Fernando Rocha
Uma família com humor

Famosos

Fernando Rocha admite que o riso, a mulher e os filhos o fazem feliz

Qui, 24/10/2013 - 23:00

O humorista Fernando Rocha a mulher Sónia Rocha abriram, pela primeira vez, as portas de sua casa e falaram, sem reservas, da sua vida pessoal. O casal, que mantém uma das uniões mais estáveis do mundo artístico, tem dois filhos, Diogo e Catarina.

VIP – Estão casados há 14 anos. Qual é o segredo dessa estabilidade?
Fernando Rocha – É lógico que temos as nossas pequenas discussões familiares, mas sempre nos demos muito bem. Em primeiro lugar antes de ela ser minha mulher é a minha melhor amiga. A Sónia quer mais depressa o meu bem do que o dela. E vice-versa. Acho que este é o segredo da nossa relação.

Sónia – O segredo foi nos termos conhecido e casado antes do Fernando ser uma figura pública. Temos uma relação forte.

São ciumentos?
FR – Nada, há muita confiança. Eu sei a mulher que tenho. A Sónia vive demasiado os problemas que nos acontecem e quando ela está triste sou o primeiro a dizer-lhe para sair. Ela é muito caseira e sou eu que a incentivo a sair. Há que saber dar espaço. Há amor, respeito, confiança e nunca o fantasma da desconfiança.

S – Ele também não é tão assediado como os cantores (risos).

Quem gere a casa?
FR – É ela, sem dúvida. Sou aquele tipo de marido que entrega o dinheiro à mulher. Só quero abrir o frigorífico e ter comida; ligar o interruptor e ter luz e abrir a torneira e ter água. Quem paga, não sei. Acho que se um dia tivesse que viver sozinho ficava sem luz (risos).

S – Sou eu (risos). Ele faz o que eu quero.

Quem tem a palavra final?
S – Sou eu, mas ele é um pouco consumista e quando quer alguma coisa chateia-me até ceder.

Como educam os vossos filhos?
S – Nunca nos desautorizamos.

FR – Eu sou mais severo. Exijo mais dos meus filhos, mas eles não dão muito trabalho. No início marquei muito a posição em relação à educação e isso deu frutos. Hoje tenho filhos que se portam lindamente e que são muito felizes. Eles sabem quem manda… Eu acho que o segredo para uma boa educação é definir limites. E nós temos de ser coerentes na definição de limites. Não pode haver um dia sim, um dia não. A criança tem de saber até onde pode ir.

Apoiariam os vossos filhos se quisessem seguir uma carreira artística?
S – Eu preferia que fossem por outro caminho, mas terão sempre o meu apoio, seja qual for a profissão que escolham.

FR – Já pensámos nisso. Seja qual for a carreira que os meus filhos escolham, ou a tendência sexual, eu só quero que sejam felizes. Tenho dois filhos bem diferentes um do outro. O meu rapaz gosta muito de futebol, de matemática e arquitetura. A minha filha gosta do palco e diz que quer ser cantora.

Quando casou era eletricista…
FR – A Sónia acompanhou todo este processo e sempre me deu apoio. Havia alturas em que ia fazer castings a Lisboa e ela ia buscar os últimos 50 euros para poder pagar as viagens. A Sónia é um ser humano fantástico. Se ela não estivesse ao meu lado eu não estaria onde estou.

O seu pai também esteve sempre ao seu lado nesses tempos de início de carreira??
FR – Desde o início da minha carreira que o meu pai me ensinou a ter os pés assentes na terra e a não esquecer as minhas origens. No dia em que o meu pai morreu, quando fui tirar a carrinha dele do lugar onde estava estacionada, estava lá um CD e um boné meu. O meu pai era o meu fã número um. Eu não digo isto por ele ter falecido, quem me conhece sabe que sempre fomos os melhores amigos.

Como está a ultrapassar essa perda?
FR –Tive uma perda indescritível. Amo a minha mãe, como e lógico, só que sinto que eu estou aqui para a proteger, a ela e à minha irmã. O meu pai estava cá para me proteger a mim. Era o meu porto de abrigo. A minha missão nesta vida é proteger a minha família, mãe, irmã, mulher, filhos e os meus dois cunhados. No dia do funeral teve de fazer um espetáculo.

