Sílvia Alberto
“Vai ser a minha década mais proveitosa”

Famosos

Aos 31 anos, apresentadora diz que ainda tem muito que fazer para ficar plenamente satisfeita com o seu percurso profissional e pessoal

Qui, 04/04/2013 - 23:00

Ainda não sabe o que lhe reserva a RTP, mas está convicta que os próximos anos serão os mais frutíferos da sua vida. Orgulhosa com o programa Não Me Sai da Cabeça, que gravou há um ano, Sílvia Alberto admite que tem sede de conhecimento e é uma eterna insatisfeita. Aos 31 anos, não pensa em ser mãe, apesar de estar feliz ao lado de Diogo Leite, que conheceu na Operação Triunfo, há quase dois anos.

VIP – Não Me Sai da Cabeça já foi gravado há algum tempo. O que acha do resultado final, que está agora a ser transmitido?
Sílvia Alberto – Tenho adorado. Nunca a RTP me tinha pedido para me desconstruir desta forma. Acho que quem acompanhou a minha carreira sabe que tenho este lado mais cómico, gosto de espreitar a área da representação, mas nunca de forma muito séria, porque não me vejo a representar, mas gosto de trazer este meu lado mais humorístico. Foi se calhar para a RTP uma novidade e para mim uma lufada de ar fresco. Descer dos saltos, ter conversas muito interessantes com os mais diversos artistas e gosto muito do papel de entrevistador, para mim é muito mais confortável estar desse lado do que ser entrevistada.

Foi feito com alguma tranquilidade…
Sim, porque começou a ser transmitido depois de ter sido terminado. Sou espectadora assídua desta nova grelha. Sei que chega numa conjetura difícil, não houve tempo, nem há capacidade financeira para promover esta mudança radical e é uma pena. Gosto deste novo canal, era assim que eu gostava de ver a televisão acontecer.

As audiências não têm acompanhado…
Existe um conflito imenso entre qualidade e audiências. Sabemos que é difícil remar contra a maré, mas o importante é termos a sensação que entregámos o melhor que conseguíamos. Claro que cada estação quer o público, mas às vezes é preciso estar do lado de lá, a fazer as coisas em que acreditamos, até que a música que era estranha se entranha e não nos sai mais da cabeça!

A música entra recorrentemente na sua vida, e pelos vistos não se importa nada…
É verdade, a vida sem música não teria a mesma graça. A música tem essa particularidade, vem direta ao coração, toca-nos simplesmente, adapta­-se a todas as energias, a todos os estados de alma.

As gravações de Não Me Sai da Cabeça terminaram há um ano, o que fez depois disso?
Gravamos o Top Chef que foi uma operação­-relâmpago, no verão. Foi muito violento, implicava 14 a 18 horas de gravações diárias. A televisão tem estas coisas, temos paragens obrigatórias, que também é cansativo, porque não há uma rotina, o que antes me agradava. Agora gosto mais de saber com o que conto, deve ser da idade, a rotina desse ponto de vista é confortável, mas não há volta a dar. Quando são gravados, os projetos necessitam de uma dedicação muito superior, desapareço durante os meses que estou a gravar, não há família, não há nada, mas depois há paragens, é assim mesmo.

Apresentar estes programas de culinária mudou a sua vivência gastronómica?
Essencialmente conheci um rol de profissionais extraordinário, em cujos restaurantes provo agora deliciosos pratos que antes se calhar não faziam parte do meu leque de opções. Percebi que a qualidade não é necessariamente cara, é possível comer bem sem gastar muito, e depois em minha casa alterei muito os tempos de confeção, aprendi muitas dicas.

Gosta de cozinhar, é bom garfo?
Sim, hoje em dia há pratos que faço muito rapidamente graças a eles. E sou filha de alentejanos, portanto tenho o meu apetite e não me contenho assim tanto. Às vezes controlo-me mais porque enjoo pelo excesso, do que propriamente porque tenho de perder peso.

Voltando à RTP, o que vem aí agora?
Não faço ideia.

Renovou o contrato…
…por dois anos, sim. Temos dois anos de trabalho pela frente. É motivo de satisfação saber que a estação pretende renovar, porque sei que como colaboradora o meu trabalho é regularmente avaliado. Agora estou ansiosa, com vontade de voltar ao ativo. Já discutimos várias ideias, não sei qual é que terá vencido, mas estou muito curiosa.

O que gostava de fazer?
Nunca parei muito para pensar no que gostava, porque nunca desenvolvi um projeto de autor. Se presto contas a uma direção de programas tento sempre aceitar aquilo que me é proposto. Para recusar tenho de ter fortes argumentos.

