30 anos sem Freddie Mercury
As suas canções continuam a arrepiar e a emocionar

Internacional

Freddie Mercury morreu no dia 24 de novembro de 1991, aos 45 anos, em Londres. A causa da sua morte foi uma broncopneumonia, agravada pela SIDA. Exatamente um dia antes, a 23 de novembro, tinha declarado publicamente que estava infetado com o vírus

Qua, 24/11/2021 - 13:04

Morreu no dia 24 de novembro de 1991, aos 45 anos, em Londres. A causa da sua morte foi uma broncopneumonia, agravada pela SIDA. Exatamente um dia antes, a 23 de novembro, tinha declarado publicamente que estava infetado com o vírus. Para trás deixou um legado inegável para a comunidade artística e para a cultura pop. Até hoje, os seus maiores êxitos se continuam a ouvir pelo mundo inteiro.

Freddy nasceu a 5 de setembro de 1976 em Zanzibar. O seu nome verdadeiro era Farrokh Bulsara, mas foi como Freddie Mercury que se tornou um ídolo para várias gerações. Aos 17 anos mudou-se para Inglaterra com os pais e aí conheceu os colegas da banda. Na universidade, Mercury dividiu quarto com Tim Staffell, jovem que tinha uma banda com Roger Tayler e Brian May e não imaginava que aqueles colegas de faculdade seriam os seus grandes companheiros de palco durante anos. 

Freddie Mercury já sabia que tinha  Sida desde os anos 80. No entanto, decidiu manter a doença em segredo para que os fãs não associassem as músicas do Queen à  situação da sua vida pessoal. Nem a própria família sabia do seu sofrimento e a banda também só teve conhecimento em 1990. Freddie Mercury decidiu não revelar o diagnóstico porque, na altura, havia um grande estigma e um grande receio da sociedade em relação à Sida.  

Nos últimos meses da sua vida, a sua situação piorou e o seu assistente pessoals teve que aprender a dar-lhe até os medicamentos e ajudar na  sua estabilização médica, pois os efeitos do HIV eram devastadores, e os que estavam mais próximos do artista sabiam que a morte estava para breve. 

Desde 24 de novembro de 1991, a casa de Freddie Mercury em Kensington, em Londres. transformou-se em num local de peregrinação para os fãs e admiradores do cantor.
Hoje, resta-nos admirar o que os Queen nos deixaram como por legado, admirar o talento individual e coletivo dedicados a uma obra fantástica. Aonde teriam chegado os Queen se Freddie Mercury não tivesse falecido tão precocemente, com apenas 45 anos de idade e com tanto ainda por criar.

“Gostaria de confirmar que tenho SIDA”

Horas antes de morrer, Freddie Mercury decidiu revelar ao mundo a sua doença, pois sabia  que quando morresse tal se tornaria público:

“Devido às das enormes conjeturas que têm aparecido na imprensa ao longo das últimas duas semanas, gostaria de confirmar que tenho Sida. Creio que tenha sido correto não publicar esta informação até agora para proteger a privacidade das pessoas à minha volta. No entanto, chegou a hora dos meus amigos e fãs de todo o mundo saberem a verdade. Espero que todos se unam aos meus médicos e todos os outros no mundo que lutam contra esta doença terrível. A minha privacidade foi sempre algo especial para mim e eu sou famoso por dar poucas entrevistas. Por favor, entendam que continuará a ser assim”. Freddy Mercury, novembro de 1991.

A melhor voz de sempre

Considerado por muitos a melhor voz de sempre, foi autor de alguns dos temas mais marcantes da história da música. “We are the champions”, “Under Pressure”, “We Will Rock You”, “Love Of My Life”, “Somebody To Love” ou “Don’t Stop me now” são algumas das canções que continuam a ser banda sonora de muitas vidas.”Bohemian Rhapsody” é outros dos temas mais marcantes da banda. Escrita por Freddie Mercury, “Bohemian Rhapsody” começou a ser gravada no início dos anos 1970 em seis estúdios, usando a tecnologia mais avançada da época. Apesar do trabalho, a banda não tinha fé na canção e acreditava que nunca iria passar nas rádios. Contudo, em 2018, inpirado nessa canção, foi feito o filme Bohemian Rhapsody sobre a história dos Queen.

