “Não tivemos outra escolha a não ser optar por não participar nos Jogos porque não havia voos comerciais para dentro ou fora do Afeganistão, excepto nas bases militares”, lamenta.

“Íamos fazer história”

“Nós íamos fazer história. Queríamos usá-la [Zakia Khudadadi] como modelo para o resto das atletas femininas, especialmente paralímpicas. Para dizer que se ela é capaz de o fazer, também o podes fazer, para encorajar mais participantes”, remata o chefe da missão paralímpica afegã. 

O anúncio do Comité Paralímpico do Afeganistão de que os representantes daquele país, Zakia Khudadadi e Hossain Rasouli – ambos do taekwondo -, não compareceriam na competição, foi dado na segunda-feira, 16 de agosto. 

O que já mudou na vida das mulheres afegãs 

Dezenas de pessoas em pânico aproveitaram a porta de carga do voo do C-17 da Força Aérea semiaberta para entrarem e assim fugirem depois de os talibãs ocuparem o palácio presidencial de Cabul e assumirem controlo do Afeganistão. Para trás ficam tantas mulheres e é por elas que se teme mais. A brutalidade dos talibã exerce-se, sobretudo, sobre as mulheres.

A lista de proibições talibãs relativas às mulheres é extensa e Zakia Khudadadi pode não conseguir prosseguir a sua carreira desportiva uma vez que passa a estar proibida de praticar qualquer desporto ou de entrar em qualquer clube desportivo. 

 

 

Texto: Ivan Silva; fotos: redes sociais 

 

 

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