2020
Tudo o que se passou “lá fora” e que marcou este ano

Internacional

Relembre os principais acontecimentos que marcaram o ano de 2020.

Qui, 31/12/2020 - 20:00

2020 ficará na memória como um dos anos mais marcantes de sempre. Donald Trump perdeu para Joe Biden e Kamala Harris as eleições presidenciais nos Estados Unidos e o mundo revoltou-se contra a morte do afroamericano George Floyd às mãos da polícia. Os incêndios florestais na Austrália mataram cerca de um bilião de animais e explosões na região portuária de Beirute, Líbano, deixaram mais de 100 mortos e mais de quatro mil feridos. Mas um acontecimento ‘superou’ e desafiou todo o mundo: a pandemia da covid-19 afetou (e afeta) a vida de todos. Para muitos, de forma irreparável.

COVID-19

A China anunciou no último dia de 2019 que tinha sido detetado um surto pneumónico, de origem desconhecida. Havia 44 casos confirmados. O foco terá começado num mercado Wuhan, na província de Hubei. O mundo ainda não sabia, mas era o início da segunda pandemia do século XXI e da maior ameaça sanitária das últimas décadas.

O vírus rapidamente se alastrou por todo o mundo. E três meses depois, a 11 de março, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou pandemia por causa do novo coronavírus SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19.

Até meados de dezembro, a covid-19 já provocou mais de 1,6 milhões de mortes no mundo e cerca de 6 mil em Portugal. Afundou as economias, lançando milhões no desemprego e na pobreza. Entrámos todos em confinamento, as ruas ficaram vazias e o distanciamento social tornou-se a lei. Por outro lado, houve uma redução da emissão de CO2, podendo o planeta atingir o nível mais baixo de poluição desde 2010.

CORRIDA À VACINA DA COVID-19

Quase um ano depois desta pandemia ter começado, eis que surge a tão esperada notícia: as vacinas contra a covid-19. O Reino Unido foi o primeiro país Ocidental a iniciar o plano de vacinação, a 8 de dezembro. E Margaret Keenan, de 91 anos, foi a primeira pessoa a receber a vacina Pfizer/BioNTech. Em Portugal, a vacinação começa em janeiro.

TRUMP PERDE A PRESIDÊNCIA DOS EUA PARA JOE BIDEN. E KAMALA FAZ HISTÓRIA

Donald Trump perdeu a presidência dos Estados Unidos para o democrata Joe Biden. “Fraude eleitoral massiva”, alegou Trump, pedindo a recontagem dos votos. Os tribunais não encontraram razões legais para tal.

Kamala Harris foi escolhida por Joe Biden para ser a vice-presidente dos Estados Unidos, tornando-se assim na primeira mulher a ocupar o cargo.

MEGXIT: A SAÍDA DE HARRY E MEGHAN DA REALEZA

Nos primeiros dias do ano, os duques de Sussex anunciaram a sua vontade de abdicarem dos cargos de “membros sénior” da família real e de se tornarem “financeiramente independentes”. E a 1 de abril, Harry e Meghan afastam-se oficialmente da realeza britânica.

REI EMÉRITO DE ESPANHA EXILADO

Em agosto, o Rei emérito de Espanha, Juan Carlos, deixou o país de forma inesperada (e inicialmente secreta) e exilou-se em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde permanece. A ‘fuga’ deu-se após a justiça espanhola ter iniciado uma série de processos em que investiga o pai de Felipe VI (atual rei de Espanha) seja por alegada fuga ao fisco, contas em paraísos fiscais e transferências efetuadas por um milionário mexicano a partir das quais pagava despesas nunca tributadas. Já antes, a 15 de março, o filho renunciava a futura herança do seu pai e retirava a Juan Carlos as ajudas de custo anuais que recebia.

A EXPLOSÃO DE #BLACKLIVESMATTER COM A MORTE DE GEORGE FLOYD

O afro-americano George Floyd, de 46 anos, morreu, a 25 de maio, durante uma detenção em Minneapolis, quando um polícia pressionou o joelho contra o seu pescoço durante 7.46 minutos. O vídeo chocou o mundo, especialmente depois de Floyd, por várias vezes, ter gritado: “não consigo respirar”. O caso provocou uma onda de contestação, com manifestações, algumas violentas, contra o racismo e a violência policial, nos Estados Unidos e no resto do Mundo.

A morte de George Floyd fez multiplicar uma palavra de ordem que se espalhou pelo mundo: #BlackLivesMatter (As Vidas Negras Importam) – que teve origem num processo judicial de 2013, em que um polícia (George Zimmerman) foi absolvido pelo assassínio de um jovem de 17 anos afro-americano (Trayvon Martin). A expressão tornou-se, desde então, num movimento organizado, contra o racismo e a violência policial sobre as minorias negras.