Depois de vários rumores, o vocalista dos Queen confirmou que tinha sida, a 23 de novembro de 1991. Freddie Mercury morreu um dia depois, em casa, local que se tornou num lugar de culto entre os fãs. Meses depois da morte do cantor, a 20 de abril de 1992,  72 mil pessoas encheram o estádio de Wembley em Londres para recordar e celebrar a carreira de Freddie Mercury. Além dos integrantes dos Queen (Brian May, John Deacon e Roger Taylor), pelo palco passaram muitos dos amigos de carreira do cantor, como David Bowie, Annie Lennox, George Michael e Elton John.

Filme Bohemian Rhapsody

Este é um filme autobiográfico sobre os Queen, uma das maiores bandas de rock de sempre. Apesar de ter Freddie Mercury como foco principal, é mostrada a amizade entre os seus elementos e as circunstâncias que os tornaram verdadeiros ícones do panorama musical da época. Um desses momentos cruciais acontece no concerto Live Aid, realizado no Estádio de Wembley (Londres), a 13 de julho de 1985, onde Mercury – recebendo a ovação de uma plateia de quase 80 mil pessoas e vários milhões de espetadores em mais de 100 países -, abriu o espetáculo com “Bohemian Rhapsody”. Essa atuação apoteótica é ainda hoje considerada uma das maiores “performances” da história do rock.

Uma estátua na Suíça e uma associação de caridade

No dia 25 de novembro de 1992, foi inaugurada uma estátua em sua homenagem, com a presença de Brian May, Roger Taylor, da cantora Montserrat Caballé, Jer e Bomi Bulsara (pais de Freddie) e Kashmira Bulsara (irmã de Freddie), em Montreux, na Suíça, cidade adotada por Freddie como a sua segunda casa.

Os membros remanescentes do Queen fundaram uma associação de caridade em seu nome, a The Mercury Phoenix Trust, e organizaram, em 20 de abril de 1992, no Wembley Stadium, o concerto beneficente The Freddie Mercury Tribute Concert, para homenagear o trabalho e a vida de Freddie.

O mistério das cinzas 

Mary Austin, sua amiga de longa data e ex-noiva, foi a guardiã dos restos mortais de Mercury. Para cumprir o seu desejo, ela manteve a urna das suas cinzas no seu quarto durante dois anos, antes de enterrá-la num local secreto. Há quem especule que ela levou as cinzas para sua terra natal, Zanzibar, enquanto outros acham que Mercury foi enterrado no jardim japonês da sua mansão em Londres a até espalhadas num lago suíço aonde Freddie ia, de vez qunado, em busca de paz.

Contudo, em 2013, um pedestal com o nome de nascimento de Freddy Mercury foi descoberto no cemitério Kensal Green, em Londres. “In Loving Memory of Farrokh Bulsara, 5 de setembro de 1946 – 24 de novembro de 1991”, dizia, “Pour Etre Toujours Pres De Toi Avec Tout Mon Amour – M.” que significa “Sempre estarei perto de ti com todo o meu amor” e muitos especulam que o “M” em questão, é de Mary Austin. 
A própria Mary Austin já confessou  que esse não é o lugar de descanso de Mercury, e visto que ela é a única que saberá a verdade, o cantor está a descansar na paz que desejou e mereceu. Até hoje, continua a ser um mistério. Sobre isso, Mary guarda um silêncio férreo como os muros que rodeiam a mansão herdada da grande estrela do rock.

Mary Austin: Love of My Life

Freddie Mercury e Mary Austin, loira e de olhos azuis, namoraram durante seis anos e até chegaram a ficar noivos na década de 1970. Depois do cantor assumir a sua homossexualidade, o relacionamento chegou ao fim, mas o amor incondicional permaneceu durante toda a vida. Mary sempre o apoiou a explorar a própria sexualidade. Ela era a melhor amiga e confidente do artista, tendo este até escrito e dedicado uma das  músicas mais famosas da banda: “Love of My Life.” 

Mary era a única que lhe poderia fazer frente e até lhe  dar ordens. Ela foi a primeira pessoa a saber que o cantor era seropositivo, tanto que o seu último pedido antes de morrer foi para que fosse enterrado num local que apenas ela soubesse: “Ninguém jamais saberá onde estão as suas cinzas porque esse foi o seu último desejo“, declarou o amor da vida de Freddie Mercury.

Tanto assim, que no testamento, Freddy Mercury declarou que a ex-namorada seria a herdeira dos direitos autorais das músicas do Queen, de metade da sua fortuna, estimada em nove milhões de euros, da sua mansão de Garden Lodge e dos seus adorados gatos. Hoje, com 70 anos, Mary Austin continua a viver na mansão que herdou, cercada por muros enormes.

Texto: Virgínia Esteves; Fotos: Reuters

Siga a Revista VIP no Instagram