Acaba de lançar mais um romance histórico. Depois de Marquesa de Alorna, Maria João Lopo de Carvalho fala de Padeira de Aljubarrota, a sua nova aventura literária. Na sua casa da Estrela, em Lisboa, a escritora fala ainda da relação que tem com os filhos e das suas memórias de Natal.
VIP – Os seus filhos, o Tomás, de 26 anos, e a Rita, de 25, têm 11 meses de diferença. Foi fácil ter dois filhos com idades tão próximas?
Maria João Lopo de Carvalho – Não, foi péssimo. O Tomás não chorava muito, mas dava show em todo o lado. A Rita era uma miúda normalíssima, com as suas birras. Era como se tivesse dois gémeos e eu a trabalhar…
Foi difícil, portanto…
MJLC – Sim. A Rita foi um acidente de percurso (risos). O Tomás só tinha dois meses quando eu engravidei.
E depois não quis mais filhos?
MJLC – Isto deu comigo em doida, palavra de honra. Estava no princípio da vida, eu estava a dar aulas no liceu.
Qual deles é mais parecido consigo?
MJLC – A Rita é igual, é muito determinada e trabalhadora, esforçada e ambiciosa. O Tomás é diletante, muitíssimo inteligente e tem um sentido de humor fortíssimo. Enquanto escritora, suponho que passe muito tempo agarrada às suas histórias.
Eles, de alguma forma, sofreram com isso? Queixaram-se ou pediram-lhe mais atenção?
MJLC – Não, porque eu comecei a escrever em 2000, já tinha 40 anos. Portanto, eles tinham 14, 15 anos. E eu não fazia só escrita, trabalhava na McCann Erickson, em publicidade, na minha empresa Know How, dava aulas, já tinha pouco tempo, mas a escrita a tempo inteiro só veio de há dois ou três anos.
Agora, eles já são adultos e a Rita não vive em casa há oito anos. A Rita vive no estrangeiro?
MJLC – Ela acabou agora um contrato no Dubai e começa outro no Egito.
Como foi deixar Portugal para embarcar numa aventura no estrangeiro, Rita?
Rita Villarinho Pereira – Fui estudar para os Estados Unidos com 16 anos porque queria descobrir o Mundo. Quando regressei, a minha mãe deu-me a ideia de ir fazer a escola de hotelaria em Espanha e não voltei mais.
E não sente saudades?
RVP – Há sempre. Quando volto de férias, quero sempre ficar. Mas, depois, não vale a pena. Aprende-se muito lá fora e eu já estive em sítios completamente diferentes.
O Tomás ainda vive com a mãe?
MJLC – Sim e ajuda-me bastante, porque há partes do livro – como a biografia de personagens ou a bibliografia – que é preciso fazer e transcrever. A primeira revisão é o Tomás que a faz. É uma espécie de um part-time que ele tem, para me ajudar.
O que está a estudar, Tomás?
Tomás Villarinho Pereira – Matemática.
Tem por hábito ajudar a sua mãe nas pesquisas dos livros?
TVP – Sim, ajudo-a nas pesquisas e também nas edições. Estive a ajudá-la na bibliografia e também na lista de personagens.
Como se define, enquanto mãe, Maria João?
MJLC – Quando eles eram miúdos, eu era muito exigente com a parte escolar. Sempre fui, por defeito de profissão, por ser professora e por ter sido boa aluna. Portanto, negativas era coisa que não entrava aqui e faltas ainda menos. Fui sempre muito presente em toda a parte escolar, mas não sou uma mãe muito autoritária. Sou muito atenta, eles podem contar tudo o que quiserem e eu posso ouvi-los, mas não sou autoritária. Fomos a todos os museus, a todos os teatros, a tudo o que a cultura nos pode proporcionar. E esta sempre foi uma casa que está aberta a todos os amigos deles.
O que espera para eles?
MJLC – Que eles sejam felizes.
E o que sente que lhes falta agora?
MJLC – É terem estabilidade emocional, os dois. Já netos, ainda não, mas até aos 30…
Gostava de ser avó?