Foi o mais difícil da sua carreira?
FR – Sem dúvida!? Estava anestesiado, mas sabia que era isso que ele queria que eu fizesse. Foi muito difícil. As pessoas não sabiam o que se tinha passado e acho que ninguém se apercebeu. Só no final é que o presidente da Junta explicou o que se tinha passado e porque é que o espetáculo tinha sido mais curto.

A educação que teve reflete-se na educação que dá aos seus filhos?
FR – Sem dúvida. Hoje faço com eles o que o meu pai fazia comigo. Quero que os meus filhos olhem para mim um dia como um superpai.

Profissionalmente o que é que ainda não fez e gostaria de fazer?
FR – Gostava de fazer novelas. Eu costumo dizer: um humorista é um ator, mas um ator não é um humorista. Para mim, os melhores atores deste país são o Ruy de Carvalho e a Eunice Munõz e nem um, nem outro me consegue fazer rir (risos). Já fiz cinema, teatro e televisão e adorava experimentar telenovela.

Como ocupa os seus tempos livres?
FR – Há dias temáticos na minha casa. Há, por exemplo, o dia da consola com o meu filhote Diogo. Jogamos FIFA juntos. Com a minha filha há o dia em que ela decide quase tudo. Começa de manhã com o pequeno-almoço em que ela define onde o vamos tomar. Depois levo-a ao cabeleireiro e fico à espera como se fosse o namorado dela.

Era o brincalhão da turma em criança?
FR – Da turma, da rua e da família (risos).

A vida de artista chegou sem que tivesse pensado verdadeiramente nisso…
FR – Não mesmo. Quando era pequeno o meu sonho era ser arquiteto. Como era um baldas, a certa altura não quis estudar mais e o meu tio, que era eletricista, convidou-me para trabalhar com ele. Depois de dois ou três meses aprendi a montar quadros elétricos, algo que é complicadíssimo de se fazer. Era preciso pôr os neurónios a trabalhar e era um desafio.

E como surgiu o artista Fernando Rocha?
FR – Eu sou muito ambicioso. Depois de ter aprendido com o meu tio percebi que ele tinha de pagar a um engenheiro eletrotécnico para lhe assinar os projetos das obras. Surgiu um curso do Centro de Emprego que permitia assinar projetos de prédio com o máximo de três andares. Inscrevi-me fiz o curso. A CP decidiu contratar um dos 16 alunos do curso para trabalhar lá. E fui escolhido.

Mas e o humor?
FR – Nessa altura, a TVI fez o concurso de anedotas Ri-te, Ri-te. Ganhei o concurso entre 700 candidatos. Quando cheguei ao meu emprego, um colega pediu-me para ir contar umas anedotas no bar do filho dele, que estava com má fama. Levantar um bar com má fama não é fácil, mas lá fui eu. Fui a uma quinta-feira e quando cheguei lá tinham publicitado que iria ser presença semanal no bar sem eu saber (risos). Foi quando me disseram que me iam pagar 15 contos por noite, o que dava 60 ao fim do mês. E eu recebia 120 na CP era meio ordenado a trabalhei só uma vez por semana.

Foi quando começou a ser assediado pela concorrência?
Foi (risos). Um bar ao lado fez-me uma proposta muito melhor. Ofereceram-me o dobro para ir para lá, sem saber quanto é que eu ganhava. Disse-lhe que não, pois tinha- me comprometido e nada me faria voltar atrás. Mas foi um choque perceber que poderia ganhar mais a trabalhar uma só vez por semana do que a fazer oito horas de trabalho na CP.

Foi o clique para o arranque da sua carreira?
FR – Foi, porque me pôs a pensar. Comecei a receber 120 por cada espetáculo.

Ou seja decidiu mudar de profissão?
FR – Sim, comecei a apostar no humor e hoje é a esta vida que me dedico com paixão.

Texto: Cintia Valente; Fotos: Bruno Peres; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Profissionnel

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