Acidentes cardiovasculares
Como prevenir e o que fazer?

Saúde e Beleza

“A maioria dos doentes que vão ser acometidos de um acidente cardiovascular não tem previamente qualquer sintoma de aviso”

Qui, 20/10/2016 - 6:15

Pergunte ao seu médico como pode saber, através das técnicas modernas de imagem, se está ou não em risco de um acidente cardiovascular. Infelizmente, todos os dias, muitas famílias ficam em estado de choque, com enorme dor e tristeza, devido a um ataque cardíaco inesperado. Mas isto não é uma fatalidade, podemos e devemos mudar este estado de coisas. Salve a sua família desta tragédia. Faça o teste e conheça o seu risco! São estes os slogans de apresentação da Sociedade para a Prevenção e Erradicação do Ataque Cardíaco (SHAPE). Pode ver esta informação em pormenor no endereço da Internet http://shapesociety.org/. Esta sociedade é uma organização médica, sem fins lucrativos, que assumiu a missão de erradicar os ataques cardíacos. O seu objetivo operacional é identificar, através de técnicas modernas (TAC coronária e Eco-Doppler carotídeo), as placas de aterosclerose arterial que muitos doentes possuem e que atualmente constituem o melhor marcador de risco de ataque cardíaco. Esta sociedade está fortemente implantada nos Estados Unidos, em particular no estado do Texas, onde o rastreio do ataque cardíaco foi oficialmente implementado em janeiro de 2010. A adoção das diretrizes SHAPE pode prevenir a grande maioria destes trágicos eventos. Como é sabido, a maioria dos doentes que vão ser acometidos de um acidente cardiovascular não tem previamente qualquer sintoma de aviso, sendo a morte súbita e o acidente cardiovascular, nestes casos, totalmente inesperados. Ora, estas técnicas permitem o reconhecimento estrutural da doença aterosclerótica. Isto é, os doentes com placas devem ser tratados, quer quando se trata de obstruções críticas a necessitar de cateterismo e cirurgia, quer ainda nos estádios iniciais da doença, de forma a impedir a sua evolução.

A adoção das diretrizes SHAPE pode prevenir a maioria destes trágicos eventos. A maneira tradicional de identificar os indivíduos em maior risco de acidentes cardiovasculares baseia-se no cálculo de risco individual em função da idade, sexo, antecedentes familiares e fatores de risco padrão: colesterol elevado, diabetes, hipertensão arterial, tabagismo, obesidade, sedentarismo, etc. Estas diretrizes (europeias e/ou americanas) são particularmente úteis do ponto de vista da educação sanitária e saúde pública, em especial na infância e nos jovens adultos, mas são demasiado incertas para a previsão do acidente cardiovascular. Daí que as orientações mais recentes apontem já para a instituição de medicação com estatinas, medicação usada para o tratamento das placas de aterosclerose e para baixar a taxa sanguínea de colesterol na maioria dos indivíduos com idade compreendida entre os 40 e os 75 anos. Ou seja, muito se pode fazer nos nossos dias para melhorar a saúde e a qualidade de vida das populações: a mudança de hábitos com adoção precoce de hábitos saudáveis e o tratamento dos fatores de risco (prevenção primordial e primária) e, ainda, a identificação dos doentes em fase inicial ou em risco aumentado de acidente cardiovascular e morte fazem com que seja possível, atualmente, prevenir com sucesso e até erradicar o enfarte do miocárdio e o acidente vascular cerebral. Pergunte ao seu médico como pode vir a saber, através das técnicas modernas de imagem, se tem placas de aterosclerose nas artérias coronárias e nas carótidas e assim prevenir e tratar o acidente cardiovascular.

Prof. Ovídio Costa, Cardiologista e professor da Faculdade de Medicina da U.P.  

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