MJLC – Gostava de ter o conto de fadas do casamento da Rita. E apetece-me, sobretudo, que eles não façam os erros que eu fiz e que tenham uma vida emocionalmente estável e feliz.
Como é a Maria João enquanto mãe, Rita?
RVP – Comigo é tranquila, não tenho problemas nenhuns, nunca tive. É uma mãe muito fácil de enganar, acredita em qualquer mentira (risos).
Foi difícil escrever sendo mãe?
MJLC – Quando me separei pela primeira vez, casei-me uma segunda vez e separei-me segunda vez. Foi um período complicado. Só quando ganhei alguma estabilidade emocional é que comecei a escrever, e pronto, nunca mais parei.
Como é a relação deles enquanto irmãos?
MJLC – Dão-se pessimamente (risos). Quer dizer, têm feitios opostos, mas são amigos. Quando ela vem a casa, fazem uma festa. A Rita tenta proteger o irmão porque ela é muito mais adulta e madura, embora o irmão seja mais velho.
Rita, como é a sua relação com o Tomás?
RVP – Quando éramos mais novos, andávamos sempre à bulha, mas somos amigos e nós ainda temos outro irmão, do lado do pai.
Como se dá com a sua irmã, Tomás?
TVP – Agora, que ela está fora, é tudo fantástico (risos). É giro 90 por cento da casa ser minha durante muito tempo.
Como vai ser este Natal, Maria João?
MJLC – Vai ser ótimo, porque a Rita está cá e, normalmente, não está. É sempre aqui, numa reunião de irmãos e de sobrinhos.
São muitos?
MJLC – Eu tenho três irmãos, são 11 sobrinhos e quatro sobrinhos-netos. É uma casa cheia.
Do que mais gosta no Natal, Rita?
RVP – Gosto muito de ter a família toda cá em casa e também adoro passar o Natal com o meu pai. Tanto o Tomás como eu gostamos de estar com a família.
E que tradições têm?
MJLC – Fazemos sempre um jogo de Natal. O ano passado foi um quiz com perguntas sobre a família, por equipas. Eu e o Tomás é que organizamos sempre um jogo. Depois, já implementei isso num ano em que não dei presentes a ninguém e dei tudo à Ajuda de Berço. Este ano, estou a dar presentes aos vizinhos, porque sei que aqui, na nossa rua, as pessoas estão a passar um mau bocado. Estamos num ano de sacrifícios, de muita austeridade e há pessoas a passar muito mal.
O que gostava de receber no Natal?
TVP – Pagar as multas de estacionamento e um fato.
Falemos agora do seu livro. Como surgiu a ideia de fazer este romance histórico?
MJLC – Agora estou nos romances históricos, primeiro com a Marquesa de Alorna e agora com a Padeira de Aljubarrota, que vem a ser a metáfora que eu acho que o povo português e, em particular, as mulheres portuguesas, precisam de ouvir outra vez e que é a força de um povo que não se resigna. Portanto, um povo que consegue vencer em momentos de adversidade.
É uma metáfora para os dias de hoje, para a crise que vivemos?
MJLC – É uma excelente metáfora. Eu sempre gostei da Padeira, da força popular e da Idade Média, que toda a gente diz que é a idade das trevas.
E já pensou na próxima história?
MJLC – Estou a fazer uma coisa completamente diferente, que é uma encomenda, porque o grupo de forcados de Santarém faz cem anos em 2015 e eu estou a fazer a sua história. É um livro completamente diferente e vai ocupar-me o ano inteiro. Mas, em termos de romance histórico, vou fazer outro, passado durante os Descobrimentos, que me está a motivar imenso. E, além disso, estou a fazer uma coleção chamada Hora H, que conta, de uma maneira muito futurista – mas mesmo muito futurista –, toda a história de Portugal, desde o que se aprende no primeiro ciclo. Tudo em banda desenhado e com uma personagem misteriosa chamada H.
Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Elisabete Guerreiro; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel
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