Vítor Emanuel
O trabalho nas obras, o cancro na família e a depressão pós-divórcio

Nacional

«Quando dei conta não tinha mesmo mais nada»

Qui, 31/10/2019 - 17:00

Vítor Emanuel esteve na tarde desta quarta-feira, 30 de outubro, no programa das tardes da SIC, à conversa com Júlia Pinheiro. O ator falou dos últimos anos, em que enfrentou uma forte depressão, livrou-se de um casamento tóxico, viu a irmã ser operada de urgência a um tumor na cabeça e teve de fazer «um pouco de tudo» para sobreviver e dar de comer aos filhos.

Estes tempos, disse, foram injustos para o ator. «Acho que não merecia», desabafou. Tudo começou com um segundo casamento depois de um primeiro que durou 13 anos. «Foi o maior tiro no pé que dei em toda a minha vida. Estamos a falar de um tipo de pessoa… Se eu pudesse apagá-la da minha vida, apagaria. Não tem nada de interessante», atirou.

Sem identificar a ex-mulher, Vítor admitiu que esta lhe fez «muito mal», assim como aos pais do artista. «Eles tinham de ligar sempre antes de nos irem visitar e ela é que decidia se podiam ou não. Eu só soube disto mais tarde…», exemplificou.

A depressão que se seguiu é associada pelo ator à sua «decadência» enquanto «ser humano». Não chegou a ser hospitalizado porque foi «salvo à última hora», mas esteve um ano a tomar antidepressivos, ansiolíticos e [comprimidos] SOS para os ataques de pânico». «O que me foi explicado cientificamente foi que eu achei que [o divórcio dessa ex-mulher] estava resolvido e não estava. Eu tive muita revolta, muita raiva, muitas ânsias dentro de mim em relação àqueles quatro anos que vivi com coisas maquiavélicas», justifico.

«O mundo desabou»

A agravar o seu estado de espírito, Vítor Emanuel passou por uma situação económica precária, que o levou a fazer «variadíssimas coisas» e que derivou da falta de trabalho em televisão. «O mundo desabou. Não fui convidado para mais nada. Fiz os meus telefonemas (…) e as respostas deixaram de ser dadas. Quando dei conta não tinha mesmo mais nada», lembra, admitindo não entender como é que uma pessoa acarinhada pelos espectadores não é contratada por uma estação.

«Para sobreviver», esteve «um ano inteiro a trabalhar nas obras como servente, verão e inverno, a ganhar 30 ou 40 euros por dia, a agarrar baldes de 25 litros de entulho». Passou ainda por «lojinhas». «Aprendi muita coisa, fui muito feliz e muito bem tratado (…). Tive de me virar», admite, lembrando o pânico que, na época, sentiu ao ser convidado para ir a um programa da SIC: «Pensei que ia notar-se que tinha as mãos gretadas e com cortes. Foi um ano duro».

«Nunca pedi dinheiro a ninguém»

Pai de uma menina de seis anos e de um menino de dois, sublinha que o importante é que nada falte aos filhos, nascidos de uma relação com a atual mulher. Com trabalho na área comercial e um espetáculo itinerante ao fins de semana, ao lado de Luís Aleluia, vive agora «uma fase» em que consegue «pagar as contas». «Não devo nada a ninguém e meto comida na mesa para os meus filhos. Podia pensar, por exemplo, que vinha aqui ao programa e ia comprar uma roupinha nova. Mas não, não há dinheiro para roupinha nova», contou a Júlia Pinheiro, com quem trabalhou na Quinta das Celebridades, da TVI.

Para trás ficou ainda o tumor na cabeça que atirou, por duas vezes, a irmã para a sala de operações. «Pensei que ia perdê-la. Nestes casos, o trabalho ajuda. Por exemplo, com dinheiro, se calhar, a minha irmã não precisava ter estado à espera para fazer fisioterapia. Se calhar, o irmão podia pagar», chora.

Agora, quer apenas «voltar a trabalhar» naquilo que mais gosta de fazer: representar. «Nunca pedi dinheiro a ninguém, só quero trabalho. Não quero mais nada», conclui.

 

Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: reprodução redes sociais e Arquivo Impala

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