A maioria dos rostos da RTP teve uma redução salarial, como aceitou isso?
Todos os portugueses tiveram. Quando olhamos para as contas do País, percebemos que é um sacrifício necessário, sermos uma família mais controlada. Se calhar estamos a viver algo que achávamos que só acontecia nos livros de História. Eu que nasci nos anos 80, achava que as revoluções já foram, os conflitos já passaram, ou que acontecem porta fora. Mas se calhar estamos a tornar­-nos cidadãos mais interventivos e se calhar iremos mais às urnas. Acho que me tornei mais consciente enquanto cidadã, enquanto consumidora.

Já trabalha há muito tempo, o que a levou a ser independente tão cedo?
Sim, comecei aos 18, 19 anos. Tem a ver com a estrutura da minha vida. Havia uma necessidade muito grande de emancipação, sempre fui uma pessoa muito dinâmica, autónoma. E a realidade que tive enquanto estudava e trabalhava é a realidade que têm muitos jovem portugueses. Nem sempre os pais podem financiar o custo de uma formação académica. Gostava de ser independente e de sentir que era uma ajuda e não um peso, achava que já tinha idade para financiar os meus gostos e a minha formação.

Vivia com a sua mãe…
E com a minha irmã, os meus pais separaram-se quando eu era adolescente. Foram anos muito divertidos. Acredito que para a minha mãe e a minha irmã não tenha sido tão fácil, porque eu era a adolescente e a minha irmã tinha mais responsabilidades do que eu. Mas acho que não fui uma adolescente difícil, nunca tivemos de discutir notas… desse ponto de vista acho que até tive uma adolescência algo enfadonha.

Elas são os seus pilares?
Claro. A família e a minha vida privada são pilares fundamentais para mim. Por isso é que mantenho a vida privada o mais privada possível, até por respeitar aqueles a quem eu quero bem.

Mas o seu namorado, o cantor Diogo Leite, é uma figura pública…
Eu não vou falar da minha privada, mas posso dizer que sou uma pessoa feliz.

Sente-se realizada a todos os níveis?
Sou uma pessoa constantemente insatisfeita. Sou estruturada, organizada, mas não sei estar parada. Nas paragens estou a pensar em formatos, a escrever, tenho hobbies específicos. Fiz o 12.º ano em Artes e agora retornei a pesquisas de arte, cinema, música, bricolage. Acho que muitas profissões me passaram ao lado e eu teria sido feliz em várias dessas minhas vidas paralelas.

É uma eterna estudante?
Estudei Dramaturgia, depois comecei o mestrado em Teoria da Literatura, mas fiquei pela parte curricular, porque não conseguia. O prazer que me dá frequentar as aulas é ter novas ideias, estar com pessoas inteligentes, a tertúlia, não é a obtenção de um grau académico. Às vezes até faço os trabalhos fora do prazo, para ter o prazer de pensar sobre o assunto.

Não há a frustração de não terminar algo que começou?
Há sempre a frustração das coisas que deixamos a meio. Mas mais do que a frustração há prioridades e não posso fugir à área onde tenho desenvolvido a minha vida que é a televisão. Mas sim o mais certo é ser uma eterna estudante. Agora estou a pensar aperfeiçoar línguas…

O que está na sua lista de coisas a concretizar nos próximos anos?
Utopicamente, é imprescindível ser feliz. Não sei dizer o que preciso de fazer para ser feliz, mas com certeza vou trabalhar nesse sentido. Ultimamente tenho colaborado com a Médicos do Mundo, vejo resultados e isso dá-me enorme satisfação. Tenho 31 anos, se calhar cheguei tarde a esta consciência cívica, mas agora faz-me sentir bem, fazer coisas que realmente valem a pena.

E ser mãe, não faz parte dos planos? Não nasce um apelo da maternidade depois dos 30?
Não, depois dos 30 nasce a perseguição contínua de que o apelo da maternidade já devia ter chegado! As mulheres são mães cada vez mais tarde, sei que temos um défice de natalidade no nosso país, não estou a dizer que não vou contribuir, mas deem-me tempo, porque eu ainda não cheguei lá! Pode ser um certo egoísmo, mas para fazer as coisas gosto de fazê-las bem e não há meio caminho. Não posso estar medianamente satisfeita com o meu percurso, tenho de estar satisfeita e, portanto, ainda tenho muito que fazer. Dos 30 aos 40 vai ser com certeza a minha década mais proveitosa, porque estou mais consciente de mim e se calhar tenho mais capacidade de trabalho mais vontade de o fazer. Espero eu!

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e cabelos: Inês Franco  

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