António Costa
«Este mês é perigosíssimo. Emigrantes portugueses: este ano não venham na Páscoa»

Nacional

António Costa falou ao País e respondeu às questões de Cristina Ferreira, sobre a Covid-19, na SIC, na manhã desta quarta-feira, 1 de abril

Qua, 01/04/2020 - 12:16

António Costa fala ao País no dia em que se confirmam 187 mortos e 8.251 infetados com Covid-19 em Portugal, em entrevista ao programa de Cristina Ferreira.

«Só podemos viver este momento sentindo todos que estamos a ser sinceros e francos uns com os outros e temos que ter confiança para viver esta situação. não sabemos se vamos estar assim um mês, dois meses, três meses… E isso obviamente é assustador para todos», diz António Costa, reforçando que o cenário ideal era aquele em que no final de abril «pudéssemos começar a abrir um pouco as portas».

«Ainda estamos na fase em que estamos a aumentar os casos. Os últimos dias dizem-nos que o ritmo de crescimento está menor e isso pode ser um bom sinal», diz.

«Este mês é perigosíssimo. Primeiro, porque há a Páscoa. Todos nós percebemos que vamos ter de ver a Páscoa este ano de uma forma radicalmente diferente», mas afirma que se os números de Portugal são “bons”, é graças à disciplina dos portugueses

Na Páscoa, «as pessoas não podem ir à terra, têm de ficar mesmo na sua casa, não podem ir visitar os familiares que têm na terra. É uma coisa duríssima, mas que eu acho que é preciso dizer aos nosso compatriotas que vivem fora , aos emigrantes portugueses, este ano não venham. Até porque se vierem, não podem sair de casa. as famílias numerosas vão ter que estar juntas separadas, cada uma nas suas casas e este não é ano de fazermos grandes almoços de páscoa.»

Costa alerta ainda, uma vez mais, para a necessidade de os mais idosos terem mesmo de permanecer em casa.

Decisão sobre escolas a 9 de abril

Uma das grandes preocupação dos pais neste momento é como serão feitas as avaliações escolares este ano. Sobre isso, António costa volta a reiterar que esse decisão esta marcada para dia 9 de abril, se haverá ou não terceiro período. O primeiro ministro revelou ainda que o governo está a trabalhar numa «solução para todos os níveis educativos co o apoio da televisão digital terrestre», reiterando que «é uma coisa muito difícil devido à quantidade de disciplinas que são lecionadas. Esta medida pretende que todos os alunos, com ou sem computador, tenham acesso a aulas.»

Portugal prepara-se com ventiladores

António Costa volta a afirmar que nada tem faltado nos hospitais portugueses e que a compra de «tantos ventiladores» é uma forma de evitar, por exemplo, que médicos tenham que escolher quem saltar tendo em conta a idade, à semelhança daquilo que tem acontecido em Espanha e Itália.

«Temos 88% de doentes em tratamento domiciliário. Felizmente ainda não chegámos a nenhuma situação de ruptura. Havendo esse caos, desta vez será mais dramático porque tem um tempo de cura superior ao normal. Mas menos de duas semanas nunca será. Ou seja, se alguém for para o hospital, a cama estará ocupada durante duas semanas. Por isso, é importante termos os serviços preparados», diz.

«Hoje sabemos que muitas das pessoas estiveram infectadas com o vírus e não tiveram sintomas. Mas podem ter infectado [outras]. Por isso, mais do que [pensar nos] equipamentos, é fundamental cumprirmos as regras de distanciamento social», afirma António Costa.

«Quem já tem ordenados muito baixos, é um corte brutal»

Face à crescente preocupação sobre o possível endividamento das famílias, recorrendo a créditos,António Costa explica que as medidas de restrição, que levaram ao encerramento de vários estabelecimentos foram planeadas para «uns meses, tinham mesmo de ser impostas», e que os apoios tradicionais se mantém. Sobre o funcionamento de barbearias, centros de estética e cabeleireiros, António Costa volta a afirmar: «Não podem, não devem receber clientes».

Não vai haver vacina antes do verão de 2021

«Há uma coisa que é preciso termos todos a noção: não vai haver vacinas disponíveis no mercado antes da primavera/verão de 2021», diz António Costa, alertando que temos pela frente pelo menos mais um inverno com vírus e sem vacina.

«Vamos sair [deste surto] mais pobres e mais frágeis»

«Temos de fazer todos um esforço para que as empresas não fechem e para que os rendimentos sofram a menor quebra possível. Mas essa é aquela esperança que eu não devo incutir. Vamos sair, mas ainda não é tempo de dizer que estamos no início da saída. Este vai ser o mês mais difícil», insiste, voltando a pedir para que as pessoas se mantenham em casa.

Texto: Marta Amorim

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