Cristina Câmara
“Gosto da minha vida tal como é”

Famosos

De regresso ao cinema no filme Quarta Divisão, gosta de manter, em cada papel, o entusiasmo da primeira vez

Sex, 15/03/2013 - 0:00

 Escolhe a dedo cada um dos projetos que integra. Depois dos sucessos cinematográficos Tentação e Inferno, Cristina Câmara interpretou a sedutora Xana em Dei-te Quase Tudo. Joaquim Leitão agarrou de novo da ex-modelo para o policial Quarta Divisão. Em entrevista à VIP, a atriz levanta o véu sobre a sua vida quotidiana, bem longe das luzes da ribalta, e o casamento de 14 anos com o produtor Tino Navarro.

VIP – Como surgiu o convite para o filme Quarta Divisão, de Joaquim Leitão?
Cristina Câmara – Quando o Joaquim me convidou aceitei logo, claro. Já estava habituada a trabalhar com ele, portanto não houve aquela situação de apalpar terreno com o realizador, foi algo muito familiar. Além de trabalharmos juntos somos amigos, portanto foi uma coisa muito natural.

Ficou logo seduzida pelo guião?
Sim, porque é um filme muito forte, onde coexistem vários temas. Fiquei logo a achar que ia ser um bom trabalho, é muito potente, emocionalmente. Começa com a investigação do desaparecimento de uma criança e vai-se desenrolando em várias situações cada vez mais surpreendentes.

Como trabalhou o papel de uma mãe cujo filho desapareceu, vítima de violência?
É um personagem bastante denso. Ela não fala muito, então tinha de comunicar muito com a expressão, com a emoção. Não quis falar com ninguém especificamente que estivesse nessas situações porque achei que seria demasiado intrusivo e não iria beneficiar o meu papel. Hoje em dia felizmente há Internet. Além disso, há uns anos apareceu no meu bairro uma pessoa que me impressionou muito. Era uma senhora estrangeira muito alta, mas andava sempre muito encolhida, parecia muito pequenina, e depois vim a saber que era vítima de violência doméstica. A imagem dela ficou-me sempre na cabeça e quando tracei um perfil foi a primeira pessoa de quem me lembrei. Às vezes observo coisas, capto e guardo e depois surgem. A memória de um ator é muito valiosa.

O facto de não ser mãe tornou mais difícil interpretar o papel?
Nós interpretamos assassinos e não é preciso ter assassinado alguém, ou falar com um assassino. Sempre me chocaram muito os casos de crianças desaparecidas, o facto de imaginar uma criança indefesa, sozinha, é assustador. O problema é não saber. A nossa imaginação faz o trabalho e imaginamos o pior. Mas o amor é universal e depois há a intensidade e a incondicionalidade. Acho que se uma pessoa souber o que é o amor, consegue perceber o amor incondicional.

Faz poucos trabalhos, em televisão e em cinema, por opção?
Às vezes é. Eu gosto da minha vida tal como é, porque depois os trabalhos que faço acabam por ser como se fosse a primeira vez, tenho um entusiasmo em cada trabalho que às vezes não vejo em pessoas que trabalham continuamente e eu não queria perder nunca isso. Agora, se de repente, por um golpe do universo, aparecessem muitos projetos interessantes gostaria de os fazer…

O Joaquim Leitão consegue convencê-la sempre?
Foi ele que me descobriu e gosto dele. Acho que mesmo que não tivesse uma ligação pessoal, haveria sempre uma ligação à pessoa que me deu a primeira oportunidade e acreditou em mim.

O filme Tentação foi um aposta em si?
Foi um risco, mais do que uma aposta. Podia ter sido um desastre, mas teve um feeling e deu certo. Tinha 28 anos, uns meses antes tinha acabado a carreira de modelo porque estava farta. Estava esgotado, não tinha mais nada para me dar e eu não tinha mais nada a dar à profissão, a partir dali não iria evoluir. Estava a trabalhava como booker numa agência e a proposta surgiu de forma completamente inesperada. Experimentei e naquele momento senti que era atriz. Podia ter sido uma coisa pontual, mas gostei muito. Ainda tenho muito para crescer, para explorar e acabo por me conhecer melhor através da profissão.

Pelo facto de ser casada com um produtor, não cai na tentação de ir ver os projetos, a ver se algum lhe agrada?
Preferimos as coisas bem separadas. Se o realizador quiser trabalhar comigo, tudo bem, mas eu prefiro ter as coisas bem separadas, até porque as pessoas às vezes pensam que eu poderia ter mais acesso às coisas… mas não quero. Prefiro assim.

São críticos do trabalho um do outro?
Como qualquer casal, damos a nossa opinião. Mas se estivermos envolvidos no mesmo trabalho, prefiro deixar “cada macaco no seu galho”.

Não ser mãe foi uma escolha de vida?
Não aconteceu. Houve uma altura em que o relógio biológico fez soar o alarme, mas não aconteceu na altura que me apetecia e quando passou essa vontade não fiquei com pena. Tudo tem o lado bom e o lado mau e eu sou uma pessoa muito positiva, vejo o lado positivo das coisas. Sou livre, posso viajar… e as pessoas, quando têm filhos, nunca sabem o que lhes vai calhar, o lado positivo é que nunca vou ter o coração partido, nunca vou ter um grande desgosto. Também não tenho as alegrias é certo…

E o que lhe dá alegrias?
Sou leitora compulsiva, pratico exercício físico, gosto da Internet e essencialmente gosto de aprender, portanto sempre que tenho alguma dúvida vou procurar, gosto de explorar, qualquer coisa que me desperte o interesse…

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