EXPLOSÕES EM BEIRUTE

A 4 de agosto, duas fortes explosões abalaram o porto de Beirute, capital do Líbano. Pelo menos 191 pessoas morreram, mais de 6,5 mil ficaram feridas e cerca de 300 mil ficaram sem casa. Explodiram 2.750 toneladas de nitrato de amónio, o equivalente a um sismo de 3.3 na escala de Richter, o que criou uma cratera com 43 metros de profundidade. O fertilizante estava armazenado há cerca de sete anos, sem especiais medidas de proteção. O primeiro-ministro Hassan Diab demitiu-se. A reconstrução da “Paris do Médio Oriente” vai demorar anos.

LUANDA LEAKS

A empresária Isabel dos Santos é acusada de desviar dinheiro do Estado angolano, no âmbito dos “Luanda Leaks” – é o resultado de uma investigação jornalística a alegados esquemas de enriquecimento da filha do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e do marido, o empresário congolês Sindika Dokolo, por um consórcio internacional de jornalistas, a partir de cerca de 715 mil ficheiros obtidos através de uma organização de proteção de denunciantes em África. Na origem desta investigação estão documentos entregues pelo “hacker” Rui Pinto.

Entre outras revelações, destaca-se um esquema de desvio de 115 milhões de dólares da petrolífera estatal Sonangol (de que foi presidente) para uma conta sua no Dubai e o esvaziamento de todo o saldo da companhia numa conta do EuroBic Lisboa (do qual é a principal acionista) no dia seguinte à sua demissão.

A mulher mais rica de África nega as acusações, enquanto Luanda reclama em tribunal 4,6 mil milhões de euros. Em Portugal, as contas da filha do antigo Presidente José Eduardo dos Santos foram congeladas, a posição no banco EuroBic e operadora NOS foi arrestada e a participação na Efacec nacionalizada.

O ano de Isabel dos Santos ficou ainda marcado pela morte do marido Sindika Dokolo, no Dubai, quando praticava mergulho.

EUA E IRÃO TROCAM FOGO

Em janeiro, os Estados Unidos matam o número dois do regime iraniano, o general Qassem Soleimani. O Irão responde e ataca bases norte-americanas no Iraque e abate, por engano, um avião de passageiros, nos céus de Teerão, provocando a morte a 176 pessoas. A República Islâmica anuncia que vai deixar de cumprir o acordo nuclear de 2015. O Presidente norte-americano avisa: o Irão nunca terá armas nucleares. Donald Trump patrocina acordos de normalização de relações entre Israel, arquirrival do Irão, e os Emirados Árabes Unidos, Bahrain, Sudão e Marrocos. Em finais de novembro, um cientista nuclear do Irão é assassinado. O Irão culpa os israelitas

JOGOS OLÍMPICOS E EUROS ADIADOS

Pela primeira vez na história, os Jogos Olímpicos foram adiados. O evento iria começar a 24 de julho, na cidade de Tóquio, Japão, no entanto, devido à pandemia mundial, tiveram de ser cancelados e adiados para o ano de 2021.

Apesar de nunca terem sido adiadas, as Olimpíadas já foram canceladas três vezes durante os seus 124 anos de história. Isso aconteceu em 1916, 1940 e 1944, períodos em que ocorriam as duas guerras mundiais.

Também o Campeonato Europeu de Futebol, Euro 2020, foi adiado para 11 de junho a 11 de julho de 2021.

INCÊNDIOS NA AUSTRÁLIA

No dia 23 de janeiro, cerca de um bilião de animais foram vítimas dos fogos florestais na Austrália. Foram perdidos 11 milhões de hectares de floresta e três bombeiros morreram num acidente de avião durante o combate aos incêndios, já declarados como dos maiores a nível mundial.

Os incêndios afetaram quase 18 milhões de australianos, o equivalente a 75% da população do país, afirmou um estudo publicado pela Universidade Nacional da Austrália.

PARASITAS GANHA O ÓSCAR DE MELHOR FILME

Pela primeira vez na história do cinema, um filme falado numa língua que não a inglesa ganha o Óscar de Melhor Filme.

Ao todo, o coreano Parasitas arrecadou quatro óscares: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional, Melhor Argumento Original e Melhor Realização (é também a primeira vez que um sul-coreano, no caso Bong Joon Ho, vence nesta categoria).

Texto: Inês Neves; Fotos: Redes Sociais e D.R.

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