Rui Terra
“Tive fases sem dinheiro no bolso”

Famosos

A celebrar dez anos de carreira, o relações-públicas partilhou com a VIP um percurso que nem sempre foi feliz, mas do qual se orgulha

Sex, 16/11/2012 - 0:00

 De gargalhada fácil e conversa fluente, o relações-públicas foi entrevistado para a VIP no Porto, cidade onde não nasceu – é natural de Moledo –, mas na qual começou a sua vida profissional.

Direto e sem “papas na língua”, Rui Terra falou do percurso, nem sempre feliz, que tem vindo a trilhar ao longo de dez anos. “Tive fases em que não tinha dinheiro no bolso. Não havia dinheiro!”, revelou, fazendo uma comparação com o início da sua carreira, quando tudo era dinheiro em caixa: “Quando cheguei ao Porto, comecei a organizar umas festinhas e havia dinheiro para tudo, era fácil e garantido. Mas em 2008 as torneiras do marketing e publicidade foram as primeiras a fechar. Tive que reduzir a minha equipa de trabalho e foi muito complicado.” Ainda assim, e apesar das dificuldades e da vontade de deixar o Porto e voltar para Moledo, decidiu continuar a trabalhar, até porque acredita que esta crise que se instalou “veio purgar” o métier: “Se antigamente as pessoas confirmavam a presença e não apareciam e nem se preocupavam se a organização custava dinheiro (porque tudo custa), hoje em dia, como não há eventos, está tudo à espera que o telefone toque com um convite. Há muita crueldade nisto tudo. Se fazes muitos, és muito bom, se um corre mal….”

Apesar das contrariedades, não consegue fazer outro balanço deste percurso que não seja positivo. “Parece que foi ontem. Ainda que os últimos três anos não tenham sido bons – mas também não o foram para ninguém –, faço um balanço positivo e com muita sorte”, afiança, até porque garante que também aprendeu a fazer melhor a triagem de quem tinha ao seu redor. “Depois dessa fase, percebi que tinha muito poucos amigos e por minha culpa, porque os que o quiserem ser, eu achei que não valiam a pena, e os que eu achava que valiam a pena foram os primeiros a abandonar o barco, tipo rato de porão”, disse sem receios, mas confirmando a acusação que lhe é feita de ser o relações-públicas que escolhe as amizades conforme a carteira e o aspecto. “É verdade! Nesta fase já não vamos à procura do gordo pobrezinho. Se puderes ter uma amiga magra, gira e rica, melhor ainda. Se já tens o teu grupo de amigos que te fazem falta, para conhecer gente nova então mais vale a pena que tenha os requisitos que te podem sem úteis.”

Se 2008 foi para Rui Terra um ano terrível, 2011 veio mostrar-lhe que existe uma luz ao fundo de cada túnel. A dele acendeu-se e originou a campanha “I Help with My T-shirt and You?”. “A minha função na qualidade de diretor de Marketing e Fundraising da CV do Porto/Matosinhos é angariar dinheiro para a instituição. Antigamente havia uma caneca em barro, mas eu pensei nesta box com T-shirts desenhadas pelos meus amigos Nuno Gama, Miguel Vieira e Anabela Baldaque, apresentei a proposta à Cruz Vermelha, tive um grande apoio da TMN, da Radio Comercial e também da comunicação social. O que começou com uma brincadeira, de vender umas T-shirts no Porto, estourou. Foi bárbaro. E, depois, saber que tudo isto vai dar uma bolada de dinheiro para manter postos de trabalho, cadeiras, camas articuladas, cestas básicas… estou felicíssimo com este projeto!

Com este novo fôlego, voltou a apresentar uma proposta ao Porto Canal, onde esteve praticamente quatro anos, para poder passar a experiência e humildade que garante ter absorvido: “Eu tinha um bocadinho a mania que queria, podia e mandava… levei um banho de humildade! Sem dúvida! Tinha o programa das manhãs no Porto Canal, o programa de rádio, a empresa de relações públicas, achava que podia tudo, e de um momento para o outro fiquei sem nada.” E mesmo garantindo que nunca chora, acabou por confidenciar que nesta fase provou das suas lágrimas, por ter caído no esquecimento de quem não contava. “E isso não esqueço. Há certas pessoas que são umas cabras e não estão esquecidas (risos), ou não fosse eu Escorpião. O Rui Terra ficou sem o programa, perdeu um cliente e tu vês nitidamente que estão a fugir. Agora, que voltas a ver essas pessoas a quererem regressar… Isto consome-me. Para que serve ter um amigo há dez anos se não te pergunta se estás bem?

Aos 28 anos, uma década após a primeira festa, garante que voltou com tudo e acumula as funções na Cruz Vermelha com a direção da GLED, um Guia de Lazer, Espaços e Design. É ainda relações-públicas do OPO – Club & Lounge e está a desenvolver projetos para marcas como a Matinal, TMN e a loja Prassa.

Texto: Carla Simone Costa; Foto: Luís Baltazar; Produção: Zita Lopes; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel

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